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29 de ago. de 2010

Atuação

Atuação, criado em 16 de outubro de 2010 **

Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor
Bíblia - Zacarias 4:6


Somos seres humanos intuindo uma realidade ampliada, desde os primórdios de nossa raça. Nomeamos deuses e seres de outras esferas. Por conta de que? De dar conta de algo que não podíamos mensurar, quantificar ou qualificar.

Não. Não é lógico. Simplesmente necessário.

Foi o necessário que nos levou adiante, fez com que a nossa percepção se aguçasse, nossa curiosidade ultrapassasse os pequenos limites a que estávamos submetidos. E quão importante foi esse passo: a construção da nossa razão.

Enchentes que trouxeram destruição e doenças que trouxeram mortandade em massa, vulcões que expeliram a saliva da morte para grandes povoados. Assim a natureza fez-se instrumento de transformação, não apenas física. A razão surgiu como a arma do pensamento para atravessar os vales de horrores a que a humanidade foi submetida.

É claro que não entendíamos os efeitos naturais com mais precisão que hoje. Claro que podemos dar razões para eles. Mas o que não conseguimos, mesmo com o passar do tempo, foi alterar a potência com que eles atuam em nós. Ainda hoje, tememos os grandes raios e trovões, nos assustamos com a força das grandes ondas se chocando no litoral ou os invadindo e, quando os ventos rugem e o vendaval nos acerca, ciclones ou furacões, algo dentro de nós toma consciência da nossa finitude, da fragilidade da vida humana, da poeira que ela é perante o universo.

Resíduos de uma primitividade na alma que algum dia a tecnologia irá fazer dissipar? Creio que não, pois, é exatamente nesse momento que a grandeza do homem o toma e ele age. E esse agir tem o duplo que existe em todos nós. Nossa espiritualidade não foi dissolvida diante da ação da razão.

Sim, além de corpo e alma, somos seres de espiritualidade. E sem me importar com o modo como cada um pode nomeá-la, explicá-la ou manifestá-la, percebo que ela age no dia a dia das pessoas e fico feliz com isso.

Como disse no início, diante da limitação do corpo a alma busca razões. Quando estas não bastam, o que em nós é espírito age.

Sim, somos capazes de perceber que algo se manifesta e, ultrapassando nossos limites, transforma nosso modo de pensar, sentir e agir. O Deus em mim se manifesta nesse estado especial.

E isso é como chamo não a minha ação, mas a atuação da Ordem: a Tua ação.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 29 de agosto de 2010.

* Dois filmes trabalham uma visão de espiritualidade que considero muito bonita: Avatar e O Último Mestre do Ar. Os dois teriam em seu título a palavra Avatar, que é uma forma encarnada de um Ser Supremo, que reside em um plano espiritual (wikipedia). Em ambos a natureza permite o acesso aos recursos espirituais que estão guardados no interior das pessoas e as situações limites, como desafios a serem superados, fornecem as condições para a sua apropriação.

** A demora para publicar teve alguns motivos:
estava me sentindo um pouco sem inspiração e não conseguia fazer uma arte para o texto, muito trabalho e tempo escasso.

25 de jul. de 2010

Amor e Solidariedade: a regra de ouro.

Deixando germinar
'...Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Não há outro mandamento maior do que estes.'
(Bíblia - Marcos 12:31)

No Brasil, há uma prática chamada café-com-leite que consiste
em que os mais velhos e/ou habilidosos abram mão das suas capacidades pessoais
em prol da inclusão e da felicidade de alguém menor ou sem a habilidade necessária nas brincadeiras.
Parafraseando um texto bíblico, eu diria, Deus provou seu amor por nós,
quando abriu mão de Sua grandeza e viveu entre nós, como um de nós,
e nos ganhou para Si, por amor.
Este é um comportamento* que torna alguém mais do que especial.
(Wellington de Oliveira Teixeira)


No Brooklyn, Nova Iorque, Chush é uma escola que se dedica ao ensino de crianças especiais**. Algumas crianças ali permanecem por toda a vida escolar, enquanto outras podem ser encaminhadas para uma escola comum.

Num jantar beneficente de Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais seria esquecido pelos que ali estavam presentes. Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, perguntou:

- 'Onde está a perfeição no meu filho Pedro, se tudo o que DEUS faz é feito com perfeição? Meu filho não pode entender as coisas como outras crianças entendem. Meu filho não pode se lembrar de fatos e números como as outras crianças. Então, onde está a perfeição de Deus?'

Todos ficaram chocados com a pergunta e com o sofrimento daquele pai, mas ele continuou:

- Acredito que quando Deus traz uma criança especial ao mundo, a perfeição que Ele busca está no modo como as pessoas reagem diante desta criança.

"Uma tarde, Pedro e eu caminhávamos pelo parque onde alguns meninos que o conheciam, estavam jogando beisebol. Pedro perguntou-me: Pai, você acha que eles me deixariam jogar?

Eu sabia das limitações do meu filho e que a maioria dos meninos não o queria na equipe. Mas entendi que se Pedro pudesse jogar com eles, isto lhe daria uma confortável sensação de participação. Aproximei-me de um dos meninos no campo e perguntei-lhe se Pedro poderia jogar. O menino deu uma olhada ao redor, buscando a aprovação de seus companheiros de equipe e mesmo não conseguindo nenhuma aprovação, ele assumiu a responsabilidade e disse:

Nós estamos perdendo por seis rodadas e o jogo está na oitava. Acho que ele pode entrar na nossa equipe e tentaremos colocá-lo para bater até a nona rodada.

Fiquei admirado quando Pedro abriu um grande sorriso ao ouvir a resposta do menino. Pediram então que ele calçasse a luva e fosse para o campo jogar. No final da oitava rodada, a equipe de Pedro marcou alguns pontos, mas ainda estava perdendo por três.

No final da nona rodada, a equipe de Pedro marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a rodada decisiva, Pedro foi escalado para continuar. Uma questão, porém, veio à minha mente: a equipe deixaria Pedro, de fato, rebater nesta circunstância e deitar fora à possibilidade de ganhar o jogo? Surpreendentemente, foi dado o bastão a Pedro.
Todo o mundo sabia que isto seria quase impossível, porque ele nem mesmo sabia segurar o bastão.

Porém, quando Pedro tomou posição, o lançador se moveu alguns passos para arremessar a bola de maneira que Pedro pudesse ao menos rebater. Foi feito o primeiro arremesso e Pedro balançou desajeitadamente e perdeu.

Um dos companheiros da equipe de Pedro foi até ele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador. O lançador deu novamente alguns passos para lançar a bola suavemente para Pedro. Quando veio o lance, Pedro e o seu companheiro da equipe balançaram o bastão e juntos rebateram a lenta bola do lançador. O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem da base, Pedro estaria fora e isso teria terminado o jogo. Ao invés disso, o lançador pegou a bola e lançou-a numa curva, longa e alta para o campo, distante do alcance do primeiro homem da base.

Então todo o mundo começou a gritar: Pedro corre para a primeira base, corre para a primeira. Nunca na sua vida ele tinha corrido... mas saiu disparado para a linha de base, com os olhos arregalados e assustado. Até que ele alcançasse a primeira base, o jogador da direita teve a posse da bola. Ele poderia ter lançado a bola ao segundo homem da base, o que colocaria Pedro fora de jogo, pois ele ainda estava correndo.

Mas o jogador entendeu quais eram as intenções do lançador, assim, lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem da base. Todo o mundo gritou: Corre para a segunda, Pedro, corre para a segunda base.

