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15 de dez. de 2012

Fim de que?

MENG, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 09/12/2012
MENG, criado em 09/12/2012
[poço cheio de água no sopé de uma montanha] MENG
imaturidade, inexperiência juvenil, plantas selvagens.
ken montanha, progresso interrompido
k'an água, abismo, perigo

A fé dela é surpreendente, a dor que atravessa é contida por sua esperança em você.
Todo o seu mundo se transformou, o passado fica mais nebuloso que triste pelas várias maneiras como cuida de seu bebe, ficando sem descansar vários dias.
Os pobres não tem tempo para ficar pensando, estão ocupados demais encontrando saídas.
(For Your Babies - Simply Red *)

As questões vem, quando tento entender a Ordem (uma delas é Quem sou eu para questionar a ordem do mundo?):

  • Ela é natural, é construída socialmente ou é fabricada por interesses?

  • Os fluxos que nos atravessam possuem intentos próprios ou são apenas uma representação dos nossos próprios?

  • As produções diárias possuem significados mais amplos que experiências a se acumular?

  • Nossas pequenas transgressões são uma forma de ultrapassar as sutis fronteiras que haviam e, desse modo, ampliar nosso campo de percepção?

  • Em que sentido usar o que se acumulou faz sentido? É apenas uma luz que mostra o passado percorrido ou um potente exemplo de que é possível ir adiante?

{...

Hoje me deparo com uma realidade estranha: meninos adolescentes e mulheres casadas lideram o ranking do aumento de pessoas contaminadas pela AIDS; aos 10 ou 12 anos já se escolhe engravidar do 'amor da sua vida', até que o status da rede social seja trocado (a vida acabou ou o amor). Há muito tempo atrás, o filme Kids apontava para essa direção e a cantora Madona saiu horrorizada da sessão de cinema;

Não é preciso procurar no São Google para ter informações a esse respeito, elas se encontram ao seu lado, naquele baile ao lado de sua casa, nos luais e nos encontros noturnos ou diurnos...

(pode acreditar: não adianta, eles sempre escaparão do seu controle!).

...}

  • Como explicar os riscos para quem não existe riscos no mundo ('todo adolescente crê que sua vida é eterna...').

  • Como não acreditar que faz parte do Fluxo essas mudanças e, só por meio de pequenas transgressões eles encontrarão seu caminho?


Eu aposto na vida. Ainda. E mesmo com tantas questões que ela me apresenta:
  • mesmo quando há os guetos de crack e muitas outras drogas;

  • mesmo quando a intolerância rege a vida dos pequenos desavisados e são eles que empunham as armas que seus tutores (ou será usurpadores de mentes?) queriam ter coragem, mas não empunham, e os usam como escudos;

  • mesmo quando a gente vê a força do imperialismo das multinacionais invadindo pequenas economias e determinando seus produtos ao eliminar toda a concorrência;

  • mesmo quando a mídia entra em conluio para ocultar informações e/ou maquiá-las;

  • mesmo quando quem foi eleito para nos representar vira Narciso;

  • mesmo quando não conseguimos mostrar que - em muitas situações - não temos o controle de tudo e tudo o que podemos fazer é nos descontrolar;

  • mesmo quando, diante de um quadro tão surreal, não conseguimos entender que tudo é apenas uma ilusão (mas nossa percepção se esforça para fazer com que acreditemos!);

  • mesmo quando o outro - como eu o projeto em minha mente - não é aquilo que 'deveria ser';

  • e até mesmo quando eu abuso da vida e esqueço que essa alegria ou tristeza imensa é apenas uma centelha de momento na eternidade que logo passará;


São sempre mais questões que respostas. Perguntas que não tem mais fim.

Mas para ser sincero, para a Ordem, mesmo que exista uma finalidade, não existe fim.

Então, para o fim-de-ano (ou fim do mundo), tá afim de que?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 15 de dezembro de 2012.
* Tradução livre do trecho:
Her faith is amazing The pain that she goes through contained in the hope for you
Your whole world has changed The years spent before seem more cloudy than blue In many ways your baby's controlling When you haven't laid down for days
For the poor no time to be thinking They're too busy finding ways

21 de nov. de 2012

Uma boa ideia

Er e a lição das areias e do mar, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 21/11/2012
Er e a lição das areias e do mar, criado em 21/11/2012.

