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26 de jun. de 2011

Ser o único a acreditar

Refratar-Refletir, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 26/06/2011Refratar-Refletir, criado em 26/06/2011

É típico do futuro ser perigoso...
Os principais avanços da civilização são processos, todos eles,
que destroem as sociedades em que ocorrem.
(Adventures in Ideas - Alfred North Whitehead)

É algo difícil ser pioneiro, ter ideias inovadoras, criar novos costumes, construir pensamentos e estruturas fora do modelo padrão. Crer é tão ou mais difícil que esses.

Não é incomum a valorização nas referências históricas, nas parábolas, nos mitos antigos e modernos, nos contos de fadas, de personagens da vida ou de um conto que, de alguma maneira, tornaram-se primeiros em um determinado campo de pensamento ou em prática de vida.

No afã de tornar única a sua forma de agir e pensar, os preservacionistas fazem de tudo para calar qualquer outra voz que se erga apontando uma nova perspectiva ou direção: para a manutenção da tradição como única forma de ação, valem-se de toda forma de recursos, e a memória da história humana está cheia de ações, principalmente as belicosas, que comprovam essa tese.

Na contramão deles, com bravura ou perspicácia, foram muitos os que conseguiram escapar às suas tramas e tramóias e nos trouxeram a um novo patamar científico e social.

Resolvi focar aqueles que nos inspiraram a fé e as práticas beneficentes e aqueles que sobrepuseram o interesse coletivo aos seus próprios, principalmente os cientistas e os educadores que conseguem olhar o campo de possibilidades adiante como metas a serem alcançadas, como desafios a serem vencidos e como obstáculos a serem superados.

Desisti de escolher um bom exemplo, que era minha ideia inicial, quando fui me lembrando de uma imensa lista de pessoas ousadas que, mesmo pagando o preço da inovação com a própria vida, seguiram em frente e se tornaram ícones para todos no presente, e, quem sabe, no futuro.

Resolvi desafiá-lo a fazer um pequeno inventário, incluindo pessoas próximas e distantes, famosas ou anônimas, e mostrar de algum modo a sua gratidão por eles. E para dar o pontapé inicial, fiz esse texto.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 26 de junho de 2011.

* A imagem que produzi, veio da ideia de luzes se refletindo e se refratando, tentando ultrapassar os obstáculos: vidros, chuvas, rios, mares, poças, espelhos e o que mais se apresentasse.
* Hoje é o aniversário do meu sobrinho Raphael, então, esse texto vai pra ele. Parabéns, meu guri!

15 de jun. de 2011

O choque

O choque, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 14/06/2011
O choque, criado em 14/06/2011

Não estejais inquietos por coisa alguma;
antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,
guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.
(Bíblia - Filipenses 4:6-7)

O dia-a-dia é aquele mestre que prega peças em seus alunos: de vez em quando dá uma prova surpresa e, é claro, pega quase todo mundo desprevenido.

Em alguns momentos, faz-nos sentir que as portas começaram a se fechar, as cores a desbotar e a vida a murchar.

É algo muito estranho: o positivo pode tornar-se negativo e, com isso, levarmos um choque.

Bichos soltos esse tal de medo, essa tal de insegurança. Bicho estranho esse tal de humano.

É... um dia de tristeza é algo assim.

Mas dias tristes são normais, tanto quanto os felizes. Aprendemos com os dois tipos. É meio estranho o fato de ser típico acabarmos destacando apenas os tristes.

Mas, de repente, basta um pouco de esforço nosso para que pareça que a porta começou a se abrir, a luz começou a brilhar e aquela flor a florecer.

Descobrimos que somos mais do que pensamos e que podemos ir além.

E a vida entra nos trilhos, a caminhada prossegue.

Sorrindo? Ainda não, mas quase.

Um esboço já vale a pena: é suficiente para nos encorajar e para despreocupar os que estão ao nosso redor buscando nos fazer sentir melhor.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 15 de junho de 2011 .

* Para o meu irmão, Beto Lobo, que está aprendendo a ver a mão de Deus e a Sua ação nos fatos de sua vida diária.

8 de jun. de 2011

Se eu fosse bom o suficiente

Bom o suficiente, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 08/06/2011.
Bom o suficiente, criado em 08/06/2011.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza,
para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta,
para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar,
se perde de si mesma.
(Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti)

É verdade que a rotina diária inclui desafios que, em graus diferentes, vão criando pequenas sementes de irritação, de cansaço ou dor.

Dia após dia, ouço de amigos ou de estranhos muitas expressões do cotidiano que denotam o sentimento de gente cansada da jornada estressante que percorrem em determinada etapa de sua vida.

Expressões, essas, sempre seguidas de uma certa resignação e de uma membrana de tristeza em seus olhos, que gruda como se fosse uma lente de contato.

Tempo atrás, tive contato com um texto que me encantou. Sua autora (Marina Colasanti) fazia uma reflexão sobre a capacidade do ser humano de se adaptar e provocava o pensar com relação ao seu uso para desistir de tentar mudanças ou para aceitar fatos tão inconcebíveis como a injustiça, a intolerância, o desamor.

Intitula seu texto com Eu sei, mas não devia*.

As reflexões que fez e que me atingiram em cheio, já naquela época, retornam para mim nesta noite em que a crise de rinite alérgica não me permite dormir.

Por que? Porque não aceito a paralisia diante das adversidades. Prefiro encarar as coisas e acontecimentos como pequenos ou grandes desafios que preciso enfrentar.

O texto original tinha uma base (A gente se acostuma a) que se repetia e que podia ser completada de diversas maneiras. Crio aqui algo semelhante: Eu sei que [abro e fecho as chaves para que você possa executar um pequeno exercício e fazer as suas próprias inclusões]. Coloquei rapidamente um ponto para não dar margem ao MAS. Não quero incorrer neste erro, pelo menos não neste momento.

Você sabe, tanto quanto eu, que há um certo costume de acreditar mais no negativo e que, diariamente, apostamos mais na derrota do que na conquista, de lembrar mais os tropeços do que das pequenas conquistas que certamente são vitórias parciais - uma das batalhas que foram vencidas e que nos levarão a vencer também a guerra.

Deve concordar também que ouvimos demais as vozes que nos desqualificam, não acreditamos em nosso potencial, na força da fé.

E por mais incrível que seja, o que é pior ainda, em vários momentos de nosso dia nos imobilizamos antes mesmo de fazer qualquer tentativa de superação, nos permitimos pensar 'se eu fosse bom o suficiente…'

Meu corpo está muito cansado, a respiração é bastante ofegante e difícil, os olhos embaçam e aquela dorzinha na cabeça, a todo momento, se apresenta como impecilho.

Penso então, fui bom o suficiente para encarar as adversidades, e com uma materia prima que eu diria ser dolorosa, literalmente, consegui criar um texto, produzir uma imagem para ilustrá-lo. É por isso eu estou feliz: sei que se eu aplicar esse conceito nos meus atos e atitudes diários posso ser mais do que bom o suficiente, posso ser um vencedor.

Wellington de Oliveira Teixeira, madrugada de 08 de junho de 2011.

* O texto, do ano de 1972, foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.