Pedro correu para a segunda base, enquanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal.

Quando Pedro alcançou a segunda base, a curta parada adversária colocou-o na direção de terceira base e todos gritaram: Corre para a terceira.

Ambas as equipes correram atrás dele gritando: Pedro, corre para a base principal.

Pedro correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido o campeonato e ganho o jogo para a equipe dele."

Naquele dia, disse o pai, com lágrimas caindo sobre sua face, aqueles 18 meninos alcançaram a Perfeição de Deus. Eu nunca tinha visto um sorriso tão lindo no rosto do meu filho!

Autor e data de criação desconhecidos.

* Há pouco tempo escrevi sobre o efeito Pic-tá (http://bigwzh.blogspot.com/2010/06/efeito-pic-ta.html) e sobre o seu poder de 'fazer a diferença' em diversas questões. Pois bem, esta é uma delas: a inclusão de pessoas com deficiências físicas e/ou mentais em todos os planos. Meu desejo, ao REPUBLICAR essa mensagem é que muitos também o façam e que influenciemos a adoção de novas atitudes perante as diferenças entre os seres humanos.

** Não gosto do termo 'especiais' para crianças com deficiências físicas e/ou mentais, por melhor que seja a intenção. Para mim todas as crianças (e adolescentes e adultos e idosos...) são especiais. Só o mantive por respeito ao autor, mesmo que desconhecido.

17 de jul. de 2010

Em tempo: com Deus, tudo é possível.

W criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 04/06/2010 (wallpaper para o meu celular).W criado em 04/06/2010 (wallpaper para o meu celular).

As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
(Bíblia - Lucas 18:27)

Cada pequeno avanço na liberdade humana foi disputado ferozmente
entre aqueles que querem aumentar o nosso conhecimento
para que sejamos mais sábios e mais fortes,
e aqueles que nos querem obedientes, humildes e submissos.
E agora esses dois poderes estão se preparando para a guerra.
(A faca sutil - Philip Pullman)

Mais uma vez, assisti ao filme Desafiando Gigantes* e, dessa vez, do modo que eu mais gosto de ver filmes desse tipo: sozinho.

E, no momento em que fui escolher um filme para ver, pensei no porquê de escolher esse se já conhecia o enredo, se ainda me recordava de diversas cenas, se já o tinha visto mais de uma vez. Mas algo maior me impulsionou e fui adiante. Liguei o equipamento (vocês que me conhecem sabe o quanto eu gosto de boa imagem e de boa sonorização!) e fui me inserindo no contexto do filme.

Redescobri o chorão que existe em mim, com as cenas sobre as muitas dificuldades na vida do treinador do time de futebol americano Águias consigo mesmo, no trabalho e em casa, e quando as lamentações seguiram ao encontro de suas limitações. É muito fácil se identificar com alguém que está passando por dificuldades.

Mas eu sabia, antecipadamente, como as coisas iriam se desenrolar, as escolhas que ele iria fazer, como tudo iria mudar por conta dessas decisões - após um visitante inesperado o desafiar a acreditar no poder da fé.

Era como se eu pudesse ter a visão de Deus sobre as coisas: aconteceria isso, aquilo e depois, outra vez, isso ou aquilo outro. Os acontecimentos de nossa vida são uma espécie de cena de filme: as vezes são repetições dos fatos em outras circunstâncias e, se não conseguimos superá-la, reaparecem.

Quando encaro alguns desafios e sinto que a situação é complicada, que não estou conseguindo achar uma solução, que começo a me sentir derrotado, eu me lembro: já vi esse filme!

Sim. Quantas vezes me vi lutando contra gigantes em minha vida; quantos foram os momentos que pedi ajuda aos céus por não ver a direção a tomar; quantas vezes os meus recursos ficaram escassos e aconteceu, como nesse filme, a resposta vir de forma inesperada (não no sentido de não esperada, mas de um modo que não foi pensado!). E sempre no momento exato.

Fiquei, por alguns momentos no filme, relembrando as conquistas que tive - materiais e imateriais -, e no quanto eu ainda valorizo cada uma delas. Recordei meu esforço para conquistá-las e nas dúvidas que me atravessaram durante a jornada da conquista: sorriso e lágrimas, ao mesmo tempo, se expressaram no meu rosto.

Após o final épico do filme, quando Davi vence o Golias, ou seja, o desafio gigante é ultrapassado e com ele a sensação de estar derrotado, me veio um pensamento alarmante: O que será que me espera adiante? Quais serão os próximos desafios que terei que enfrentar?

Por alguns segundos, o pensamento me apavorou. Mas, como sempre acontece, um outro pensamento veio para me tranquilizar: eu vou superar!

Então, fico com a recordação da cena em que o treinador, diante de todo o time, num dos momentos mais marcantes do filme, fala para o Davizinho que fez o ponto da vitória dos Águias contra os Gigantes: nunca mais diga para si mesmo ser incapaz de fazer algo.

Wellington de Oliveira Teixeira em 17 de julho de 2010.

* http://www.desafiandogigantes.com/

10 de jul. de 2010

Senhor da dor - duas faces

Senhor da dor, criado Wellington de Oliveira Teixeira, em 10/07/2010Senhor da dor*, criado em 10/07/2010


Solidão a dois
De dia faz calor, depois faz frio.
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto, eu penso em homicídio.
Mas, no fundo, eu nem ligo...
(Eu queria ter uma bomba - Barão Vermelho)


Senhor da dor

Quem é esse Senhor que vence com dor?
Que fechou o portão e impediu o amor?

Amá-lo é bem perigoso: ele impõe o seu mundo.
E, se tentar se explicar, ele o faz ficar mudo.

E ao vê-lo perdido,
pode crer, finge tudo.
E ao vê-lo vencido,
pode crer, força tudo.

Se erguer seu olhar, terá um superior.
E pra que se humilhar? Ele é imune a dor!

Parte em dois o caminho, com pesar eu sussuro.
O que sobra de tudo só se mostra no escuro.




Listen, I am alone at a crossroads
I'm not at home in my own home
And I've tried and tried to say what's on mind
You should have known
(Listen - Beyoncé)



Senhor da dor

Quem é esse senhor que vence a dor
quando fecha o portão e impede o amor?

Amar é bem perigoso: ele impõe o seu mundo.
E, se tentar explicar, ele o faz ficar mudo.

E pra vê-lo perdido,
pode crer, finja tudo.
E pra vê-lo vencido,
pode crer, force tudo.

Se erguer seu olhar, tenha um superior.
E pra que se humilhar? Seja imune a dor!

Parta em dois o caminho, com pesar eu sussuro.
O que sobra de tudo só se mostre no escuro.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 10 de julho de 2010.

* Tudo tem mais de um ângulo, mais de uma versão, mais de uma face: há quem está do lado de quem é senhor e quem prefere ser senhor de si.

7 de jul. de 2010

Algumas pessoas se encontram

Encriptado, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 11/07/2007
Encriptado*, criado em 11 de julho de 2007

Não pôde dizer mais nada. Pôs-se bruscamente a soluçar.
A noite caíra. Larguei as ferramentas.
Ria-me do martelo, do parafuso, da sede e da morte.
Havia numa estrela, num planeta, o meu, a Terra, um principezinho a consolar!
Tomei-o nos braços. Embalei-o...
Não sabia o que dizer. Sentia-me desajeitado.
Não sabia como atingi-lo, onde encontrá-lo...
É tão misterioso o país das lágrimas!
(O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

Creio que não sou uma pessoa que se apresse a fazer avaliações e nem alguém que goste de fazer julgamentos. Acredito que a força dos encontros transcende e marca outros níveis que não o da superfície dos eventos - se é que algum evento, em si, tenha profundidade. Idéias interessantes não surgem com facilidade: diria que, em sua maioria, são uma gestação lenta das vivências, ativadas por um elemento disparador.