Custei um pouco a compreender o que estava vendo, de tão inesperado e sutil que era:
estava vendo um inseto pousado, verde-claro, de pernas altas.
Era uma 'esperança', o que sempre me disseram que é de bom augúrio...
Dentro do fiapo de pernas não havia nada dentro:
o lado de dentro de uma superfície tão rasa já é a própria superfície.
Parecia um raso desenho que tivesse saído do papel verde e andasse...
(Clarice Lispector - A descoberta do mundo)


Há uma boa ideia de anos atrás, nasceu um garotinho que, de cara, teve uma rede de desafios imensa para ultrapassar, se quisesse sobreviver.

Mesmo o fato de 'desenganar' a esperança da família com relação à sua vida - algo que os médicos fizeram, na época - não conseguiu ultrapassar a fé de pessoas que apostaram em sua sobrevivência e se postaram ao seu lado e se dispuseram à lutar como ele.

Não me recordo dos fatos, mas certamente isso tornou mais fácil minha escalada rumo à recuperação, meu ir vencendo cada etapa de restauração, ainda que com dificuldades e, muito provavelmente, com dores. As mesmas que me acompanharam durante muito tempo a vida, por conta de uma constituição inicial frágil.

E digo isso não como um lamento mas um hino de vitória, um poderoso Aleluia que invade meu ser plenamente, que me sensibiliza e me proporciona um respeito imenso pelos seres que são agraciados com a vida e agradecidos por estarem imersos nela.

Em especial, valorizo aqueles que a percebem como um dom valioso e que resolvem percorrer suas fases com reverência e humildade, diante de sua magnitude, e que, assim fazendo, transmitem força de vida aos que estão ao seu redor.

Nesse dia, que tenho escolhido para me recordar o valor de cada ser**, quero expressar a minha gratidão àqueles que compartilham comigo essa jornada: aos que se tornaram meus desafios e aos que foram meus aliados, pois reconheço que todos tem contribuído para o meu aperfeiçoamento.

Depois de tanto tempo, aprendi que alguns desses me referenciaram e são, insisto ainda nessa forma de pensar, valorosos guerreiros por serem capazes de doar a sua energia em prol da construção de um outro ser pleno.

Caiam, todos vocês, na PAz!
[o tempo de uma vida não basta para se viver uma amizade:]
Amigos São Amigos Para Sempre!!!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 21 de novembro de 2012.

*Base para a arte: Wellington em Arraial do Cabo-RJ, JUL-2012. Foto: Luis Claudio da Rocha Prét.

Mito de Er

O pastor Er, da região da Panfília, morreu e foi levado para o Reino dos Mortos. Ali chegando, encontra as almas dos heróis gregos, de governantes, de artistas, de seus antepassados e amigos. Ali, as almas contemplam a verdade e possuem o conhecimento verdadeiro.

Er fica sabendo que todas as almas renascem em outras vidas para se purificarem de seus erros passados até que não precisem mais voltar à Terra, permanecendo na eternidade. Antes de voltar ao nosso mundo, as almas podem escolher a nova vida que terão. Algumas escolhem a vida de rei; outras, a de artista ou a de sábio.

No caminho de retorno à Terra, as almas atravessam uma grande planície por onde corre um rio, o Lethé (em grego, 'esquecimento'), e bebem de suas águas. As que bebem muito, esquecem toda a verdade que contemplaram; as que bebem pouco, quase não se esquecem do que conheceram.

As que escolheram vida de rei, de guerreiro ou de comerciante rico são as que mais bebem das águas do esquecimento; as que escolheram a sabedoria são as que menos bebem. Assim, as primeiras dificilmente (talvez nunca) se lembrarão, na nova vida, da verdade que conheceram, enquanto as outras serão capazes de lembrar e ter sabedoria, usando a razão. as almas

15 de nov. de 2012

Super são, não supressão

Supressão*, criado em 15/11/2012

Precisamos transformar a realidade deste mundo não com mais ódios e preconceitos.
Devemos trazer ideias novas e defendê-las com bons argumentos.
Negar outras ideias não nos leva a nada além de um fundamentalismo.
E como me entristece ver o ódio que tem sido gerado por tanta gente no mundo
pela incapacidade de respeitar o pensamento alheio
e de entender que cada um está num determinado patamar de seu desenvolvimento pessoal
e precisa, mais do que qualquer outra coisa, de estímulo para ir adiante
e descobrir seus valores e construir algo bom para si e para os que estão ao seu redor.


