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17 de jan. de 2014

Impronunciável

Revolução amorosa, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 11/01/2014
Revolução amorosa, criado em 11/01/2014.

Uma Revolução Amorosa não pode se servir de armas, batalhas, jamais promoveria uma guerra, nunca derramaria uma gota de sangue. A Revolução Amorosa que imaginamos aproveita a Revolução Sexual iniciada há meio século para ir além do corpo exposto e eroticamente ativo. Quer chegar à alma e abrir as defesas que nos impedem de amar de modo amplo e intenso. A trajetória é desenvolvida por exercícios emocionais que questionam condutas e valores morais, substituindo-os por referenciais éticos. Uma ginástica afetiva que gradualmente substitua a moral pela ética pode representar tempo e espaço estendidos e suficientes para que nos aproximemos da Era Amorosa.
(Joaquim Z. B. Motta - A Moral do Amor - da Revolução Sexual À Revolução Amorosa


A experiência da vida é algo extremamente sutil*, não apenas por ser uma apropriação única de vivências. O toque do que nos escapa, do intangível e das considerações sociais pode tornar-se um fardo. E pesado.

Viver o silencioso mundo do oculto e abrigar a terrível missão da omissão, em si, já desconstrói qualquer fortaleza e corrói os escudos defensivos projetados pela razão.

Não é apenas uma questão de valoração. Certo ou errado - a maioria das vezes, neste caso - é apenas reflexo de uma moralização do encontros.

Acontece que a proposição de vivência compartilhada é singular, principalmente se incluir o obscuro mundo dos desejos, aspirações e pirações que a fantasia do viveram felizes para sempre produz.

É provável que seja possível desgrudar o desejo de ter prazer da fantasia do relacionamento perfeito e da apropriação do sentimento do outro. Para alguns que consigam, deve ser a chave para um respeitável modo de associação. Algo como aquela construção social do após a chama da paixão a amizade sustenta.

Ponderar o quanto há de disponibilidade, em si mesmo, para além de aceitar a trajetória do outro e permitir-se o alegrar-se com o caminho que ele percorre, o fazê-lo de forma abnegada e tranquila vivenciando isso sem intromissão dos próprios anseios, é algo que pode ser considerado uma tarefa impossível. Talvez, por isso muitos encaram esperançosamente o desafio. Um 'vamos ver no que dá' quase que inconsciente.

Como tudo na vida, provoca um desgaste. Só que, desta vez, na superfície da alma. E não é de forma alguma imperceptível ou desprezível. Muitos degeneram. Muitos perdem sua propriedade. Muitos se descaracterizam a ponto de não mais encontrar seus referenciais próprios: sucumbiram ao outro e ao seu desejo.

Uma questão que precisa ser solucionada é a de em que medida o confundir-se com o outro, o integrar-se ao outro e a entrega de si não despersonaliza.

Alguns, por conta de um determinado reforço social, não se ressentem da perda de si: autômatos em prol de fazer funcionar um relacionamento, esquecendo que não há relacionamento quando apenas uma parte cede, abre mão ou se abnega. Isso ficou claro nos relacionamentos constituídos durante os últimos séculos.

Como fruto da premissa da negação de si, juízes do comportamento alheio. Julgadores de práticas diferenciadas, mesmo quando escamoteado pelo verniz do desejo do melhor para alguém.

O mundo das relações não é mais o mesmo: as novas construções são determinadas pela exigência de equilíbrio entre as necessidades individuais e as do relacionamento e não há mais o temor do afastamento quando isso não ocorre.

A rejeição aos ditames morais que desqualificavam os que se separavam é algo que se estabeleceu em função de um desejo de encontrar, ou ver alguém amado encontrar, a felicidade compartilhada.

Mas alguns casos ainda não chegaram a receber o benefício dessa nova prática. Ficam escusos, ficam malogrados num gueto de relações indizíveis e se sustentam no apesar de, numa coragem de sobrepujar o imposto, o predeterminado.

