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31 de dez. de 2008

Ano novo, detalhes novos.

Ame e se Deixe Amar criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 22/12/2008
Ame e se Deixe Amar, criado em 22 de dezembro de 2008.


"Ela se virou para o lado em que brilhava o sol.
Atrás deles, ficavam a dor, a morte e o medo;
à frente deles, a incerteza, o perigo e mistérios inimagináveis.
Mas eles não estavam sozinhos."
Phillip Pullman - A Bússula de ouro.

Não é sempre que nos damos a chance de perceber que ao nosso redor exitem muitas transformações ambulantes, além daquelas que costumeiramente observamos.

Também não é sempre que observamos àquelas que ocorrem em nós mesmos ou naqueles que estão mais próximos de nós. Aliás, quanto mais próximos, menos vemos - que paradoxo, não?

Há uma certa disfunção na percepção, nesse caso, normalmente atribuída ao hábito, que bloqueia pequenas transformações e mantém a imagem global que permanece.

Parece que estamos estruturados para não perdemos muito tempo com detalhes pequenos. Talvez o cérebro use, nessas horas, algum mecanismo como o da figura e fundo em que você observa algo e tudo ao redor quase desaparece da atenção.

Porém, em alguns momentos como as datas especiais esse mecanismo parece ser desabilitado e a nossa atenção se aguça. Nesses momentos, se nos permitimos, notamos um leque de transformações que ficaram despercebidas por algum tempo. Então, supresas acontecem!, nos deparamos com fatos inusitados em alguém, nos chocamos com alguns detalhes em nós. Você sabe: uma vizinha se mudou, a criança da frente adolesceu, um sobrinho espichou, uma ruga apareceu… E é hora de refazer o repertório mental das coisas e pessoas ao nosso redor.

Talvez seja esse o motivo do costume de festejarmos a entrada de um novo período de tempo: fazemos isso com datas (dias, semanas, meses, anos), com aniversários (nascimento, noivado, casamento), inclusive com os dias mais comerciais (das mães, dos pais, dos avós, das crianças), sem falar das novíssimas paradas em datas das atitudes raciais (negra, indígena) e sexuais (gay, lésbica, bisexuais, travestis, transexuais, e sei lá o que mais!).

Arrisquei, então, verificar o caminho de algumas transformações e quase não consegui perceber o que disparou o que. Aquele algo ou situação que desencadeou aquele acontecimento ou mudança, a não ser em algo que foi realmente marcante. E, como marcante é algo muito individual, creio que devo ter deixado passar muita coisa.

Por isso, resolvi escrever esse texto para, de certa forma, desculpar-me com todos aqueles com quem não fui perceptivo o suficiente para notar as conquistas, o novo visual, a nova idade. Especialmente, àqueles que não felicitei a data comemorativa (por que inventaram tantas?).

Tento me redimir me fazendo promessas e dizendo (como em todos os anos, é claro!) que farei tudo melhor neste novo, que conquistarei todas as montanhas, que conseguirei me lembrar de todos aniversários, etc, etc, etc.

Quem sabe esse não seja o ano mais especial da minha vida? Um mundo em construção não é algo a se desprezar.

Boa idéia essa, não é?

Um brinde então!


Wellington de Oliveira Teixeira, em 31 de dezembro de 2008.



* Minha homenagem póstuma a dois amigos e companheiros de viagem que foram fazer vôos solos em uma outra dimensão: O Vinni e o Cláudio. Continuo amando vocês, meus guris!