Quando não percebemos a cooptação de nosso pensamento, a supressão de nossa capacidade crítica provoca uma lacuna que é capaz de anular ou mesmo extinguir o respeito e o amor ao próximo. A isso eu chamo de aprisionamento da alma.
Wellington de Oliveira Teixeira

Não sei bem o que está acontencendo atualmente (já há muito tempo, talvez) quando uma certa força produtora do nada anda permeando os pensamentos e as vontades, principalmente de uma determinada juventude.

Penso, reflito, tento fazer uma avaliação cuidadosa que não busque no saudosismo uma referência, provoco um rearranjo do meu pensamento e principalmente das estruturas das minhas lógicas, tudo em busca de produzir um pouco mais de clareza sobre esse contexto de realidade aonde os jovens perderam as esperanças, os ideais, projetos políticos e estão se agarrando às correntes de pensamentos fundamentalistas de forma acriteriosa.

Essa vontade me tomou a alma a partir do momento em que um menino - que se tornou um sobrinho de alma há alguns anos atrás -, de uma hora para outra, começou a apostar as suas fichas em frases e pensamentos extremamente fundamentalistas. Numa linguagem que historicamente aprendi a usar, direitistas, muito próximos de fascistas. Mas, aceito de bom grado evitar esses termos daqui para adiante, em prol da busca de conciliar as diferenças e evitar as forças que estão esgarçando as linhas de contato.

Quando conheci o Francis Lauer, cujo nome de usuário numa rede de chats antiga (mIRC) era Zack-, me encantei com a sua capacidade, generosidade, força de vontade e busca de conhecimento.

Na época, ele era um adolescente que vivia alguns conflitos e buscava ultrapassar algumas questões de vida. Eu, buscava algumas teorias e pensamentos que embasassem aquilo que eu chamava de magia da vida.

Após o falecimento de meu Bruninhu, tristeza e uma certa falta de vontade me afastaram das salas de bate-papo e de muitos convívios, do dele não.

Vi, com atenção e preocupação, os novos passos de seu caminho. Busquei me inteirar das novas formas de pensamento, de religiosidade, de escolaridade, com o objetivo de estar pronto a compartilhar, sempre que solicitado por ele, das questões que o atravessavam.

Considero que fizemos um percurso muito bonito de amizade e respeito, independente da distância que existe entre Santa Maria (RS) e São Gonçalo (RJ). E, até então, não houve nada que tivesse conseguido atravessar o bom relacionamento e confiança que partilhávamos.

Hoje, já um jovem adulto, vi a transformação de seu pensamento e propostas de vida. Algumas questões que eu tranquilamente afirmaria serem opiniões e crenças pessoais que não denunciavam nada além de sua busca por expressão, de valorização da vida, e de sua fé (coisas que, a mim, sempre provocavam respeito) mudarem para posicionamentos bastante radicais.

Percebi que um determinado pensamento passou a ser dominante. Não o seu, mas o de um certo grupo que se aglutina sob o nome fiat libertatis. Do que pude observar, nas postagens no facebook, um grupo de políticos e empresários que defendem práticas e conceitos sociopolíticos bem ortodoxos e conservadores que está expresso no lema que adotam: conservador nos costumes e liberal na economia. Coisa até comum para quem quer sacralizar suas ideias, utilizam-se de frases em latim para dar um verniz aos seus posicionamentos e pronunciamentos. Em português claro: fundamentalismo.

Buscando ser cuidadoso no meu posicionamento, pude observar como a defesa da vida, na qual o Francis se engajou, expresso contra a prática do aborto, se expandiu para posicionamentos políticos e capitalistas, em alguns momentos beirando ao contraditório.

Em um desses momentos, expressou que era melhor que crianças trabalhassem nas fazendas em regime análogo à escravidão do que estarem em uma escola, já que, neste governo, estariam aprendendo o socialismo ou o comunismo - algo inaceitável na visão deles.

