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29 de out. de 2009

Sem invadir a sua plenitude

Sem invadir a sua plenitude, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 29/10/2009
Sem invadir a plenitude, criado em29/10/2009

"Não temerás espanto noturno, nem seta que voe de dia,
nem peste que ande na escuridão, nem mortandade que assole ao meio dia.
Mil cairão ao teu lado e dez mil a tua direita, mas tu não serás atingido."
(Bíblia - Salmo 91:5-7)



Quase que diariamente, somos provocados em relação aos nossos modos costumeiros ou rotineiros. Estamos acostumados a ouvir que devemos ultrapassar os nossos limites e ir além. Pode parecer ingenuidade minha, mas será que isso é algo que, em si, pode ser considerado bom?

Quando me perguntam 'Com relação a nós mesmos, o quanto devemos ir adiante?' eu quase sempre prefiro dizer 'A medida do seu possível'. E, às vezes, chamo isso de medida da plenitude do ser.

É muito difícil termos consciência de todos os aspectos de uma questão para tomarmos a decisão mais sábia, principalmente quando essa decisão pode interferir, diretamente, na vida de outras pessoas. Exatamente por isso precisamos ter a clareza de que demos o melhor de nós e de mantermos a consciência tranquila, assim não há razão para arrependimentos ou remorsos.

No entanto, nenhum desses motivos justifica a paralisia e a preguiça: aos poucos, vamos acumulando experiências (de trecho em trecho) e sabemos que devemos dar um próximo passo, sem o medo de ir adiante.

Nessas horas, o erro está em não se expressar plenamente, experimentar, aprender. O medo de errar, está presente em todas as decisões que tomamos desde que nascemos - o medo de se machucar, também. Mas a satisfação de ultrapassar os seus limites e aprender algo novo, vai além deles.

Amigos são os que nos incentivam a ir para a vida com mais atenção e cuidado - isso, até hoje, é o que define um parceiro de vida pra mim - e, também, os que ousam nos dizer: Vá em frente, você já é capaz!

E, avaliada a medida de sua plenitude, é o que se deve fazer.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 29 de outubro de 2009.

*
Pensando em algo pra escrever para meu afilhado Pequenininho (Felipe Marques Leitão - fotos da arte), hoje, dia do seu aniversário.

27 de out. de 2009

Sorrir ao chorar

auto-retrato, em 27 de outubro de 2009
auto-retrato, em 27 de outubro de 2009

"Pegando a palavra". Pego a palavra e faço dela coisa.
Peguei a alegria e fiz dela como cristal brilhíssimo no ar. A alegria é um cristal.
Nada precisa ter forma. Mas a coisa precisa estritamente dela para existir."
(Um sopro de vida - Clarice Lispector)

Às vezes, basta um pequeno momento de conexão:
um pensamento e um simultâneo toque no telefone.
Você não atende, mas já sabe quem foi.

Pelo filme, que você vê, uma lágrima está caindo,
Pela ligação, um sorriso brotando.

E, ultrapassando a surpresa, um pensamento:
Há algo mais que uma vontade de estar
e é a vontade de ser.
Do ser 'Cada um com seu cada um'
que foi uma frase que eu aprendi
e passei a usar para dizer
'siga seu próprio caminho'.

Quando se faz uma escolha
também se rejeita as outras opções;
Você fez as suas, certo?
Siga em paz!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 27 de outubro de 2009.

* Interessante como o modo de escrever dos meus afilhados está influenciando o meu próprio.
* Clarice em alguns momentos me parece com o
Michel Foucault no seu livro “As palavras e as coisas” que defende que o filósofo deve escavar as entrelinhas dos discursos e práticas – como o arqueólogo escava seus sítios.

26 de out. de 2009

Meias palavras

Meias verdades, criado em 26 de outubro de 2009.
Meias verdades, criado em 26 de outubro de 2009.

"Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira.
A filosofia
se ocupa da verdade de diversas maneiras.
A metafísica se ocupa da natureza da verdade.
A lógica se ocupa da preservação da verdade.
A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.
"
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Verdade).

