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26 de jun. de 2010

Assassinos


Defeito no olhar, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 26/06/2010.Defeito no olhar, criado em 26/06/2010*.

A minha alma tá armada e apontada para cara do sossego!
Pois paz sem voz, paz sem voz, não é paz, é medo!
"Qual a paz que eu não quero conservar, prá tentar ser feliz?"
[Minha alma (a paz que eu não quero) - O Rappa]


Soube hoje que, em São Gonçalo-RJ, uma criança foi assassinada e largada em um terreno baldio porque era emo e emo é viado.

Os skinheads que o mataram (que tinham o dobro do tamanho e o triplo do peso do menino) disseram que excederam na dose, que era só para dar umas porradas, porque odeiam homossexuais.

Até quando as pessoas aceitarão que a intolerância faça parte de suas vidas?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 26 de junho de 2010.

* Arte sobre a escultura grega Ares Ludovis atribuida a Escopas
** Enquanto a Justiça for cega e cruzar os braços diante das torturas físicas e emocionais praticadas por alguns grupos não pode haver paz na terra.

20 de jun. de 2010

A impotência do calar-se

Impotência, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 20/06/2010Impotência, criado em 20/06/2010

O ignorante estabelece critérios que desclassifiquem o conselho alheio,
em prol da sua falta de conhecimento,
busca estabelecer ideias falsas sobre si mesmo
e o mundo que o cerca de forma errônea...
Ignorância é não saber, e não saber que não se sabe.
(http://pt.wikipedia.org/)

A Estratégia:
Os gregos colocaram diante das muralhas de Tróia um imenso cavalo de madeira e fingiram a retirada.

A Percepção afiada:
O sacerdote troiano Laocoonte advertiu seus compatriotas de que poderia ser um truque.

A Incapacidade de entendimento:
O rei ignorou o conselho e apenas se deixou encantar com a imensa obra de arte.

O Resultado:
Na calada da noite, Tróia é conquistada.

O Castigo:
Atena que estava do lado dos gregos, resolveu se vingar de Laocoonte por ter quase atrapalhado seus planos e enviou duas serpentes gigantescas que saíram do mar e envolveram-no e a seus filhos: o desespero no seu semblante de lutador é a impotência de um pai de não poder auxiliar aos filhos.

A Moral da História:
Apesar de a impotência - em qualquer nível - ser uma merda, diante da ignorância, melhor se calar!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 20 de junho de 2010.


* A base desse artigo e da arte é a história de Laocoonte e seus filhos de Agesandro, Polidoro, e Atenodoro: Leia em http://www.sampa.art.br/historia/laocoonte/ (dica observe a beleza da escultura em ambiente natural).

19 de jun. de 2010

O coração de um homem

Coração de um homem, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 19/06/2010.Coração de um homem, criado em 19/06/2010.*

Você pode dizer adeus a sua família e a seus amigos
e afastar-se milhas e milhas e, ao mesmo tempo,
carregá-los em seu coração."
(Telling The Truth - Frederick Buechner)

O coração de um homem não é algo que possa ser resumido, nem ampliado, nem explicado, nem compreendido. Vai além, muito além de qualquer palavra ou significado.

Não é apenas um símbolo com imenso poder: o coração, de órgão à emoção, é a imagem daquilo que forma o humano em nós.

Carrega dentro de si os mais poderosos elementos que alguém pode ter: do ódio ao amor, da fraqueza à força,
da covardia à honra, da mesquinhez à bondade, do ínfimo ao glorioso.

Não há força que o possa deter em sua trajetória. Ele ultrapassa qualquer obstáculo, torna o sofrimento em esforço, a metade vazia na que está cheia, o orgulho sem dignidade na humildade que leva ao crescimento.

É tudo isso ao mesmo tempo, e não em singular - pluralidade é a sua marca.

Há muito que, por causa dessa mistura de elementos, conquistou a fama de ser traiçoeiro e com a capacidade de arruinar ou de enobrecer seu possuidor.