Por me posicionar, como sempre fiz, contrário à essa visão, no dia 28 de outubro, ele simplesmente não quis mais ter-me na sua lista de contatos do facebook e, pelo que posso avaliar, como amigo.

Meu maior medo é que - apesar de tão talentoso como é - ele perca o rumo da vida que estava construindo tão bem: uma busca incessante por crescimento pessoal e a proposta de fé que abrangia uma prática consciente de compreensão. Mais que isso, uma visão ampla, em que respeito e amor ao próximo eram partes integrantes e fundamentais.

Mas quero crer que talvez eu esteja exagerando um pouco e a minha preocupação e carinho tenham me levado a imaginar mais do que a realidade possa me oferecer como visão. Que meu guri esteja vivendo um percurso necessário ao seu crescimento pessoal que, logo logo, será ultrapassado e do qual se erguerá fortalecido e pronto para continuar o exercício do amor e respeito ao próximo acima de qualquer convenção social.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 15 de novembro de 2012.

*Supressão: ação ou efeito de suprimir; eliminação, lacuna, omissão, abolição, anulação, cessação, derrogação, extermínio e extinção.

22 de out. de 2012

Desencontros

Desencontro, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 17/10/2012
Desencontro, criado em 17/10/2012

A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros nesta vida.
(Vinícius de Moraes)

Boa parte das pessoas cresce acreditando que a vida será algo que a fará feliz, completa, realizada. E em realização e completude incluem formação acadêmica, condições de vida que permitam uma boa e bela moradia, vestimenta ao seu gosto, diversão nas festas com os amigos e nas happy hours, após o trabalho em um bom emprego.

Não conheço ninguém que não se considera uma boa pessoa e, por isso, não mereça essas coisas e mais um encontro amoroso que lhe propicie um relacionamento que satisfaça a alma e o corpo.

Mas a razão diz que, como em quase tudo, apenas uma fração muito pequena da população alcança tais condições de vida e se sente realizada.

Dentre milhões de razões possíveis, uma me confunde e me provoca o questionamento: o desencontro.

Sabe aquela cantora, que você crê que alcançou tudo ao tornar-se famosa, que se destrói com as bebidas? Sabe aquele dono de empresa que acaba envolvido em escândalos e crimes? Sabe aquele jogador de futebol que se tornou ídolo internacional e agora é encontrado sempre drogado? Sabe aquele menino pobre que sonhava ser ator e quando conseguiu não conseguiu lidar com a fama em sua vida?

Casos como esses em que tudo parece ter conspirado para que a plenitude fosse alcançada destoam da realidade que é produzida depois.

Em que momento a força dos encontros que fortaleciam se desfez e as conexões perderam sua capacidade de unir?

Em que ponto do processo o desejo de ir a frente, de conquistar ficou estagnado? Em quanto tempo aquele dinheiro que iria resolver todos os problemas deixou claro que ele não era a solução esperada? Quando o relacionamento em que se apostara deixou de injetar aquela adrenalina, aquela endorfina, aquele nervosismo e aquele não sair da cabeça o dia inteiro?

O sofrimento tem sido mais que uma constante na vida de tantas pessoas e tem causado tanto estrago que não há como não ficar impressionado.

A questão que me faço é: em que as pessoas estão fazendo a aposta de sua vida? Digo isso porque vejo as pessoas jogarem com a sorte, se jogarem para qualquer um, esquecerem sua identidade na busca de imitar os que considera bem-sucedidos, repetindo jargões televisivos e incapazes de ter atitudes críticas, avaliações críticas, pensamentos e não repetições de frases feitas ou algum aforisma encantador.

Esses desencontros que separam as pessoas de si mesmas é algo que me surpreende e me assusta. Diante do possível, uma aceitação subserviente que não deseja o ultrapassamento. Diante do necessário, a incapacidade de superação e da busca de renovação.

Toda vez que vejo um bom filme (que bom que eles ainda existem!) me proponho uma absorção dos fluxos racionais e emocionais: uma reflexão cuidadosa que inclua os sentimentos que me atravessaram.