As meias palavras são a grande arma de quem não tem coragem.

Não se mente, não se fala a verdade.

E a verdade que se tem é a que se ouve de outrem: o pior elevado à condição de melhor.

Prefiro o silêncio, prefiro que você se cale.

É ruim demais saber que nas palavras ditas as meias verdades são a tônica.

Não por mim, essa dor, quase por pena de você.

E como eu disse: 'eu não sou melhor que ninguém!"...

Wellington de Oliveira Teixeira, em 26 de outubro de 2009.

* A verdade segundo a wikipedia

16 de out. de 2009

Aniversariantes

Ilumine-se, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 16/10/2009 Ilumine-se, criado em 16 de outubro de 2009.


“Podem os quilômetros separar-nos realmente dos amigos?
Se você quer estar com alguém a quem ama, já não está lá?”.

(Longe é um lugar que não existe - Richard Bach)



Demorei a entender que são as conquistas que geram a satisfação de alcançar um novo estágio para a vida e que é fundamental desejar muitas ao percorrer o caminho. A sensação de plenitude é o acréscimo que a vida oferta àqueles que se empenham em vivê-la intensamente: os bônus para a nova etapa.

As datas especiais são como um marco que deixamos em nosso percurso para referenciar os instantes de nossa vida, mas podem virar apenas um ato de rotina quando não lhes damos o devido valor.

Valorizar é uma arte que aprendemos nos encontros que fazemos e dos quais gostamos e queremos repetir.

Um aniversário deveria ser sempre assim. Mesmo que a nova idade dure um ano inteiro dedicamos a ela um dia especial.

Aniversário é algo interessante. Algumas pessoas esperam com ansiedade a chegada do dia da comemoração, alguns não querem nem lembrar, há os que o esquecem nas situações complicadas da vida e os que se dizem indiferentes.

Há os que vão mudando a forma com o passar do tempo. E não creio que seja da forma como o senso comum acredita, isto é, adorando no início e odiando quando mais velho. Identifico as flutuações mais na linha de o quanto se está engajado na vida ou numa relação afetiva.

Mesmo quando não se conhece uma pessoa é possível perceber o pulsar do 'algo mais' quando aniversaria.

Tenho costumes diversos e até mesmo estranhos. Por exemplo, já escrevi (poucas vezes) uma mensagem para alguém que está para nascer ou recém-nascido e acompanhei ou estou acompanhando as transformações progressivas, até o dia em que, maior, leia a mensagem que lhe foi dedicada anos antes. Tenho um prazer de imaginar como será. Outras ocasiões eu fiz uma música, uma crônica, uma imagem na busca de algo para ofertar.

O que mais fica claro para mim é que o importante é gerar grandes momentos pra si e para os que estiverem ao seu redor.

Então, enquanto recebe os melhores votos para o novo período, dedique um momento para marcar esse dia como especial, como fazemos nós que somos seus amigos e pessoas que o amam.

Eu também gosto de, simplesmente, dar um grande abraço e dizer: Felicidades. Cai na PAz. Amigos São Amigos Pra Sempre!!!


Wellington de Oliveira Teixeira, em 16 de outubro de 2009.


* Fotos que tirei do meu irmão, Beto Lobo, no Tributo a Legião Urbana, versão 2009.

6 de out. de 2009

Poderia ser diferente

Focinho, criado por Alexander Kharlamov Focinho, criado por Alexander Kharlamov*


"…vai dizer que você prefere o ódio ao amor? Então neguinho, me diz, qual é?"
(Qual é? - Marcelo D2).


Não!, é algo inteiramente distinto do ódio o que nos faz ir adiante, aprender. Mas acredito que o ódio seja a mais primitiva forma de aprendizado: com a dor.

O ódio, em si, não ensina, ele causa o sofrimento e a dor, estes sim, são capazes de trazer algum aprendizado; o mais básico, do tipo 'doeu, eu evito'. Já levou um choque? Já se queimou? Já tropeçou?