Um encontro é capaz de provocar sensações, gerar identidades nos seres que participam dele. Uma causal probabilidade de haver um céu claro com uma lua brilhante e alguém olhando pode até mesmo ser traduzida como romantismo (inclusive ser capaz de gerar música, poemas, fotos, pinturas, beijos… e muitos outros encontros).

É possível se questionar sobre os tipos de encontro, já que, enquanto uns produzem forças que nos impulsionam à vida, outros vêm enfraquecer um ou mais de seus participantes. Talvez, uma questão de dosagem, essas vertentes do encontro – uma potencializa e a outra degrada – não devem ser características em si de cada participante, mas, e apenas isso, uma construção que só se efetiva na junção destes – é algo que transcende a eles. E, assim sendo, não tem como ser controlada, talvez, buscada ou evitada.

Esta questão, levada ao extremo, pode ser exemplificada assim: um encontro com uma bebida alcoólica pode apenas desinibir, criar um ambiente propício à liberdade de comunicação ou pode encaminhar alguém à morte, ao dirigir embriagado.

Mas o que determina um encontro? É algo anterior, interior, superior ou apenas uma inevitabilidade, pois a ordem dos encontros faz parte da vida e nela se mantém?

Creio que muito do que escrevo, pensando estar sendo muito claro, será apenas um texto codificado, encriptado, para você. Mas basta-me saber que você está absorvendo o encontro de seus olhos com a mídia onde essas palavras foram produzidas, esse texto e suas experiências anteriores e que será apenas uma questão de tempo o ser capaz de se apropriar destas palavras e torná-las suas ou refutá-las.

Para mim, o fato é que, agora, a provocação já existe por que foi retirada do campo das possibilidades e efetivada com um objetivo definido, mas não definitivo: fazê-lo refletir acerca do que seja um amigo.

Há algumas pessoas na vida com as quais não se tem muito contato pessoal – talvez, em um ou outro aniversário, algumas 10 palavras ou nem isso – e para alguns, neste mundo de muitas palavras e poucos pensamentos, isso seria o suficiente para negar um bom relacionamento. Isto é, para aqueles que não compreendem uma pequena lei universal: os semelhantes se atraem, principalmente os seres pensantes.

Um grande abraço e Cai na PAz!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 11 de julho de 2007.

* A imagem é uma restauração da imagem original que estava em um arquivo pdf.

26 de jun. de 2010

Assassinos


Defeito no olhar, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 26/06/2010.Defeito no olhar, criado em 26/06/2010*.

A minha alma tá armada e apontada para cara do sossego!
Pois paz sem voz, paz sem voz, não é paz, é medo!
"Qual a paz que eu não quero conservar, prá tentar ser feliz?"
[Minha alma (a paz que eu não quero) - O Rappa]


Soube hoje que, em São Gonçalo-RJ, uma criança foi assassinada e largada em um terreno baldio porque era emo e emo é viado.

Os skinheads que o mataram (que tinham o dobro do tamanho e o triplo do peso do menino) disseram que excederam na dose, que era só para dar umas porradas, porque odeiam homossexuais.

Até quando as pessoas aceitarão que a intolerância faça parte de suas vidas?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 26 de junho de 2010.

* Arte sobre a escultura grega Ares Ludovis atribuida a Escopas
** Enquanto a Justiça for cega e cruzar os braços diante das torturas físicas e emocionais praticadas por alguns grupos não pode haver paz na terra.

20 de jun. de 2010

A impotência do calar-se

Impotência, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 20/06/2010Impotência, criado em 20/06/2010

O ignorante estabelece critérios que desclassifiquem o conselho alheio,
em prol da sua falta de conhecimento,
busca estabelecer ideias falsas sobre si mesmo
e o mundo que o cerca de forma errônea...
Ignorância é não saber, e não saber que não se sabe.
(http://pt.wikipedia.org/)

A Estratégia:
Os gregos colocaram diante das muralhas de Tróia um imenso cavalo de madeira e fingiram a retirada.

A Percepção afiada:
O sacerdote troiano Laocoonte advertiu seus compatriotas de que poderia ser um truque.

A Incapacidade de entendimento:
O rei ignorou o conselho e apenas se deixou encantar com a imensa obra de arte.

O Resultado:
Na calada da noite, Tróia é conquistada.

O Castigo:
Atena que estava do lado dos gregos, resolveu se vingar de Laocoonte por ter quase atrapalhado seus planos e enviou duas serpentes gigantescas que saíram do mar e envolveram-no e a seus filhos: o desespero no seu semblante de lutador é a impotência de um pai de não poder auxiliar aos filhos.

A Moral da História:
Apesar de a impotência - em qualquer nível - ser uma merda, diante da ignorância, melhor se calar!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 20 de junho de 2010.


* A base desse artigo e da arte é a história de Laocoonte e seus filhos de Agesandro, Polidoro, e Atenodoro: Leia em http://www.sampa.art.br/historia/laocoonte/ (dica observe a beleza da escultura em ambiente natural).

19 de jun. de 2010

O coração de um homem

Coração de um homem, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 19/06/2010.Coração de um homem, criado em 19/06/2010.*

Você pode dizer adeus a sua família e a seus amigos
e afastar-se milhas e milhas e, ao mesmo tempo,
carregá-los em seu coração."
(Telling The Truth - Frederick Buechner)

O coração de um homem não é algo que possa ser resumido, nem ampliado, nem explicado, nem compreendido. Vai além, muito além de qualquer palavra ou significado.

Não é apenas um símbolo com imenso poder: o coração, de órgão à emoção, é a imagem daquilo que forma o humano em nós.

Carrega dentro de si os mais poderosos elementos que alguém pode ter: do ódio ao amor, da fraqueza à força,
da covardia à honra, da mesquinhez à bondade, do ínfimo ao glorioso.

Não há força que o possa deter em sua trajetória. Ele ultrapassa qualquer obstáculo, torna o sofrimento em esforço, a metade vazia na que está cheia, o orgulho sem dignidade na humildade que leva ao crescimento.

É tudo isso ao mesmo tempo, e não em singular - pluralidade é a sua marca.

Há muito que, por causa dessa mistura de elementos, conquistou a fama de ser traiçoeiro e com a capacidade de arruinar ou de enobrecer seu possuidor.

E percebam, como eu, que dono é uma palavra frágil para quem o carrega, já que muitas das vezes é ele quem conduz os passos.

Um jovem harpista e poeta hebreu escreveu Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.
(Salmos 51:10).

Talvez, seja esse o grande mérito de um filme** que acabo de assistir: mostrar o coração em seu lado puro e grandioso, aquele que bate, se expande e se contrai e, no seu esforço, sustenta todo o ser com vida.
Invictus
William Ernest Henley - Trad.: André C S Masini ***

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 19 de junho 2010.

* Arte com base na escultura de Fídia (Acropole em Atenas-Grécia) representanto Dionysus, deus do vinho. Veja em: http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/gr/f/figure_of_dionysos.aspx
**
Invictus, filme de Clint Eastwood, mostrando como Nelson Mandela (Morgan Freeman) usou o esporte para unir a população e vencer o apartheid.
***
http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g12_traducoes_do_ingles/invictus_henley_masini.html

15 de jun. de 2010

Vinni com Vinte e Um

Vinni Alô, Adeus. Eu te vejo do outro lado.*, criado em 15/06/2010.

Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo:
Porquanto com amor eterno te amei, por isso com bondade te atraí.
(Bíblia - Jeremias 31:3)

Gosto de recordar o desafio que eu fiz num momento seu de baixa estima,
numa casa de show em São Gonçalo:
vá dar uma volta e não me volte sem uma história de beijo pra contar.
E não é que você voltou feliz da vida?
('O Vinni que eu conheço - texto desse blog)

Fiz as contas hoje, pela manhã: no dia 20 deste junho seriam 21 anos de um brilho que, antes da duração, queria a intensidade e uma intensidade sem controle.

_ 'Eu quero o caos!'

Erra grandemente quem achar que essa manifestação demonstrava uma desordem pessoal, pelo contrário, sua busca de plenitude, de sua expressão no mundo era algo que o inquietava e o levava sempre adiante.

Exasperado ficava eu, em várias oportunidades, quando o via enveredando os caminhos sem o mínimo de cuidado.

Seu esoterismo marcava uma certa ambiguidade: ao mesmo tempo em que o tornava ciente da amplidão do universo o provocava a colocar o universo dentro de si. Mas quão poucos não buscam exatamente a mesma coisa: Deus em si.

Quem não pode ver sua timidez perder totalmente a dianteira para a ousadia, não conheceu a sua capacidade de amar pois, o querer tudo ao mesmo tempo, agora, também era um aspecto do seu amor.

Seu grupo era sua referência e seus apelidos (gas mask toy, sbuga, vinni, etc.) tinham a ver com o estilo gótico como se vestia (ele realmente usava uma máscara de gás em seus shows).

Claro que alguém assim tem muita personalidade e gera alguns embates com os outros (me incluo, aí). Vários amigos o ouviram reclamar do modo como eu o forçava a repensar suas propostas de vida - principalmente com relação à sua saúde -, ao mesmo tempo em que o viam ao meu lado e rindo sem limites: feliz. Que fique claro que este era o seu modo de ser com seus amigos: para criar novos espaços para a relação, ele forçava todos os limites.

Quem conhece alguém assim, sabe: é do tipo que se ama ou se odeia. Mas aquele baixinho até isso conseguia driblar, pois nunca ouvi de ninguém (mesmo daqueles que no momento estivessem irados com ele) frases de ódio a seu respeito.

Talvez, e por um segundo apenas, eu mesmo, quando soube que estava em coma por desrespeito ao seu diabetes. Nesse mesmo dia, eu escrevi um texto em forma de conversa com ele, numa tentativa de alcançá-lo. Este texto encontra-se nesse blog com o título O Vinni que eu conheço. O endereço é http://bigwzh.blogspot.com/2008/04/auto-fotografia-sei-que-o-que-eu-estou.html.

Hoje, comecei o dia remexendo meus arquivos no computador quando deparei, na pasta que o Pablo criou para si, com uma foto com qualidade bem ruim, do Vinni tocando na Candelarium - a banda que ambos pertenciam. Me dispus a tentar recuperar um pouco e acabei viajando na ideia. Naquele momento me recordei que estamos em junho - mês do aniversário do Vinícius - e foi quando eu calculei a sua idade caso estivesse entre nós. Vinte e um.

Pra mim, o seu silêncio carrega uma inverdade - não está morto enquanto a sua vida continua dentro de mim -, mas também uma verdade - a falta da sua presença ainda me dói.

Então, meu guri, vou antecipadamente desejando um feliz aniversário, aonde quer que você esteja, e lhe fazendo um pedido: reserve um lugar, aí, pra mim, onde eu possa compartilhar o seu sorriso e abraçá-lo por mais do que apenas um momento**.

Com amor eterno.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 15 de junho de 2010.

* Fotos base tiradas em 26-11-05, no Recreativo Trindade (São Gonçalo-RJ)
** Trecho da Música Noah, hello, goodbye (Michael W. Smith)

8 de jun. de 2010

Não querer mais que bem querer

Talheres - Arte sobre foto*, criado em 08/06/2010.

O amor é bom, não quer o mal. Não sente inveja ou se envaidece...
É um não querer mais que bem querer.
(Monte Castelo - Legião Urbana)


Sabe, queria ser bem romântico ao escrever esse texto, mas fiquei obstruído. Amar é complicado. Ser amado é tanto ou mais. E tentar unir esses amores... [haja esforço!].

Mas se a humanidade, após séculos e séculos, ainda busca esse encontro idealizado, talvez, e reparem que eu disse talvez, haja um grande possível nele que ultrapassa todas as outras questões.

Você, assim como eu, já deve ter a sua coleção favorita de músicas românticas [mesmo que não queira confessar!]. E, entre tantas falando sobre o amor, fiquei bastante encucado [intrigado, cismado; preocupado, inquieto.] com a frase de uma delas: 'É um não querer mais que bem querer.' Convanhamos: que maneira complicada de dizer que querer bem [a alguém ou a algo] é a única coisa que se deseja!

Mas, ser pensante que sou, saí em busca de entender as razões da frase. Me recordei que no encarte do cd Quatro Estações havia um comentário de que a música Monte Castelo era uma adaptação de um poema de Luis de Camões (soneto número 11) e de um texto da Bíblia (I Coríntios 13). Descobri então que o trecho da música que havia me encucado [agora você já sabe o que é, né?] é uma citação direta do soneto, que transcrevo abaixo [viva São Google. Santa Wikipedia, Batman!]:

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Para o Renato Russo, a resposta à pergunta de Camões contida nos últimos versos [que pergunta? Se o amor é tão contrário a si mesmo, como pode seu favor (sua atuação) causar (gerar) a amizade nos corações humanos?], encontra-se no texto bíblico de I Coríntios 13. Lá o amor ganha o status de a potência máxima da vida:


'Ainda que eu [cita trocentas coisas] e não tivesse amor, nada seria.'
'O amor nunca falha;'
'Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.'

Mas tem uma coisa a mais [Ser Pensante é FlÓriDA!]: ele entitula a música de Monte Castelo [olhe a citação no final do texto com **], e mistura ódio (uma guerra mundial) e amor [será que é só para complicar as coisas?].

Pensei, pensei... [saiu fumaça...] até que me lembrei de uma aula na faculdade, onde o professor de filosofia Claudio Ulpiano [esse era Ser Pensante, mesmo!] mandou essa: o amor e o ódio estão na mesma face de uma moeda. A indiferença é que está do outro! Cá com meus botões, será que o Renato teve aulas com ele, também? Talvez por isso é que ele simplesmente decreta: É só o amor que conhece o que é verdade.

Isso tudo para dizer 'eu te amo'. E eu lhe pergunto: será que o meu amor sabe disso?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 08 de junho de 2010.

* A foto base dessa montagem está disponível em:
http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom?gwt=1&uid=810050098124745897&aid=1233812923&pid=1274843911441

** A Batalha de Monte Castello foi travada ao final da Segunda Guerra Mundial e marcou a presença da Força Expedicionária Brasileira entre as tropas aliadas que tentavam conter o avanço das forças do Exército alemão, no Norte da Itália. [wikipedia, é claro!]

