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23 de abr. de 2008

O Vinni que eu conheço.

Vinícius em auto fotografia em 22-02-2008Vinícius em auto fotografia em 22-02-2008.

Sei que o que eu estou fazendo é apenas uma tentativa. Não consigo imaginar o que devo escrever a seu respeito, principalmente porque nós não nos conhecemos tanto assim.

Estou escrevendo porque preciso. É a minha maneira de tentar lhe chamar de onde você está. Minha alma tenta contato com a sua. Creio que o que estou fazendo é como jogar uma isca de pensamento, dourada de sentimentos bons para alcançá-lo nesse limbo que chamam de coma.

Estou só usando todas as minhas possibilidades de elevar meu pensamento à sua potência máxima: desenho, escrevo, escuto música, contato amigos para fazer uma corrente em seu favor. Busco Deus em mim e peço que ele o encontre, pois também está em você.

Já ouvi, já escrevi, já li, diversas vezes sobre o silêncio e seu poder especial de nos colocar em um estado especial de mente e espírito. E recorro à ele, também.

O cérebro consegue desenvolver melhor quando utiliza mais de um sentido do corpo: vejo uma foto sua, você tocando no youtube, as fotos que você tirou por puro narcisismo. E, como numa enxurrada de emoções, a mão segue as determinações dessa força e vai digitando o que vai acontecendo, como a dizer dessa saudade, dessa vontade de poder ralhar com você, de abraçá-lo a dizer 'que bom que você está de volta fdp', e o palavrão só vai significar o textual, uma palavra muito potente, forte no que transmite: pura expressão de amor e amizade.

Não acreditar que estamos ligados a tudo no mundo é uma opção que não é minha mais. Creio no Uno, no indivisível que habita todas as partículas do universo (tal como em mim e em você).

Creio no poder da força máxima desse universo, criadora, reparadora, motriz, potencializadora: a do amor. E há, sim, nesse instante um fluxo contínuo desse amor atravessando perpassando mundos que sequer imagino existirem para alcançá-lo, inundá-lo, onde quer que seja a sua habitação nesse momento.

Há algum tempo você passou a fazer parte da minha vida, por conta de afinidades com o mundo musical: você é baterista e eu sou um simples produtor indo ao último ensaio antes do primeiro show da sua banda.

Como eu disse - me pareceu o fim do mundo (acho que deveria colocar aqui o rsrs, ou ahhahah). No entanto, vocês se saíram bem para principiantes.

Depois a gente se encontrou num momento seu de descoberta de novos mundos. E, por conta de uma brincadeira que eu fazia com colegas, ao passar, você foi incluído e, por 'pagar cofrinho', teve a cueca puxada pra cima (os homens que já sentiram isso sabem que incomoda). Mas você estava tendo o seu vôo particular e se foi.

Na semana seguinte se incluiu no nosso grupo com facilidade e felicidade - um novo modo de experimentar coisas novas.

Foi então que, cheio de dúvidas quanto à vida, ao seu potencial e ainda assim, cheio de sonhos e previsões para si mesmo, para as suas bandas atuais e futuras, você me buscou.

Hoje rio um pouco da sua ingenuidade, mas alguns de seus pequenos truques de marketing (gas mask toy) funcionaram e já deixam marcas de reconhecimento nos ambientes frequentados por você.

Teimosia creio que sempre foi a sua marca registrada, assim como a vontade de se expressar e de se descobrir.

Você faz as coisas, em alguns momentos, apenas para dizer que fez; outras, por que não consegue deixar de fazer algo inusitado: seu desejo de novidade também lhe caracteriza muito bem. Ousadia, portanto, não lhe é uma palavra indiferente.

Nas suas palavras, muitos pensam conhecê-lo bem. Não ousaria dizer isso, mesmo depois das longas conversas que tivemos, das considerações com relação às suas visões autocríticas e da minha eleição como um parceiro, amigo e confidente.

É que todos precisam desabafar - e você percebeu isso - então _'Melhor ser com um amigo psicólogo'. Eu ri e refutei: _'Não posso atender aos amigos, como psicólogo, apenas como amigo'. Você riu, brincou com esse conceito _'quer dizer que você consegue se dividir em dois?' e eu filosofei: _'Sou múltiplo, por natureza'. E rimos mais ainda.

Gosto de recordar do desafio que eu fiz num momento seu de baixa estima, numa casa de show em São Gonçalo: vá dar uma volta e não me volte sem uma história de beijo pra contar. E não é que você voltou feliz da vida?

Pensei em algo nesse instante. E me respondi: não, o que eu estou fazendo não é contar a história de alguém que se foi, é apenas acender boas marcas, como as histórias que contamos das aventuras que temos na vida. Nos torna mais vivos ainda.

E estar vivo é estar em luta, diariamente. Cada um com a sua. Cada um com seu cada um, dizia-me o mestre Ubiracy.

Então, como eu tenho uma porção de atividades pra fazer hoje, vou parando por aqui. Já enchi a sua paciência demais, por enquanto. Volto em outro momento para encontrá-lo aonde quer que você esteja, porque ainda acredito que Amigos São Amigos Pra Sempre.

Abração e Cai na PAz!

Wellington de Oliveira Teixeira em 22-04-2008.

Dois dias após esse texto o Vinni faleceu.
(20 junho de 1989 a 24 de abril de 2008)

2 comentários:

Anônimo disse...

O tempo acalma... mas às vezes bate uma grande saudade...

Unknown disse...

Lindo texto!
A saudade é o ponto máximo que atingimos do Amor.