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28 de set. de 2008

o diabo também é um anjo

Anjos de tipo diferente, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 28/09/2008
Anjos de tipo diferente, criado em 28/09/2008


E não é maravilha, porque o próprio Satanás se tranfigura em anjo de luz.
Bíblia - 2 Coríntios 11:14.


Não é sempre que conseguimos, mas por que não ter como alvo a transparência das emoções, a expressividade na beleza ou na feiúra dos atos, a plenitude do ser, sempre procurando, simultaneamente com isso, evitar o enfraquecimento de quem quer que seja?

As forças que vamos conquistando durante a vida são produto da experiência adquirida de muitos, em sua maioria difíceis, momentos e encontros que fazemos.

E guardados, como segredos em nossos corpos, um grupo de marcas e de sinais nos caracterizam, nos individualizam, geram a memória de um ente e historicizam uma partícula do universo - nós mesmos.

E, pano de fundo que se quer figura principal, um embate entre conceitos, preconceitos, defeitos perfeitos, um letreiro que propagandeia uma máscara que se gruda ao rosto, um resto de nós nunca desfeitos, um algo novamente velho de mente: o nosso viver demente.

Seguindo o traçado de um caminho pré-determinado, um modelo que enclausura, embota, nos empurra para um não-ser repetitivo igual a uma corrente de água em descedente correria: queda após queda.

As pequenas irrupções que conseguem alcançar a superfície já doente são cada vez mais minúsculas tentativas de expressão, signos de uma pressão, mas que não sai do sub, está sob: um pálido sonho de estar sobre os impedimentos e se mostrar.

Um poderoso mecanismo de captura das verdades individuais se perpetua, através dos seus companheiros de jornada, em olhares desviados, de sorrisos escondidos e de irônicas, mas verdadeiras, boas-vontades de todos. Sejam os amores que nos tomam para si e nos cobram por isso a nossa própria vida ou os ódios que nos aprisionam a acontecimentos, pessoas, frustrações e nos paralisam.

Como muitas coisas na vida, vemos passar e ir embora. Não desfrutamos, não aprendemos, não compartilhamos. E ficamos no eterno não, não, não. Não e não.

E quase sempre esquecemos que o diabo também é um anjo. O detalhe que diferencia é que, mesmo nas horas de mostrar a sua face mais terrível, os anjos se expressam plenos. É o diabo quem finge ser o que não é para obter a aprovação e conquistar seus objetivos.



Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de setembro de 2008.


* O preço a pagar-se por expressar plenamente a verdade de um ser é diretamente proporcional à imbecilidade de uma sociedade.

26 de set. de 2008

Noite de paz

Noite de paz, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 28/09/2008
Noite de paz, criado em em 26/09/2008.


E buscar-me-eis e me achareis,
quando me buscardes de todo o vosso coração.
(Bíblia, Jeremias 29:13)

Como se definiria, nos tempos atuais, a paz?

Creio que no passado talvez dissessem 'Rapaz, isso dá os panos para a manga!'. Hoje, quem sabe, um 'brô, deixa quieto, isso é frenético!'. E eu estou mais para a intersecção entre o que era e o que é. Um pouco passado, é verdade, aos quase 47 e ainda fazendo avaliações quase-previsões sobre um possível futuro bem próximo.

Caminhando por novas realidades que se constróem no dia-a-dia e cuidando não deixar de me expressar em cada ato; buscando atitudes condizentes com um cidadão de um universo ainda tão desconhecido como esse meu eu e, esse tudo a que pertenço, fragmento que sou.

Falando assim, parece-me que fiquei um tanto quanto esotérico. O que chamei de Deus se ampliou tanto, é tão maior que meus conceitos juvenis e tão verdadeiro quanto, em medida tão apaixonante quando me perspassa nos atos que manifestam o amor.