6 de jun. de 2010

Efeito pic-tá

Rizoma - autor da foto não disponível Rizoma - autor da foto não disponível


O rizoma da botânica, tanto pode funcionar como raíz, talo ou ramo,
independente de sua localização na figura da planta.
Para Deleuze e Guattari, o rizoma, como um sistema a-centrado,
seria, portanto, a expressão máxima da multiplicidade
em detrimento às condições de um todo disciplinador,
um totalitarismo estrutural (raiz e radícula).
Sustentam que a estrutura do conhecimento não deriva,
por meios lógicos, de um conjunto de princípios primeiros, mas sim
elabora-se simultaneamente a partir de todos os pontos
sob a influência de diferentes observações e conceitualizações

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Rizoma_%28filosofia%29)



Já brincou de pic-tá?

Ih!, melhor definir, pois cada lugar tem seu nome para a brincadeira, certo? Pois bem, a brincadeira consiste em uma pessoa que é escolhida como o pegador e os outras que precisam fugir para não serem tocadas pelo pegador ou por quem ele já tocou.

O interessante dessa brincadeira é a virada que acontece.

De início o pegador é o solitário. Ele é o único do seu lado e precisa de um esforço enorme para conseguir alcançar mais um. Mas, ao conseguir, as coisas começam a facilitar um pouco, pois são dois em busca do resto.

Já percebeu, não é? Chega o momento em que as forças se equilibram e, rapidamente, os pegadores se tornam maioria, exigindo um grande esforço para fugir por parte do grupo intocado.

Vejo, no dia a dia do mundo em que vivo (deve haver outros!), o que chamo de efeito pic-tá acontecer muito esporadicamente: aqueles que estão na minoria, dificilmente se esforçam para encontrar aliados para facilitar o ultrapassamento de suas questões - mesmo quando cobertos de razão.

E, por incrível que pareça, todos acham isso normal, isto é, até que aconteça com você.
  • Um produto com defeito e a firma não quer trocar ou consertar;
  • O funcionário do balcão que vai atendendo 'os conhecidos' primeiro, mesmo que você tenha chegado antes;
  • O carro que tem problemas sérios de segurança e, sem a determinação da justiça, a montadora não faz o seu 'recall' ou seja, chama as pessoas prejudicadas para a substituição ou acerto da peça que causa o problema;
  • A companhia telefônica que não faz a cobertura de modo correto e faz um menu de secretária eletrônica 'inteligente' que não entende nada do que você diz (nem mesmo quando, mais do que impaciente, você xinga);
Poderia continuar a lista, mas acho que você já está fazendo isso, não é mesmo?

A cultura da impotência parece estar enraizada em um povo que, durante muito tempo, teve seus direitos cassados. Mas como se produz algo novo nesse campo, ou seja, uma mentalidade afirmativa em que Direito é direito, não é esmola, não é concessão, não é caridade?

A falta de educação formal pode contribuir para essa passividade, a pobreza também: quando a sobrevivência está em primeiro plano não dá para se preocupar com firulas ou frescuras. E lá vai mais uma criança trabalhar no campo, nas cerâmicas, nas tecelagens e nas fábricas de produtos eletro-eletrônicos (mãos pequenas são ótimas para lidar com transistores...). E, é claro, deixar de estudar.

Na contramão disso, há pouco tempo, tivemos uma mobilização popular imensa em favor do projeto Ficha Limpa, que impede políticos julgados por crimes de qualquer tipo possam se reeleger ou se eleger. Percebo três coisas muito importantes que a marcaram. A primeira é que as adesões cresceram exponencialmente, por meio da internet. A segunda, é que conseguiu mobilizar as pessoas para atos e manifestações, inclusive no Congresso brasileiro. A terceira, é que foi vitoriosa. Se você consegue avaliar, foi exatamente o efeito pic-tá em ação.

Outros processos se valeram desse efeito: quando as mulheres cansaram de ser espancadas ou desrespeitadas; quando os negros e descendentes diretos se cansaram da dominação; quando os gays desistiram de ficar 'no armário' para não serem agredidos; quando se percebeu que os idosos, as crianças e adolescentes estavam desamparados pela legislação. E por aí vai.

Hoje em dia, na internet, classificamos um movimento de viral quando ocorre a multiplicação de indivíduos que repassam algum tipo de questão, informação ou campanha por meio de sua lista de contato, e estes repassam adiante, multiplicando com isso os esforços. Ocorre, também, na distribuição de conteúdo dos projetos de leis em curso por blogs, sítios e portais que repassam informações como endereços eletrônicos e telefones das casas legislativas e de políticos e informam quando há uma tentativa de 'virada de mesa' por parte destes. Tudo isso simultaneamente. Entendeu o rizomático da minha citação?

Eu acredito que é preciso incentivar essa onda. O nosso povo deseja uma mudança. Não uma revolução de armas, mas de paradigmas: a metanoia - mudança de mente, conversão.

E, é claro, você pode começar a fazer a diferença. Vai passar adiante essa idéia?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 06 de junho de 2010


* No meu orkut comecei uma campanha diferente: Não ao vacilo!

4 de jun. de 2010

Um anjo de cueca branca

sem título, da zimzoo.com

Não vos esqueçais da hospitalidade,
porque por ela alguns, não o sabendo,
hospedaram anjos.
(Hebreus 13:2)

Já dominamos a energia do vento, dos mares, do sol.
Mas no dia em que o homem souber dominar a energia do amor,
será algo tão importante como foi a descoberta do fogo.
(Teillard de Chardin)

O amor é uma doença da qual ninguém quer livrar-se.
Quem foi atacado por ela não procura restabelecer-se,
e quem sofre não deseja ser curado.
(ditado persa)


Para quem estranhou esse título e a ilustração escolhida, peço um pouco de paciência. Tem tudo a ver com um acontecimento que tive a oportunidade de vir a conhecer, por meio do relato de uma pessoa amiga e que vou narrar, agora. Aconteceu na véspera de um feriado de corpus christ, como esse de hoje.

Essa pessoinha gosta muito de viver intensamente e é bastante ativa: agenda social lotada, faz parte do seu cotidiano. Está sempre cercada de companheiros - amigos e amigas - em todos os lugares.

Vibrante poderia ser dito que é uma outra grande característica dela: ainda não aconteceu, mas o clima já está 'tenso' - uma expressão que ela me ensinou, a pouco tempo, e que serve para dizer praticamente tudo, principalmente vibrante e exuberante, desde que ocorram simultaneamente. A língua portuguesa brasileira é pródiga em se superar!

Quem costuma se utilizar de mensageiros eletrônicos (messenger ou outro) sabe que basta acrescentar um emoticon (imagem que denota um sentimento) em suas frases para que ganhem mais força de expressão. E numa dessas conversas noturnas, após minha chegada do trabalho, tive uma grande surpresa. O diabinho vermelho e saltitante estava em dose dupla na frase: o clima do outro lado estava 'tennnnnsoooo'.

Curioso com tanta agitação, pensei 'o que aconteceu?'. E eu, rapidamente, digitei a pergunta. A resposta inesperada foi a de que ela tinha encontrado um milagre, um acontecimento sem par, algo como se alguém tivesse um unicórnio trotando em seu quintal.

As frases que se seguiram, até agora, me fazem rir:

Acabei de ficar com um garoto que nunca vi na minha vida. Cara ele foi embora.
Ele chegou à meia noite, disse que era de São Paulo, que veio ver a vó dele, etc.
Conversamos.
Meu deus, estou de boca aberta comigo. ASUHASUHSAHUAS.
Muuuuuuuuuuuuuito feliz.
Nossa ganhei meu dia, completamente! Nossa, estava sem fôlego.
Que cueca box branca perfeita. Fiquei louco só de olhar.
Eu quero que todo dia bata um desconhecido assim na minha porta!