E percebam, como eu, que dono é uma palavra frágil para quem o carrega, já que muitas das vezes é ele quem conduz os passos.

Um jovem harpista e poeta hebreu escreveu Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.
(Salmos 51:10).

Talvez, seja esse o grande mérito de um filme** que acabo de assistir: mostrar o coração em seu lado puro e grandioso, aquele que bate, se expande e se contrai e, no seu esforço, sustenta todo o ser com vida.
Invictus
William Ernest Henley - Trad.: André C S Masini ***

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 19 de junho 2010.

* Arte com base na escultura de Fídia (Acropole em Atenas-Grécia) representanto Dionysus, deus do vinho. Veja em: http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/gr/f/figure_of_dionysos.aspx
**
Invictus, filme de Clint Eastwood, mostrando como Nelson Mandela (Morgan Freeman) usou o esporte para unir a população e vencer o apartheid.
***
http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g12_traducoes_do_ingles/invictus_henley_masini.html

15 de jun. de 2010

Vinni com Vinte e Um

Vinni Alô, Adeus. Eu te vejo do outro lado.*, criado em 15/06/2010.

Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo:
Porquanto com amor eterno te amei, por isso com bondade te atraí.
(Bíblia - Jeremias 31:3)

Gosto de recordar o desafio que eu fiz num momento seu de baixa estima,
numa casa de show em São Gonçalo:
vá dar uma volta e não me volte sem uma história de beijo pra contar.
E não é que você voltou feliz da vida?
('O Vinni que eu conheço - texto desse blog)

Fiz as contas hoje, pela manhã: no dia 20 deste junho seriam 21 anos de um brilho que, antes da duração, queria a intensidade e uma intensidade sem controle.

_ 'Eu quero o caos!'

Erra grandemente quem achar que essa manifestação demonstrava uma desordem pessoal, pelo contrário, sua busca de plenitude, de sua expressão no mundo era algo que o inquietava e o levava sempre adiante.

Exasperado ficava eu, em várias oportunidades, quando o via enveredando os caminhos sem o mínimo de cuidado.

Seu esoterismo marcava uma certa ambiguidade: ao mesmo tempo em que o tornava ciente da amplidão do universo o provocava a colocar o universo dentro de si. Mas quão poucos não buscam exatamente a mesma coisa: Deus em si.

Quem não pode ver sua timidez perder totalmente a dianteira para a ousadia, não conheceu a sua capacidade de amar pois, o querer tudo ao mesmo tempo, agora, também era um aspecto do seu amor.

Seu grupo era sua referência e seus apelidos (gas mask toy, sbuga, vinni, etc.) tinham a ver com o estilo gótico como se vestia (ele realmente usava uma máscara de gás em seus shows).

Claro que alguém assim tem muita personalidade e gera alguns embates com os outros (me incluo, aí). Vários amigos o ouviram reclamar do modo como eu o forçava a repensar suas propostas de vida - principalmente com relação à sua saúde -, ao mesmo tempo em que o viam ao meu lado e rindo sem limites: feliz. Que fique claro que este era o seu modo de ser com seus amigos: para criar novos espaços para a relação, ele forçava todos os limites.

Quem conhece alguém assim, sabe: é do tipo que se ama ou se odeia. Mas aquele baixinho até isso conseguia driblar, pois nunca ouvi de ninguém (mesmo daqueles que no momento estivessem irados com ele) frases de ódio a seu respeito.

Talvez, e por um segundo apenas, eu mesmo, quando soube que estava em coma por desrespeito ao seu diabetes. Nesse mesmo dia, eu escrevi um texto em forma de conversa com ele, numa tentativa de alcançá-lo. Este texto encontra-se nesse blog com o título O Vinni que eu conheço. O endereço é http://bigwzh.blogspot.com/2008/04/auto-fotografia-sei-que-o-que-eu-estou.html.