Dessa vez, um filme japonês (Mei shao nian zhi lian ou Bishōnen*), com legendas em inglês que faz um cruzamento entre as experiências de vida de jovens prostitutos, alguns dos motivos que os levaram a seguir esse caminho e a questão que surge quando um deles, inadvertidamente, se apaixona e tenta mudar sua forma de ser e viver.

Creio que desencontro é uma palavra que descreve bem muitas das questões a que somos confrontados durante o nosso percorrer aquela estrada que nos levaria à plenitude e à felicidade. Mas, estou certo disso, ainda não consegui que o seu significado ficasse claro para mim.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 22 de outubro de 2012.


Bishōnen (美少年?) é um termo japonês cujo significado literal é belo jovem (garoto). Descreve uma estética da cultura pop japonesa: um jovem homem cuja beleza (e sedução) transcende os seus limites de gênero e orientação sexual, algo popularizado pelas bandas de glam rock da década de 1970, embora também tenha raízes na antiga literatura japonesa, nos ideais homossociais e homoeróticos das cortes e dos intelectuais da China Imperial, e nos conceitos estéticos indianos que foram passados do hinduísmo, importados pelo budismo à China. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bish%C5%8Dnen

6 de jun. de 2012

Aquilo que optamos por chamar de maternidade


Olho de Sauron - Senhor dos Anéis


Pra lavar nossas dores desses dias tão pesados.
Mais um pacifista se iguala à policia e ao ladrão,
Um pai de família: pacato cidadão,
Que não nota que o filho
Só ouve e repete
Simplesmente
A palavra
Não.
Pacato Cidadão - Gonzaguinha.



Lá vamos nós (que bom!) mais uma vez.

Um novo ser vai se estabelecendo. Ele está estruturando-se humano, por construir um campo de conexões específicas num mundo rodeado da infinitude de fluxos. Vai desenvolvendo essa superfície de contato com outros seres que estão, possivelmente, mais esquecidos da incorporalidade e mais acostumados ao que poderíamos comparar a uma espécie de casulo que define sua estrutura.

Bem, esse ser vem como consequência de uma opção (que pode não estar clara) de acalmar aquela certa incompletude que o desejo produz, aquela certa necessidade como espécie de perpetuação, aquela realização de um sonho de se desdobrar em outro: daquilo que optamos por chamar maternidade.

Mas preservo-me, alertando para o fato de que, com certeza, ao rotular esse movimento ou estruturação, cuido de não caracterizá-la como algo feminino. Ato contínuo, criação é expansão da alma, é transfigurar as relações etéreas em campos visíveis, é expandir as percepções dos sensíveis, é arte e, portanto, assexuada: algo que é de uma ordem mais espiritual que material - apesar de todo processo biológico envolvido.

É a partir daqui que surge uma questão bastante sensível, que poderia se tornar polêmica, caso seja apresentada sem os devidos cuidados.

Em toda a natureza, a maternidade é um vínculo que se estabelece no sentido de preparar o novo ser para atuar na vida de forma autônoma e independente. Tão comum que, alguns seres, praticamente ao nascer, assumem as suas funções no mundo.

Por alguma questão da ordem da nescessidade, os seres humanos ganharam um tempo relativamente longo de incubação e um período de estruturação das habilidades pós-parto que exigem atenção parental. Seus órgãos continuam seu desenvolvimento e sua estruturação de nível superior exige uma certa proteção do meio ambiente que é exercida por seus pais.

Mas, como muitas das atividades humanas, esse tempo não é pré-estabelecido, ele se constrói na relação. E, justamente aí, ocorre o que poderia ser chamado de desestruturação do processo de preparação para a vida. As funções parentais se prolongam, não por necessidade do novo ser, mas dos seus responsáveis.

Se torna fundamental analisar: Por que não incentivamos nossos filhotes a descobrirem a vida, a fazerem as suas escolhas, a realizarem descobertas, a desenvolverem um olhar próprio sobre a realidade, a lutarem por uma construção de si e de suas estruturas mentais baseada nas apropriações que consigam fazer? Fica, para mim, claro que é um processo necessário ao novo ser.

Que forças de insegurança atravessam nossas relações (pais e filhos) a ponto de tomarmos para nós a responsabilidade pelas direções e concepções de vida desse novo ser?