Estou até acostumado com as explosões emocionais dessa pessoa, mas nunca tinha visto com tal intensidade: Os diabinhos saltitantes estavam em todas as frases.

Acontece que eu acredito que vida é um caldeirão de vivências e que podemos aprender com cada uma - as nossas e a de nossos semelhantes. E, esse episódio, é marca registrada disso: a vivência de alguém transbordar e contagiar quem dela participa ou toma conhecimento. Pra mim, isso é potência de vida. E é bom que todos possam desfrutar de momentos que os elevem à enésima potência de sua alma. Confesso ter ficado um pouco enciumado com a força da sua experiência.

Ainda falamos de livros, de encontros com amigos, quando a poeira baixou um pouco. No fim da conversa, algo me inspirou a dizer: 'vai sonhar com o seu anjo... hora de eu ir dormir.'

E, já na minha cama, antes de fechar os olhos imaginei um anjo de cueca branca.

Tive que rir.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 04 de junho de 2010.


* Porrinha é uma figura!

3 de jun. de 2010

O sabor do inesperado

Dor, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 03/06/2010Dor, montagem com escultura grega antiga em 03/06/2010.

A vida sem freio me leva, me arrasta, me cega
no momento em que eu queria ver.
O segundo que antecede o beijo, A palavra que destrói o amor
Quando tudo ainda estava inteiro No instante em que desmoronou
Palavras duras em voz de veludo E tudo muda,
Adeus velho mundo.
Há um segundo tudo estava em paz.
Cuide bem do seu amor. Seja quem for...
(Cuide Bem Do Seu Amor - Os Paralamas do Sucesso)

"Vem e me diz o que aconteceu, Faz de conta que passou
Quem inventou o amor? Me explica por favor.
Enquanto a vida vai e vem, você precisa achar alguém,
que também possa lhe dizer: 'Quero ficar só com você'.
Quem inventou o amor?"
(Antes Das Seis - Legião Urbana).


Preciso escrever algo bem intimista. Produto deste feriado e da frente fria que veio com ele. Vontade de ficar encolhido, enrolado, protegido.

Gosto de novidades, mas, como uma grande parte da população, fico receoso quando a encaro: dizem que temos medo do novo ou do diferente.

As possibilidades produzem um pouco do efeito surpresa e muitos preferem não ter expectativas relativas a algo ou a alguém. Protegem-se, com certeza, com essa atitude. Mas a que preço?

A espera e a esperança carregam o desconhecido consigo, porque estão sempre no futuro e sempre na incerteza, do mesmo modo que a expectativa.

O mais interessante disso é que, mesmo quando já intuímos algo, ou antecipamos um acontecimento, dificilmente agimos. Assim, o necessário nos atropela ou nos faz desviar da rota que havíamos traçado.

Pena? Não sei. A vida não é uma linha reta e percursos se cruzam em locais e momentos diferentes. Nova chance? Não sei. Pode ser...

E, a despeito do que possamos encontrar em algo ou alguém, do quanto possamos nos assustar com as novidades, é melhor ter sempre descobertas que viver na mesmice.

Um grande barato desta vida é o fato de, a cada passo que
você dá, ser supreendido: o inesperado é uma das maiores potências desta ordem em que vivemos. Ao contrário do sal, o inesperado não tem dosagem exagerada e, talvez seja ele o tempero que torna este mundo mais saboroso.

Alguém quer um salzinho para colocar na batatinha frita?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 03 de junho de 2010.

* Me reapaixonei pela cultura grega. Antes eram as filosofias de vida, agora são as esculturas.

30 de mai. de 2010

A vida corrida

Corrida - autor desconhecidoCorrida, não consegui achar o autor da montagem

Amor é uma benção.
Amar e ser amado é como um extraordinário tesouro que é enviado, do céu, para alguém.
(Amor - Wellington de Oliveira Teixeira)

A vida é uma cachoeira
Nós bebemos do rio, depois o rodeamos e levantamos nossas cercas.
Nadando através do vazio, nós escutamos a palavra,
Nós nos perdemos, mas achamos tudo o mais.

(Aerials - System of a down - trad. Wellington O Teixeira).


Sejam de curta ou longa distância, ou de velocidade, com ou sem barreiras no percurso,
corridas fazem parte do cotidiano de todos: a maratona da vida.

A maratona envolve grande resistência física, e sua origem é atribuída à distância que teria percorrido Filípides, um soldado grego, para anunciar a vitória dos helenos sobre os persas: da planície de Maratona (onde ocorreu a batalha) até a cidade de Atenas.

Antes de assumir o caráter esportivo, as competições tinham um caráter religioso: o espírito agonístico era composto do ideal do belo, do heroísmo sagrado e do espírito de disputa. A preocupação com a formação do caráter de um cidadão e do guerreiro passava por aprender estratégias e técnicas e praticá-las.

A vida de alguém pode ser comparada a uma corrida e, dependendo da pessoa, tem curta, média ou longa duração - sendo, para todos, uma maratona de desafios.

As escolhas do caminho em que seguir, dos alvos, dos momentos de ultrapassagem, o que usar, a força de vontade, tudo tem o poder de modificar o resultado.

Às vezes os obstáculos impedem apenas um determinado trecho do caminho e são como os desafios que encontramos na vida para conquistar uma etapa de nosso desenvolvimento. São geradores de tensões, de temores, de inseguranças, mas os propulsionadores de nossas ultrapassagens e conquistas de novos patamares.

Há, porém, aqueles que são os produtores de impotência, do sentimento do vazio da ausência. Os que fazem com que os corredores saiam da corrida, antes do término esperado. São acidentes de percursos que estabelecem o fim de um curso de vida.

E a linguagem figurada, aqui usada, é um mecanismo de defesa para reduzir a dor, a tristeza, porque diz da perda dos companheiros de vida, de amigos e amados que se foram, precocemente. Daqueles que percorreram apenas os 50 ou 100 metros e chegaram ao fim de sua jornada.

Aqui fica a minha homenagem a esses corredores-guerreiros que marcaram a minha vida.**

Wellington de Oliveira Teixeira, em 30 de maio de 2010

* Produzi um musical gospel chamado The race is on (A corrida continua/Foi dada a largada no Brasil) que trabalhava essa questão da vida como uma maratona. Até hoje eu sou apaixonado pela música que deu o título ao musical (letra de Deborah D. Smith e música de Michael W. Smith)
** Tentei de várias maneiras, e várias vezes, colocar os nomes aqui, mas não consigo. Meu amor é inteiro: não dá pra falar de ausência, quando estão tão presentes em mim.

23 de mai. de 2010

Beijo de anjo

beijo de anjo, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 22/05/201Beijo de anjo, criado em 22/05/2010.

Anjo [do latim angelus e do grego ággelos (ἄγγελος), mensageiro],
criatura celestial, acreditada como sendo superior aos homens,
que serve como ajudante ou mensageiro de Deus.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Anjo)

Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e
para te conduzir ao lugar que te preparei".

(Bíblia - Êxodo 23:20)
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito,
para te guardarem em todos os teus caminhos.

(Bíblia - Salmo 91:11)

Tenho vivido momentos de grande atividade, muitas responsabilidades e poucos momentos para expressar as muitas questões e entendimentos que provocaram o meu pensamento nesses dias.