Absurdo para mim é como chamam alguns de mundinho esse espaço tão incrivelmente maravilhoso, a Gaia-Terra, mãe de tantos seres, que expressa imenso amor por todas as suas criaturas, alimentando suas almas, corpos e espírito, nutrindo o campo de possibilidades dos encontros que organiza a vida e permitindo os gestos mais vis, vãos, valendo-se apenas da atitude pedagógica onde o que se faz tem conseqüências.

Agrado-me de ver as crianças paradas, correndo, brincando, rindo, chorando, na verdade de suas expressões. Egoístas, sim, mas também tão generosas. Essa pura expressão de si é algo que me encanta, me faz avaliar as minhas próprias expressões tão impróprias, por vezes.

Chove lá fora e faz frio também. O céu está cinzento e coberto com uma pequena névoa. E eu quero vê-lo belo, como o é. Mas esbarro nos meus preconceitos a respeito: se não está azul e com sol radiante, não é belo.

E me digo, não o é pra quem? Em quantos lugares do mundo não é este o cenário que tantos fazem preces para ter? Não é a sagrada queda de água do céu que virá a alimentar a terra sedenta e os corações dos plantadores e cultivadores? A mesma que vai gerar os oasis das áreas desérticas e ressequidas? E silencio aquela fala anterior e digo Obrigado à esse ser infinito em tudo e em mim.

Ainda gosto muito do olhar adolescente que carrega a chama da vida e faísca com um fogo interior e invade outros olhos como os meus e os incendeia também. Bom ver como a vida os toma por inteiro, como são invencíveis quase imortais. Apaixonados que são, intensivos e completamente irresponsáveis nos seus gestos de amor. Tudo muito lindo, não importa o quanto digam ser perigoso.

Sou fã daqueles jovens adultos que descobrem seu poder de dirigir a própria vida não com a razão castradora da emoção, que apenas forjam uma aliança entre elas de modo a poderem ter os seus bons momentos nas condições mais favoráveis. Principalmente dos que nunca deixaram de lado os seus sonhos e acreditam nas ilusões por puro exercício de vontade de vida para além da vida, que olham para ver o para além das coisas, que captam a essência do momento e sabem que ela pertence àquele momento e não a mais nenhum e, por isso, o eternizam em si mesmos.

Ouço com muito cuidado aqueles senhores e senhoras que cuidam dos netinhos como um presente do universo e se permitem ser permissivos e pervertedores das ordens paternas para proporcionar alguns momentos de pura infantilidade para eles. E olho com atenção os que estão nas praças jogando damas, xadrez, dominós, cartas, mantendo seus relacionamentos em dia, conscientes das capacidades de seus corpos nesse momento e respeitando-as e aos seus limites. E me admiro com aqueles que trazem para o seu lado os mais novos e os colocam em contato com esse mundo maravilhoso e divertido dos jogos e por puro egoísmo, pelo prazer que proporcionam a si mesmos, os deixam ganhar algumas partidas, além daquelas que a sorte do principiante vem ofertar.

Mais ainda, me maravilho com a sabedoria, poder e amor de alguns que são os que fazem da vida um lugar belo para muitos outros; os que se dedicam à tarefa de criar as condições de aprendizado para todos; os educadores da alma que mostram o quão ilimitados somos todos nós e nos incentivam a expressarmos isso nos ultrapassando em todos os momentos; os que vêem o tudo em todos; os que provocam o desejo de liberdade e os vôos de coração, que amam plenamente e, por um algo indescritível que trazem ou construíram dentro de si, se doam à vida.

E, num certo sentido que busco dar a tudo isso, acredito que resumindo esses movimentos-sentimentos na palavra paz eu consigo passar um pouco adiante a força que atravessa o meu momento no instante em que recordo a noite anterior. Certamente, uma noite de paz. E, como me acostumei a dizer, eu Caio na PAz.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 26 de setembro de 2008.

* Se eu morresse hoje, iria feliz por ter conseguido escrever esse texto.