Hoje, comecei o dia remexendo meus arquivos no computador quando deparei, na pasta que o Pablo criou para si, com uma foto com qualidade bem ruim, do Vinni tocando na Candelarium - a banda que ambos pertenciam. Me dispus a tentar recuperar um pouco e acabei viajando na ideia. Naquele momento me recordei que estamos em junho - mês do aniversário do Vinícius - e foi quando eu calculei a sua idade caso estivesse entre nós. Vinte e um.

Pra mim, o seu silêncio carrega uma inverdade - não está morto enquanto a sua vida continua dentro de mim -, mas também uma verdade - a falta da sua presença ainda me dói.

Então, meu guri, vou antecipadamente desejando um feliz aniversário, aonde quer que você esteja, e lhe fazendo um pedido: reserve um lugar, aí, pra mim, onde eu possa compartilhar o seu sorriso e abraçá-lo por mais do que apenas um momento**.

Com amor eterno.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 15 de junho de 2010.

* Fotos base tiradas em 26-11-05, no Recreativo Trindade (São Gonçalo-RJ)
** Trecho da Música Noah, hello, goodbye (Michael W. Smith)

8 de jun. de 2010

Não querer mais que bem querer

Talheres - Arte sobre foto*, criado em 08/06/2010.

O amor é bom, não quer o mal. Não sente inveja ou se envaidece...
É um não querer mais que bem querer.
(Monte Castelo - Legião Urbana)


Sabe, queria ser bem romântico ao escrever esse texto, mas fiquei obstruído. Amar é complicado. Ser amado é tanto ou mais. E tentar unir esses amores... [haja esforço!].

Mas se a humanidade, após séculos e séculos, ainda busca esse encontro idealizado, talvez, e reparem que eu disse talvez, haja um grande possível nele que ultrapassa todas as outras questões.

Você, assim como eu, já deve ter a sua coleção favorita de músicas românticas [mesmo que não queira confessar!]. E, entre tantas falando sobre o amor, fiquei bastante encucado [intrigado, cismado; preocupado, inquieto.] com a frase de uma delas: 'É um não querer mais que bem querer.' Convanhamos: que maneira complicada de dizer que querer bem [a alguém ou a algo] é a única coisa que se deseja!

Mas, ser pensante que sou, saí em busca de entender as razões da frase. Me recordei que no encarte do cd Quatro Estações havia um comentário de que a música Monte Castelo era uma adaptação de um poema de Luis de Camões (soneto número 11) e de um texto da Bíblia (I Coríntios 13). Descobri então que o trecho da música que havia me encucado [agora você já sabe o que é, né?] é uma citação direta do soneto, que transcrevo abaixo [viva São Google. Santa Wikipedia, Batman!]:

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Para o Renato Russo, a resposta à pergunta de Camões contida nos últimos versos [que pergunta? Se o amor é tão contrário a si mesmo, como pode seu favor (sua atuação) causar (gerar) a amizade nos corações humanos?], encontra-se no texto bíblico de I Coríntios 13. Lá o amor ganha o status de a potência máxima da vida:


'Ainda que eu [cita trocentas coisas] e não tivesse amor, nada seria.'
'O amor nunca falha;'
'Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.'

Mas tem uma coisa a mais [Ser Pensante é FlÓriDA!]: ele entitula a música de Monte Castelo [olhe a citação no final do texto com **], e mistura ódio (uma guerra mundial) e amor [será que é só para complicar as coisas?].

Pensei, pensei... [saiu fumaça...] até que me lembrei de uma aula na faculdade, onde o professor de filosofia Claudio Ulpiano [esse era Ser Pensante, mesmo!] mandou essa: o amor e o ódio estão na mesma face de uma moeda. A indiferença é que está do outro! Cá com meus botões, será que o Renato teve aulas com ele, também? Talvez por isso é que ele simplesmente decreta: É só o amor que conhece o que é verdade.

Isso tudo para dizer 'eu te amo'. E eu lhe pergunto: será que o meu amor sabe disso?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 08 de junho de 2010.

