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29 de abr. de 2008

Expressões sem sentindo

Adaga da razão, criada por Wellington de Oliveira Teixeira em 02/11/2005 Adaga da razão, criadA em 02 de novembro de 2005.

Fico, às vezes, me perguntando o porquê de tantas expressões para falarem sobre as coisas que não atendem à nossa expectativa.

São como palavras ao vento… — imagine a cena: o espaço ao redor cheio de letras que formam palavras em diversos idiomas, caminhando para o espaço exterior, onde alguma tecnologia que chamaríamos de futurística será capaz de captar e permitir aos historiadores de outro local e época a reconstrução da nossa história;

Isso é tempo perdido… — o tempo está sendo medido pelo que produz de imediato e que se constitua em bens materiais: 'tempo é dinheiro' é a expressão mais clara disso. A perda se refere a algo que não se pode encontrar. Mas como, se podemos nos recordar do que ouvimos, mesmo anos e anos depois, ele se perdeu? Será que não ficou em standy by - disponível para, a qualquer momento, ser utilizado?

Seu olhar é vazio… — se encontra em algum tempo-espaço estranho, inatingível, numa esfera fora da órbita comum, extraordinário a ponto de não precisar ser compartilhado: pleno em si mesmo. Mas plenitude e vazio não seriam termos com significado semelhante? Não indicariam uma e mesma coisa que poderíamos tentar sintetizar com uma frase do tipo 'o espaço é pleno de vazio'?

Veja como o jogo de palavras nos leva a caminhos diversos do que iniciamos: ao citar em nossas falas o elemento vazio e seus correlatos estamos apenas indicando a completude que não se encontra, momentaneamente, em nossa razão e, por razões diversas, não nos colocamos disponíveis à sua ação. O vazio que dizemos estar fora só existe em nós mesmos. É a nossa incapacidade que se faz presente no que dizemos estar ausente.

Então, o invisível nada mais é que a presença que nossa sensibilidade não atinge ou a percepção que nós tornamos metade por aceitar apenas a parte que faz parte do nosso cotidiano: nada está perdido, apenas bem guardado em uma porção de nós mesmos.

E nos esforçamos tanto nessa ocultação para não expor a razão a uma carga infinita de informações que inviabilizariam o nosso viver o dia-a-dia; é um mecanismo que garante a integralidade do nosso ser, sem a qual nenhuma outra possibilidade existiria. Mais uma vez, as nossas expressões diárias se tornam sem sentido e o tudo se forma e se mantém por meio do nada.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 30 de outubro de 2005.

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