O acesso por internet a muitos dos meus queridos amigos e familiares foi, praticamente, o que pude me permitir. Contatos muito importantes, pois foram eles que me deram a sensação de alívio diante da ausência dos encontros pessoais.

Por conta desta realidade, a necessidade de escrever mais, de desenhar mais, de conversar mais fez-se essencial para que o vazio não tomasse conta.

Tomado por essa vontade imperiosa que me provoca os sentimentos, resolvi unir em uma única imagem uma imagem minha e diversas fontes artísticas de imagens recebidas dos amigos (espero, em breve, postar o nome dos autores). Sinto como se tivesse feito um remix (termo usado pelos DJs, em suas montagens), entre meus sentimentos e as propostas artísticas dos outros autores, sem perder - creio que os que conhecem meu trabalho poderão confirmar - a minha marca registrada.

Se eu pudesse inserir na imagem uma trilha sonora, gostaria de poder adicionar a música de Sarah McLachlan intitulada Angel (tema do filme City of Angels - ou Cidade dos Anjos, no Brasil - versão com Nicolas Cage e Meg Ryan).

Tomei a liberdade de traduzir o poema da música e reproduzo, abaixo, para demonstrar as sensações de melancolia e impotência que nos acometem e a vontade de encontrarmos um oásis nesse solitário deserto - uma presença amiga e querida, que nos produza um momento de tranquilidade e paz.

Dessa vez, tanto a arte quanto a tradução vai para o anjo que esteve ao meu lado e entendeu a minha ausência.
ANJO
Use o seu tempo aguardando por uma segunda chance,
por um momento que torne tudo melhor.
Sempre existe uma razão para não se sentir inteiramente bom
e isto é difícil, ao fim do dia: eu preciso de uma distração.
Ah belo descanso, memórias escoam de minhas veias,
deixe-me ficar vazio e sem peso e, talvez,
eu encontre essa noite alguma paz ...

nos braços de um anjo;
voe para longe daqui, deste quarto escuro e frio e da vastidão dos medos;
seja arrancado das ruínas de um quieto devaneio;
fique nos braços de um anjo e consiga, ali, algum conforto.

Você está cansado demais de seguir em frente e de, para onde virar,
ter abutres e ladrões atrás: a tempestade só piora.
Você continua a preencher as linhas inventando algo paras as lacunas de sua vida:
não faz nenhuma diferença escapar uma última vez.
É mais fácil acreditar nesta doce loucura,
nesta formidável melancolia que me subjuga.

Nos braços de um anjo talvez consiga algum conforto.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 22 de maio de 2010.

* Para MP que, mesmo estando sempre distante, soube estar muito próximo de mim e me apoiar.

20 de abr. de 2010

Monstro oculto nas sombras

O lado horrendo, criado em 20/04/2010.


Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade,
a benignidade, a bondade, a fidelidade.
A mansidão, o domínio próprio;
contra estas coisas não há lei.
(Bíblia - Gálatas 5:22-23)

Pessoas, às vezes, se tornam irreconhecíveis até para si mesmas, por alguns momentos.

Coisas que poderiam ser nada se apoderam dos sentimentos e nublam as referências de vida, retiram completamente a objetividade das ações: num segundo, seu modo conhecido de agir se desfaz.

Vejo isso acontecer mais vezes do que gostaria. Inclusive por que no período de duas semanas me vi protagonista de fatos assim, em duas ocasiões. Mesmo que tenha causado mais mau a mim mesmo que a outrem, não consigo ver um modo de justificar isso.

Uma vez, conversando com amigos, tomei conhecimento de ciúmes que avassalam vidas, de iras que mantém prisioneiros muitos e que encaminham à escravidão do ódio.

Nunca havia percebido que o gostar muito pode ser o disparador de ações nocivas quando o desejo sufoca. Que sem domínio próprio a mistura doçura-agressão pode tornar-se descontrolada e fazer adoecer.

Eu tenho aprendido que o jogo de gato e rato é algo que não deve fazer parte de minha vida e que se algo ou alguém está disponível tem que ser de modo natural e espontâneo, pois mesmo que haja a vontade pode não ser o momento nem o lugar de algo acontecer.

Descontrole de falas, de gestos, de respeito: é incrível ver o corpo reagir desproporcionalmente em qualquer ocasião. Parece, como num filme de terror, o assalto do monstro que estava oculto nas sombras.

Muito ruim sentir-se assim. Melhor não se aproximar do fogo que permitir que chamas incendiárias alcancem os bons sentimentos e os gestos mais ternos de carinho.

Avalio que, quando algo assim acontece, é preciso expressar melhor o auto-controle e urgentemente desfazer alguns caminhos trilhados.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 20 de abril de 2010.

* Tem horas que, mesmo o mais equilibrado que eu consiga ser, há uma dissociação latente que vem à tona.

28 de fev. de 2010

Intenções viciosas

Intenções viciosas, criado em 28/02/2010.

Quantas intenções viciosas há assim que embarcam, a meio caminho, numa frase inocente e pura!
Chega a fazer suspeitar que a mentira é muita vez tão involuntária como a transpiração."
(Dom Casmurro - Machado de Assis)


Estou pensando em como, tantas vezes, sorrimos e disfarçamos um olhar que está tomado pela presença de alguém.

Estou refletindo no porquê de não desejarmos a transparência total em ser e estar, qualquer que seja a situação ou lugar.

Estou perplexo por a gente fingir que não sente o que sente, distrair-se para não ser levado por uma onda de sentimentos que podem ser avassaladores.

Estou tentando achar motivos para que a gente tente enganar a si mesmo em alguns momentos.

E acabo sempre me dando a mesma resposta: medo de sofrer.

E, por conta desse medo, concluo que desistimos de uma parte importantíssima de nós ou abrimos mão de uma experiência que poderia ser nova e plena.

Desorientação é um mecanismo de poder muito usado - até contra si mesmo.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de fevereiro de 2010.

* Algumas vezes, me recordo dos momentos fantásticos que compartilhamos e da sensação mágica que ficava muito tempo depois. Dava vontade de cantar...

"Depois de ter você Pra que querer saber que horas são,
Se é noite ou faz calor, Se estamos no verão Se o sol virá ou não
Ou pra que é que serve Uma canção como esta?
Depois de ter você Poetas pra quê? Ou deuses, as dúvidas
Pra que amendoeiras pelas ruas?
Para que servem as ruas?
Depois de ter você…
"
(Depois de ter você - Adriana Calcanhoto)

26 de jan. de 2010

Fugindo das armadilhas

Fugindo das armadilhas, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 26/01/2010Fugindo das armadilhas*, criado em 26/01/2010.

Eu gosto tanto de você Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar Subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer
(Apenas Mais Uma De Amor - Lulu Santos / Nelson Motta)

As férias começaram e logo uma chatíssima virose veio conviver comigo (e com um monte de gente amiga). Tudo bem, já deu pra ir a praia, piscina, festas em boates e bares. Mas os planos eram bem maiores.

O que fazer? Quais as opções ou a falta delas? Como reagir e não perder o mais precioso tempo do ano?

Todo mundo já sabe: quando o médico não consegue definir seus sintomas ele diz 'Virose' e você sai de lá com aquele ar de 'Pra ouvir isso não preciso ir ao médico, todo mundo fala a mesma coisa' e, é claro, ri de si mesmo e da situação (melhor do que chorar!).

E adivinha qual a prescrição? A de sempre, ora essa. As mesmas canjas, combinação de chás, frutas, legumes e o infalível soro caseiro ('o soro tem gosto de lágrima' - diziam os Titãs). Cervejinha, nem pensar. Tudo bem, pensar pode, porque ninguém é de ferro.