* A foto base dessa montagem está disponível em:
http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom?gwt=1&uid=810050098124745897&aid=1233812923&pid=1274843911441

** A Batalha de Monte Castello foi travada ao final da Segunda Guerra Mundial e marcou a presença da Força Expedicionária Brasileira entre as tropas aliadas que tentavam conter o avanço das forças do Exército alemão, no Norte da Itália. [wikipedia, é claro!]

6 de jun. de 2010

Efeito pic-tá

Rizoma - autor da foto não disponível Rizoma - autor da foto não disponível


O rizoma da botânica, tanto pode funcionar como raíz, talo ou ramo,
independente de sua localização na figura da planta.
Para Deleuze e Guattari, o rizoma, como um sistema a-centrado,
seria, portanto, a expressão máxima da multiplicidade
em detrimento às condições de um todo disciplinador,
um totalitarismo estrutural (raiz e radícula).
Sustentam que a estrutura do conhecimento não deriva,
por meios lógicos, de um conjunto de princípios primeiros, mas sim
elabora-se simultaneamente a partir de todos os pontos
sob a influência de diferentes observações e conceitualizações

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Rizoma_%28filosofia%29)



Já brincou de pic-tá?

Ih!, melhor definir, pois cada lugar tem seu nome para a brincadeira, certo? Pois bem, a brincadeira consiste em uma pessoa que é escolhida como o pegador e os outras que precisam fugir para não serem tocadas pelo pegador ou por quem ele já tocou.

O interessante dessa brincadeira é a virada que acontece.

De início o pegador é o solitário. Ele é o único do seu lado e precisa de um esforço enorme para conseguir alcançar mais um. Mas, ao conseguir, as coisas começam a facilitar um pouco, pois são dois em busca do resto.

Já percebeu, não é? Chega o momento em que as forças se equilibram e, rapidamente, os pegadores se tornam maioria, exigindo um grande esforço para fugir por parte do grupo intocado.

Vejo, no dia a dia do mundo em que vivo (deve haver outros!), o que chamo de efeito pic-tá acontecer muito esporadicamente: aqueles que estão na minoria, dificilmente se esforçam para encontrar aliados para facilitar o ultrapassamento de suas questões - mesmo quando cobertos de razão.

E, por incrível que pareça, todos acham isso normal, isto é, até que aconteça com você.
  • Um produto com defeito e a firma não quer trocar ou consertar;
  • O funcionário do balcão que vai atendendo 'os conhecidos' primeiro, mesmo que você tenha chegado antes;
  • O carro que tem problemas sérios de segurança e, sem a determinação da justiça, a montadora não faz o seu 'recall' ou seja, chama as pessoas prejudicadas para a substituição ou acerto da peça que causa o problema;
  • A companhia telefônica que não faz a cobertura de modo correto e faz um menu de secretária eletrônica 'inteligente' que não entende nada do que você diz (nem mesmo quando, mais do que impaciente, você xinga);
Poderia continuar a lista, mas acho que você já está fazendo isso, não é mesmo?

A cultura da impotência parece estar enraizada em um povo que, durante muito tempo, teve seus direitos cassados. Mas como se produz algo novo nesse campo, ou seja, uma mentalidade afirmativa em que Direito é direito, não é esmola, não é concessão, não é caridade?

A falta de educação formal pode contribuir para essa passividade, a pobreza também: quando a sobrevivência está em primeiro plano não dá para se preocupar com firulas ou frescuras. E lá vai mais uma criança trabalhar no campo, nas cerâmicas, nas tecelagens e nas fábricas de produtos eletro-eletrônicos (mãos pequenas são ótimas para lidar com transistores...). E, é claro, deixar de estudar.

Na contramão disso, há pouco tempo, tivemos uma mobilização popular imensa em favor do projeto Ficha Limpa, que impede políticos julgados por crimes de qualquer tipo possam se reeleger ou se eleger. Percebo três coisas muito importantes que a marcaram. A primeira é que as adesões cresceram exponencialmente, por meio da internet. A segunda, é que conseguiu mobilizar as pessoas para atos e manifestações, inclusive no Congresso brasileiro. A terceira, é que foi vitoriosa. Se você consegue avaliar, foi exatamente o efeito pic-tá em ação.