O ódio é um mecanismo de autodestruição. É um modo de usar a energia da vida para desfazer a vida, transformá-la em partes menores, rompendo os encontros que, acumulados, aglutinam e geram novas formas de ser e estar no fluxo, no complexo energético que é este mundo.

Não é preciso ser um gênio para perceber que há formas mais elegantes, elevadas, eloquentes de se aprender que não a pelo ódio. Mas quão difícil é acessá-las conscientemente e optar com convicção por essas vias.

Todos ainda carregamos uma espécie de primitivismo espiritual, uma barbárie em nossos elementos constituintes, algo de que precisamos apenas para dar os primeiros passos e que logo se tornou obsoleto diante dos novos instrumentos ao nosso dispor - obtidos após os aprendizados iniciais da vida.

É como uma tralha que enche de peso a nossa bagagem e impede um caminhar mais confortável e, no entanto, parece que nos apegamos a ela.

Como é difícil entender: aprendeu, segue adiante, descubra novas formas de aprender. A experiência absorvida se tornou a parte integrante de nós que nos ensina a não repetir os erros anteriores. Não será necessário usar os mesmos mecanismos ou deixá-los a disposição para um possível uso futuro.

Alguns argumentam que nosso cérebro-quase-pré-histórico é o que nos mantém vivos, pois é acionador dos reflexos nos momentos de perigo. E a nossa intuição não seria um elemento muito mais eficaz para nos proteger, nos resguardar quando damos ouvidos e atenção necessários?

A adrenalinha da raiva é o melhor meio de tornar o corpo pronto para responder às agressões externas? Será que o ataque é a melhor defesa? Será que já não acumulamos o suficiente para não invadirmos o espaço alheio e provocarmos esse tipo de reação de ataque para a defesa? Respeito aos seres não garante atitudes melhores de ambas as partes, de modo a evitar a maioria dos conflitos que existem no mundo?

Qualquer que seja o sistema político, econômico, religioso, ele é apenas uma forma de interação social de modo a podermos compartilhar nossas vidas, criarmos os meios de colaboração e de desenvolvimento. São instrumentos e não um fim. O que quer que seja mais essencial para cada um de nós não está atrelado a nenhum deles.

Por que, então, somos tão sectários? Quem gosta do vermelho, e não do azul, não presta? Quem não torce pelo mesmo time, quem não está na mesma religião ou professa nossos conceitos filosóficos não serve? Geramos guerra e discórdia, diariamente, por optarmos por viver assim.

É isso mesmo! É opção. Todos podem agir por interação, compartilhamento, visando o desenvolvimento mútuo e a superação dos obstáculos coletivamente.

Indivíduos, sim, mas partículas de um todo. Partes da mesma natureza que luta para alcançar equilíbrios cada vez mais bem sucedidos. Exercitando uma troca de energia constante, onde o que eu tenho de melhor e em maior quantidade, meus dons e minhas capacidades, vão em auxílio a outro que o possui em menor escala e, num fluxo maravilhoso, este que recebeu colabora com o que um outro não possui: um organismo vivo, onde cada peça é fundamental e essencial; nem melhor, nem pior.

Imagino esse movimento como um fluxo de energia que percorre todo o fio, se transmitindo por meio de cada parte, numa grande conexão universal.

Comecei falando de ódio porque uma ideia me fez tremer quando pensei nesse incrível mecanismo de doação universal (amor é uma boa palavra para ele?), algo que não havia pensado antes, em toda a minha vida: o ódio também se propaga dessa maneira só que, em vez de acrescentar, ele retira algo de cada elemento, que ficando deficiente retira do elemento a seguir, como elos de um cadeia que aprisiona e suga sempre, sem acrescentar nada.

E quanto mais vejo ou ouço ou participo de um fluxo de ódio (roubos, assassinatos, guerra, discórdia, ira), ativa ou passivamente, mais eu me envergonho com o pouco que contribuí para a transformação dessa realidade e desejo, ardentemente, me aperfeiçoar para poder contribuir um pouquinho mais com a vida.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 06 outubro de 2009.


* Desculpem-me aqueles que esperavam uma arte minha, aqui. Ódio é um tema muito difícil pra mim.