Mas, mesmo entre esses, é possível aplicar essas reflexões: todos carregam muito de séculos de representações oficiais. A construção do novo não acontecerá do nada e nem será um decreto que acabará com as regras anteriores.

Sem questionar as diferenças, nem me prender a nenhum conceito pre-estabelecido, me permito avaliar o que percebo, o que vejo, o que não vejo mas surge e se expressa no apesar de. Talvez minha prática como psicólogo ou pensador seja algo a que não posso escapar. Talvez a minha vivência compartilhada seja um elemento provocador. Talvez haja tantos 'talvez' que eu me perca na tentativa de elencá-los, simplesmente para tentar justificar um texto, uma proposição, uma provocação das coisas que quando me pegam e não me soltam me levam às últimas consequências para tentar falar o impronunciável.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 17 de janeiro de 2014.

* A vida tem notas como de perfumes.
Perfumes são como fogos de artifício e sua graduação: explode com as notas de cabeça (o detalhe marcante do primeiro segundo), enriquecendo seu efeito com as notas de coração até que as notas de fundo o mantém como um rastro em nossa recordação.

3 de jan. de 2014

Mexicaninha

Mexicaninha, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 02-01-2014
Mexicaninha, criado em 02-01-2014

'Não importa o que faça,
cada pessoa na Terra está sempre representando
o papel principal na História do mundo…
E normalmente não sabe disso.'
(O alquimista - Paulo Coelho)


Essa é a primeira postagem desse ano, e quero dedicá-la a minha sobrinha Debora Cristina (minha mexicaninha).

Iniciei 2014 acertando-a com a rolha de um proseco (acreditem!), com isso, acredito que... bem, ela já ficou marcada para o novo ano, né? *

A intenção, apesar da falta de mira, como sempre, era só chamar a atenção para o fato de que eu torço para que esse seja 'o ano' para ela: construído com o que há de melhor da vida, o amor.

Ainda bem que ela faz aniversário logo no início do ano e vou tentar me redimir fazendo algo além das desculpas pedidas na hora.

A Debora possui um tipo peculiar de humor: o veloz. Passa de um estado emocional para outro em milésimos de segundos - entenderam porque o apelido que lhe dei?

Para nós que a acompanhamos desde pequena, um dos piores momentos foi vê-la passar por um problema de pele complicado. E, talvez por isso, uma das maiores satisfações foi vê-la superar a doença.

Tem crescido e amadurecido muito nesses últimos tempos, está construindo a sua carreira profissional, noivou e está se programando para o casamento.

De menina comunicativa, avoadinha e geniosa, que não perdia uma festinha, vejo-a repartir seus interesses com mais sabedoria. E, como já demonstrou, aprendeu a ser a anfitriã cuidadosa com todos, o que (não me bata!) não foi exatamente nos seus 15 anos (queria que ela ouvisse a risada que eu dei quando escrevi a frase anterior!).

Como nesse texto, nossa comunicação é direta, verdadeira; o prazer de estar junto é real e constante; o carinho é via de mão-dupla. É um orgulho ser tio de uma pequena como essa. [viu? eu não chamei você de baixinha!]

Agora que dei uma descrição da pessoa, queria que vocês reparassem em elementos (parte superior da ilustração acima) como um rosto sorridente, braços bem abertos e a palavra sempre. Outros detalhes (no meu modo louco de expressão) como caixa de som, flores, pássaros voando - que tem ao fundo um trilho - são elementos para dizer que meu desejo é que o caminho dela tenha o que ela gosta: musicalidade, leveza, que tudo seja muito colorido e alegre para que, se tudo servir, ela vista a carapuça (ou será um sombrero?).

Com um carinho imenso, eu lhe desejo um feliz aniversário, minha linda!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 03 de janeiro de 2013.

* Não jogue fora a rolha, não, hein!