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12 de abr. de 2008

Quando é hora de voar…

(Dragão foi criado em 15-10-2005)

Há uma hora, um momento, um instante, um repente em que percebemos ser aquele em que temos de modificar o modo de produção que desenvolvemos para gerar nossa vida. E, mesmo sem qualquer perspectiva quanto ao que se possa construir para mais adiante, devemos nos ater ao que já conquistamos para vislumbrar as novas possibilidades de conquistas. Não há qualquer pré-determinação quanto a isso, mas, às vezes, um certo medo nos segura para não irmos adiante e nem percebemos que fazemos isso conosco afim de nos atrasar na caminhada para o que nos espera, de uma maneira ou de outra.


Uma batalha se forma no horizonte. A permanência e a mudança se digladiam tentando criar as novas bases para a caminhada.A clareza do ser e a amizade se configuram como as nossas únicas armas nessa luta. Porque, é certo que alguém já nos olhou com um olhar que nos vaza e transforma nosso corpo em uma redoma transparente, onde se pode ver o interior e o que se passa ao seu redor. E, com esse olhar, esse amigo nos provoca, nos perturba, nos incomoda e impede a nossa paralisia. Às vezes, sem perceber cria o contexto que é preciso para não nos permitir ficar parados.


Mas nossa razão, pensando estar nos auxiliando e nos livrando de algum perigo, tenta, de todas as maneiras, evitar a força que nos estimula a ir adiante e usa de artimanhas, que muitas vezes nos enganam. Ela sabe que não é fácil reconhecermos nossas inseguranças e nos torna desconfiados com relação ao pensamento que as pessoas têm de nós mesmos; sabe da dependência que criamos com relação ao nosso círculo de convívio e com as expectativas do núcleo social em que vivemos. E provoca essas sensações quando tentamos prosseguir.


Essa batalha é boa, na medida em que precisamos pesar os caminhos que seguimos, mas não podemos permitir que seja uma desculpa para uma covardia de nossa parte.


Todos os dias o mundo descortina diante de nossos olhos as suas mudanças e não há como evitar as influências de suas transformações, mas podemos gerar os meios para que as que ocorram em sua decorrência, em nós, possam vir sem maiores contratempos.


Uma atitude pessoal menos rígida, uma disposição de abertura para experimentar o novo, uma atenção para os acontecimentos que germinam ao redor, são como um campo virtual para o restabelecimento da caminhada e o desfazer da imobilidade e da paralisia. Mas, em si mesmas, não bastam. O que se é e o que se plasma nesse universo para a própria vida dependem, em uma grande medida, dos atos que nos permitimos praticar no dia a dia. E, porque nossa prática não pode ser descolada de um certo modo de pensar o cotidiano, de um comprometimento com uma determinada forma de vida, meu viver me molda tanto quanto meu pensar a respeito dele. Todo processo pode ser percebido pelos aspectos opostos e complementares: uma força antagônica ao processo e ao mesmo tempo propulsora.


É como uma interdependência extremamente produtiva para nosso desenvolvimento enquanto ser que sente, pensa, fala e vivencia. É uma força que, ao nos desafiar, provoca um desejo de ultrapassá-lo e, ao fazê-lo, nos superamos.


E pode ser extremamente prejudicial, enquanto elemento que, na mesma medida, pode nos impedir de ir além, nos tornar fechados em nós mesmos e nos limites daquilo que já havíamos conseguido: as histórias de vitórias no passado.


Guerreiros que se apaixonaram pela deusa Lembrança e pelo deus Passado. Cultuadores da resignação, da mesmice e do olhar perdido. Dominados pelo poder de um poderoso ar paralisante. Escravos de uma solidão, forjada por eles mesmos. Esquecidos de si e do fato de que só a batalha os torna guerreiros. Sem ela são apenas cidadãos comuns de um dia a dia comum, procurando o comum. Só a batalha os ativa, permite-lhes a chance de vivenciar o inesperado, o alerta constante, a criação constante de novas estratégias, por que, a cada situação, uma nova configuração se estabelece e exige um novo pensar, um novo sentir e um novo agir. Ela os produz enquanto seres da transformação, da possibilidade, da renovação e da liberdade. Liberdade para o ir e o vir, de escolher o momento e o local para entrar em luta. A possibilidade de dar o melhor de si, a cada momento, por que a vida depende somente do que se escolhe e se produz. Da renovação dos sentimentos e pensamentos. Da transformação do ser que se supera a todo instante.


Nessa perspectiva, creio ser um bom momento para “dar um toque” em você: que tal perceber quando é hora de sair do chão da mesmice e voar em direção ao horizonte dos guerreiros. Um ser pensante é aquele que todos os dias batalha para conseguir superar os desafios da vida e gerar em si a semente do ser que ele será.


Caminhos se encontram, se cruzam e podem até se separar, mas nada faz com que deixem de ser caminhos com coração para os que realmente se gostam.
E eu continuo acreditando que… Friends Are Friends Forever!!!

Wellington de Oliveira Teixeira, 10 de outubro de 1998.

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