Outros processos se valeram desse efeito: quando as mulheres cansaram de ser espancadas ou desrespeitadas; quando os negros e descendentes diretos se cansaram da dominação; quando os gays desistiram de ficar 'no armário' para não serem agredidos; quando se percebeu que os idosos, as crianças e adolescentes estavam desamparados pela legislação. E por aí vai.

Hoje em dia, na internet, classificamos um movimento de viral quando ocorre a multiplicação de indivíduos que repassam algum tipo de questão, informação ou campanha por meio de sua lista de contato, e estes repassam adiante, multiplicando com isso os esforços. Ocorre, também, na distribuição de conteúdo dos projetos de leis em curso por blogs, sítios e portais que repassam informações como endereços eletrônicos e telefones das casas legislativas e de políticos e informam quando há uma tentativa de 'virada de mesa' por parte destes. Tudo isso simultaneamente. Entendeu o rizomático da minha citação?

Eu acredito que é preciso incentivar essa onda. O nosso povo deseja uma mudança. Não uma revolução de armas, mas de paradigmas: a metanoia - mudança de mente, conversão.

E, é claro, você pode começar a fazer a diferença. Vai passar adiante essa idéia?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 06 de junho de 2010


* No meu orkut comecei uma campanha diferente: Não ao vacilo!

4 de jun. de 2010

Um anjo de cueca branca

sem título, da zimzoo.com

Não vos esqueçais da hospitalidade,
porque por ela alguns, não o sabendo,
hospedaram anjos.
(Hebreus 13:2)

Já dominamos a energia do vento, dos mares, do sol.
Mas no dia em que o homem souber dominar a energia do amor,
será algo tão importante como foi a descoberta do fogo.
(Teillard de Chardin)

O amor é uma doença da qual ninguém quer livrar-se.
Quem foi atacado por ela não procura restabelecer-se,
e quem sofre não deseja ser curado.
(ditado persa)


Para quem estranhou esse título e a ilustração escolhida, peço um pouco de paciência. Tem tudo a ver com um acontecimento que tive a oportunidade de vir a conhecer, por meio do relato de uma pessoa amiga e que vou narrar, agora. Aconteceu na véspera de um feriado de corpus christ, como esse de hoje.

Essa pessoinha gosta muito de viver intensamente e é bastante ativa: agenda social lotada, faz parte do seu cotidiano. Está sempre cercada de companheiros - amigos e amigas - em todos os lugares.

Vibrante poderia ser dito que é uma outra grande característica dela: ainda não aconteceu, mas o clima já está 'tenso' - uma expressão que ela me ensinou, a pouco tempo, e que serve para dizer praticamente tudo, principalmente vibrante e exuberante, desde que ocorram simultaneamente. A língua portuguesa brasileira é pródiga em se superar!

Quem costuma se utilizar de mensageiros eletrônicos (messenger ou outro) sabe que basta acrescentar um emoticon (imagem que denota um sentimento) em suas frases para que ganhem mais força de expressão. E numa dessas conversas noturnas, após minha chegada do trabalho, tive uma grande surpresa. O diabinho vermelho e saltitante estava em dose dupla na frase: o clima do outro lado estava 'tennnnnsoooo'.

Curioso com tanta agitação, pensei 'o que aconteceu?'. E eu, rapidamente, digitei a pergunta. A resposta inesperada foi a de que ela tinha encontrado um milagre, um acontecimento sem par, algo como se alguém tivesse um unicórnio trotando em seu quintal.