E com esse calor infernal do Rio de Janeiro - já batemos um novo recorde em relação a muitos anos anteriores - não há muitos lugares onde você possa estar sem uma boa refrigeração ou muita água ao redor. Meu bronzeado já está amarelando e estou louco pra ir pra uma lagoa, rio ou mar.

Resolvi fazer algo que gosto muito: comprei diversos livros (Clarice Lispector, JR Tolkien, Khaled Hosseini), aluguei alguns vídeos e programei minha tv para gravar alguns episódios de séries que eu gosto para rever.

Ainda sou um 'Sem Avatar 3D', pode?

E outra coisa que influi muito, e que estranho, é o fato de estar sendo difícil gerar temas para escrever ou, então, iniciar e ir perdendo o fio da meada. Mas quem conhece o calor do verão sabe que o desânimo ou a sonolência são companheiros de toda tarde.

Acabei de perceber que o primeiro livro a ler é 'A cidade do Sol' (do mesmo autor de O caçador de pipas). Então, com licença
, hora de viajar na mente (já que, por enquanto, não dá pra sair de casa).

Wellington de Oliveira Teixeira, em 28/01/2010.


* Enquanto fazia essa arte eu me lembrei do trecho de uma música: 'Nada a temer senão o correr da luta. Nada a fazer senão esquecer o medo, Abrir o peito a força, numa procura, Fugir às armadilhas da mata escura'
(Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão)

24 de jan. de 2010

Tranquilidade e incompletude

Ondas de leveza, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 21/01/2010Ondas de leveza, criado em 21/01/2010.

"Às vezes, no silêncio da noite eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto? Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho! Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem..."
('Sozinho' - Peninha*)

Momentos de tranquilidade, de paz, de segurança são algo especial.

Ainda assim, por si só, não são capazes de gerar plenitude.

Eu gosto quando chego em casa, de madrugada, e me vejo escrevendo sobre os sentimentos e pensamentos que me atravessaram durante o meu dia.

A sensação é de que (e como é bom dizer isso) mais uma vez valeu a pena.

Sei que muitos saíram, tiveram (des)encontros e voltaram um pouco frustrados - como já aconteceu comigo várias vezes.

Hoje eu tive excelentes momentos com familiares e em roda de amigos que geraram em mim esses sentimentos tão bons.

Ficou apenas a sensação de que a paz sussurrou pra mim esses últimos dias.

E, agora, quando chego em casa, me pego pensando em você, com saudade.

Claro que isso não estraga nada, mas deixa uma marca de incompletude, assim como nesse texto que não consigo achar um modo de terminar.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 24 de janeiro de 2010.


* Curioso como as vezes alguém consegue dar potência a algo que não é seu a ponto de todos referenciá-lo e não ao autor como dono da obra, como é o caso dessa música que ficou marcada com a voz do Caetano Veloso, Sandra de Sá e Tim Maia.

8 de jan. de 2010

A vida voa

A vida voa, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 13/01/2010A vida voa, criado em 13/01/2010

A falsidade tem um infinidade de combinações
mas a verdade só tem um modo de ser.
(Jean-Jacques Russeau)

Ouvi um dia você me falar
Futuro é longe pra gente ficar
A dica que você me deu foi boa
Ao ter você eu fiquei rindo à toa

No outro dia você quis falar
De um tal futuro que pra nós não há
E a dica que você me deu foi boa
Grudar demais é o que mais enjoa

Ouvi conselhos em minha vida toda
E o que eu vivi eu não vivi à toa
Eu já fingi, fugi, corri de mim. E agora?
Eu vou sair e fazer outra história

Depois de um tempo você vem falar
Ficar foi bom, é hora de reprisar
E a dica que eu lhe dei foi boa
Melhor amar senão a vida voa.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 17 de março de 2006.

* Letra para uma música que eu apenas comecei e deixei de lado, por falta de oportunidade.



6 de jan. de 2010

Sobre palavras finais

Palavras finais, criado em 05/01/2010.

Somente a idéia da morte torna o homem suficientemente desprendido para ser capaz de se entregar a qualquer coisa.
Um homem assim, porém, não tem anseios, pois adquiriu um amor calado pela vida e por todas as coisas da vida.
Sabe que a morte o acompanha e não lhe dará tempo de se agarrar a nada, de modo que ele experimenta, sem ansiar, tudo de todas as coisas.
(Uma Estranha Realidade - Carlos Castaneda)


Interessante como nos filmes e nas telenovelas as pessoas que estão à beira da morte sempre tem a chance de falar alguma coisa importante em seus segundos finais.

E são sempre palavras reveladoras, de grande impacto, com o poder de afetar muitas vidas, segredos guardados na existência.

Eu fico pensando: por que não revelou isso antes? pra que deixar ao acaso ou à sorte a informação ou a possibilidade de expressar fatos importantes?

E, quando olho com calma para o dia a dia, me pergunto: todos nós não agimos do mesmo modo? Não ficamos presos nas nossas rotinas e ignoramos os que estão próximos? Não esquecemos de dizer palavras importantes aos que amamos?

Creio que isso acontece por que não nos damos conta da presença constante da morte e de que todos os momentos podem ser a oportunidade que nós temos de proferir nossas palavras finais.

Por isso, espero conseguir me reservar um pouco para cada um de vocês, meus amigos e familiares, e estar valorizando mais ainda, durante o ano que se inicia, esse cuidado e carinho que recebo.

Um grande beijo no coração de cada um.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 05 de janeiro de 2010.

* Não importa o quanto se tente, nunca conseguiremos dar conta de tudo. Então, se dermos conta do possível, já terá sido uma grande conquista.

1 de jan. de 2010

Fantasias e Fantasmas

Fantasias e Fantasmas, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 01/01/2010Fantasias e Fantasmas, criado em 01/01/2010

"Não fique triste nas despedidas.
Uma despedida é necessária antes de vocês poderem se encontrar outra vez.
E se encontrar de novo, depois de momentos ou de vidas, é certo para os que são amigos."

(Ilusões - Richard Bach)

estamos seguindo adiante, após o início do ano.

sim, reiniciamos as rotinas depois que alguns de nós, dispostos a refletir e avaliar, paramos o mundo do cotidiano para viver o mundo das expectativas.

nem em todos os lugares as rotinas foram alteradas mas, em sua maioria, houve a oportunidade de lidarmos com a imaginação do que desejamos para o novo ano.

claro que marcas do passado estavam atuando ali, simultaneamente: sonhos e medos, lado a lado, se apresentaram para criar a visão do 2010.

na areia da praia, vendo um espetáculo pirotécnico sobre as águas de copacabana e, no céu, o espetáculo luminoso de uma lua cheia sobre um céu escurecido, fiz meu vôo pessoal.

não desejei quase nada, resolvi fazer uma homenagem a todos meus amigos e amados, em especial aos que partiram antes de mim para a aventura celeste.

nos últimos momentos de 2009, dei beijo novelesco em alguém que há algum tempo atrás me havia presenteado com um.

já em 2010, em ipanema, conversamos, nos tocamos, destacamos nossas diferenças.

creio que, como pessoas, ela continua com seus Fantasmas e eu com as minhas Fantasias.

tudo bem... acho que temos um 2010 para aproximarmos as duas visões.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 1º de janeiro de 2010.


* A todos aqueles seres especiais que contribuíram com a minha vida e foram para o infinito, minha saudade e meu amor eternos.