As tentativas de acesso ao mundo, hoje, são regidas pelo nosso sistema de negação (Não faça isso, menino(a)!). Aquela proteção, que antes era dedicava apenas às questões ligadas a preservação, passou a ser adota para tudo na vida. E, agora, a criança vive um mundo modelado por uma cerca de proteção com proporções absurdas, não tendo acesso à vida, não aprendendo por si, não estruturando seu mundo por meio de suas escolhas.

É de admirar que pessoas biologicamente adultas ainda não ultrapassaram o nível de dependência que deveria ser característico da primeira infância?

Minha preocupação passa pela questão do tipo de educação que (nos) proporcionamos: o aprendizado que a maternidade propõe é, sem dúvidas, aquele relativo a alteridade e às construções das estratégias próprias - aprendemos a superar nossos medos seguindo em frente, experimentando e descobrindo a melhor forma de prosseguir na vida, construindo perante as novas interfaces as nossas próprias formas de defesas e de ataques.

Não podemos apostar na morte, na incapacidade, nos desculpando com motivações exteriores, como se o mundo fosse, atualmente, mais perigoso que no passado. Precisamos nos alertar para o fato de que nós é que vivemos essas inseguranças e lutar para superá-las.

Os novos seres querem e, certamente necessitam, de uma estruturação baseada em uma educação para a vida, para as escolhas, para as vivências e para a apropriação de suas experiências pessoais: para a construção de sua plenitude. Nós, velhos seres, devemos entender o porque de Confúcio dizer que a nossa experiência é um farol que ilumina apenas o que já passou, não deve ser usado para o que virá; que, para esses novos provocadores da vida, precisamos ter um olhar renovado que consiga ver qual novidade ele traz que é capaz de nos levar a um novo patamar como seres.

Somos seres pensantes: isso significa que somos capazes de reavaliar tudo, de refazer em outras bases tudo, de nos transformarmos e, por essa transformação, nos renovarmos na prática e no entendimento. Podemos gerar novos paradigmas.

E, acredito, mais agora do que nunca: é hora de transformarmos as práticas castradoras desta maternidade atual, que não estão aí em função de um novo ser, mas do velho ser que, inseguro de si, se apoia na sua relação com o novo para voltar a sentir o saborzinho da novidade de vida que se perdeu com as velhas práticas da rotina.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 16 de maio a 6 de junho de 2012.


* Obrigado Eric Bragança e Ubiracy Figueiredo por me permitirem refletir, na superfície límpida de nossas conversas, meus questionamentos.

** Olho de Sauron (da série Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien) é uma espécie de mau olhar, que observa apenas o que é de seu interesse e que é usado apenas para dominar e não para ampliar os horizontes e se libertar.

13 de mai. de 2012

Lucas: uma nova história começa

Lucas, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 10-05-2012
Lucas, criado em 10/05/2012

Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto.
Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos.
O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.
E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?
Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as ob-serva, eu vos mostrarei a quem é semelhante:
É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha.
Bíblia, Lucas 6:42-49

Filhote é algo importante porque carrega um pedaço de nossa alma com ele, de acordo com a tradição dos guerreiros toltecas (nos ensinamentos de Dom Juan*). O deslocamento é por gênero, isto é, da mãe para a filha e do pai para o filho. Parecido com o X ou o Y da biologia.

É como uma medida inicial do sopro divino que recebemos - uma certa faixa de emanações dentre as do universo - e nos potencializa, nos individualiza e nos capacita a sermos conhecedores, estruturadores de realidades, visualizadores e idealizadores de mudanças, construtores de originalidades e perpetuadores da Totalidade da Ordem.

Pois é, o LUCAS se derivou do LUiS ClAudio da Rocha Prét e, agora em 2012, deve sair do casulo aonde Ana Flavia Garcia Costa o embala e cuida para mostrar sua construção a este plano do mundo. Todo mundo já imagina o que vem por aí, com pais tão belos como os que ele possui...

Mas ele construirá uma beleza própria, um arcabouço para acolher a energia com a qual se apropriará da vida. E, na sua trilha, uma quantidade imensa de beleza de gestos e de atitudes aguardam para ser apropriados e armazenados por ele e tornarem-se sua fonte pessoal de força para a caminhada e para o retorno à Origem.