As frases que se seguiram, até agora, me fazem rir:

Acabei de ficar com um garoto que nunca vi na minha vida. Cara ele foi embora.
Ele chegou à meia noite, disse que era de São Paulo, que veio ver a vó dele, etc.
Conversamos.
Meu deus, estou de boca aberta comigo. ASUHASUHSAHUAS.
Muuuuuuuuuuuuuito feliz.
Nossa ganhei meu dia, completamente! Nossa, estava sem fôlego.
Que cueca box branca perfeita. Fiquei louco só de olhar.
Eu quero que todo dia bata um desconhecido assim na minha porta!

Estou até acostumado com as explosões emocionais dessa pessoa, mas nunca tinha visto com tal intensidade: Os diabinhos saltitantes estavam em todas as frases.

Acontece que eu acredito que vida é um caldeirão de vivências e que podemos aprender com cada uma - as nossas e a de nossos semelhantes. E, esse episódio, é marca registrada disso: a vivência de alguém transbordar e contagiar quem dela participa ou toma conhecimento. Pra mim, isso é potência de vida. E é bom que todos possam desfrutar de momentos que os elevem à enésima potência de sua alma. Confesso ter ficado um pouco enciumado com a força da sua experiência.

Ainda falamos de livros, de encontros com amigos, quando a poeira baixou um pouco. No fim da conversa, algo me inspirou a dizer: 'vai sonhar com o seu anjo... hora de eu ir dormir.'

E, já na minha cama, antes de fechar os olhos imaginei um anjo de cueca branca.

Tive que rir.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 04 de junho de 2010.


* Porrinha é uma figura!

3 de jun. de 2010

O sabor do inesperado

Dor, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 03/06/2010Dor, montagem com escultura grega antiga em 03/06/2010.

A vida sem freio me leva, me arrasta, me cega
no momento em que eu queria ver.
O segundo que antecede o beijo, A palavra que destrói o amor
Quando tudo ainda estava inteiro No instante em que desmoronou
Palavras duras em voz de veludo E tudo muda,
Adeus velho mundo.
Há um segundo tudo estava em paz.
Cuide bem do seu amor. Seja quem for...
(Cuide Bem Do Seu Amor - Os Paralamas do Sucesso)

"Vem e me diz o que aconteceu, Faz de conta que passou
Quem inventou o amor? Me explica por favor.
Enquanto a vida vai e vem, você precisa achar alguém,
que também possa lhe dizer: 'Quero ficar só com você'.
Quem inventou o amor?"
(Antes Das Seis - Legião Urbana).


Preciso escrever algo bem intimista. Produto deste feriado e da frente fria que veio com ele. Vontade de ficar encolhido, enrolado, protegido.

Gosto de novidades, mas, como uma grande parte da população, fico receoso quando a encaro: dizem que temos medo do novo ou do diferente.

As possibilidades produzem um pouco do efeito surpresa e muitos preferem não ter expectativas relativas a algo ou a alguém. Protegem-se, com certeza, com essa atitude. Mas a que preço?

A espera e a esperança carregam o desconhecido consigo, porque estão sempre no futuro e sempre na incerteza, do mesmo modo que a expectativa.

O mais interessante disso é que, mesmo quando já intuímos algo, ou antecipamos um acontecimento, dificilmente agimos. Assim, o necessário nos atropela ou nos faz desviar da rota que havíamos traçado.

Pena? Não sei. A vida não é uma linha reta e percursos se cruzam em locais e momentos diferentes. Nova chance? Não sei. Pode ser...

E, a despeito do que possamos encontrar em algo ou alguém, do quanto possamos nos assustar com as novidades, é melhor ter sempre descobertas que viver na mesmice.

Um grande barato desta vida é o fato de, a cada passo que
você dá, ser supreendido: o inesperado é uma das maiores potências desta ordem em que vivemos. Ao contrário do sal, o inesperado não tem dosagem exagerada e, talvez seja ele o tempero que torna este mundo mais saboroso.

Alguém quer um salzinho para colocar na batatinha frita?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 03 de junho de 2010.

* Me reapaixonei pela cultura grega. Antes eram as filosofias de vida, agora são as esculturas.