Algumas pessoas - do mesmo modo como eu fazia anos atrás - questionam o trazer alguém novo à vida quando há tantos que poderiam ser acolhidos e cuidados do mesmo modo, o que, além de colaborar com a melhoria de vida iria diminuir as misérias existentes.

Outros, questionam essa vinda por visualizarem um futuro sombrio, um mundo com muitas nuvens escuras e tempestades que tornarão a vida muito difícil, senão impossível.

Defendo ainda, muitas partes desses argumentos. São válidos, sim. Mas descobri, por meio da experiência e das forças que concentrei em minha vida, que essa é apenas uma parte da história.

Tempestades vem e vão. São assustadoras, mexem com nossos temores mais profundos e com a memória genética de um passado aonde os fenômenos naturais eram reverenciados.

Tempestades produzem seus efeitos, transformam o que tocam e geram na superfície tocada algo novo: isso acontece em toda a natureza (humanos ou não).

Tempestades ensinam que, por pior que pareça a situação, logo após o sol volta a brilhar, o mundo se refaz, a vida continua.

E apesar de sermos como uma espécie de vírus destruidor desse planeta, temos em nós, também, o campo de possibilidades da transformação diante do terrível, do insolúvel ou improvável, do que denominamos de morte.

Então, cada semente nova que plantamos, cuidamos e ajudamos a florescer pode trazer a resposta para aquela doença sem cura, para aquela visão míope que impede de vermos o adiante e para aprendermos a reestruturar o caminho.

Nesse momento é assim que imagino a chegada desse meu novo Lucas: esperança para um mundo que poderá, como o seu xará, vir a transformar sua realidade - o também Lucas foi aquele médico amado do passado, citado na Bíblia.

E que, como ele, venha a nos relembrar que não apenas a ciência, mas o amor e o cuidado curam; que quando nos dispusermos a ouvir a história de cada um, entenderemos que o aprendizado produz os efeitos mais duradouros; que ao compartilharmos essas experiências, outros serão capazes de reavaliar seu percurso - e isso transforma vidas.

E não, não estou pré-determinando os meus desejos ou o dos seus pais sobre a criança. Principalmente porque sei da disposição de alma que eles possuem, o valor do aprendizado de suas vidas que são manifestados em muitos momentos da nossa convivência. E isso, sim, quer dizer algo. Exemplos vivos, respeito ao ser e vontade de acertar são mais poderosos que qualquer forma de educação formal. É a transmissão de algo que não se nomeia, pois é o fruto do que eles acumularam em sua jornada e que foi usando para contribuir para a melhoria de suas vidas e a de todos ao seu redor.

Então, a força desejante de minha vontade será dirigida ao pequeno ser para que, desde já, seu aprendizado esteja moldando um ser que irá abrir as portas do infinito, vencer as ilusões dessa forma de ser no mundo e, com isso, caminhar em plenitude.

Isto porque o que mais esse mundo precisa é de seres plenos, seres pensantes que entendam o mundo só é mundo porque somos nós que o construímos e depende apenas de nós o transformá-lo.

E, por um certo momento de egoísmo, espero que, como aconteceu com o meu afilhado, o texto que escrevi possa ser lido pelo Lucas e eu ainda esteja por aqui para conversar com ele a esse respeito, pois essa foi uma experiência maravilhosa que eu tive e gostaria de compartilhá-la com ele.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 13 de maio de 2012.
* Nos livros de Carlos Castaneda

Aninha, minha linda, um feliz dia das mães para você.

2 de mai. de 2012

O modo como sou chamado


UFF, Gragoatá Bloco N do ICHF, por Wellington de Oliveira Teixeira em 16/12/2011
UFF, Gragoatá Bloco N do ICHF, por Wellington de Oliveira Teixeira em 16/12/2011



Paixão, amor, ódio e agonia
viram marcos, viram dores ou viram poesias.
Canibais instintos, livros em fogueiras...
o mar ao longe, bem na beira, move areias.
(Movimento - Wellington de Oliveira Teixeira)

E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. (Bíblia - Jeremias 29:13)


EU TE AMO (Português do Brasil), Ich Liebe Dich (Alemão), Ek is lief vir jou (Africano), Te dua(Albanês), Ohiboka(Árabe), Obicham te (Búlgaro), Dangsinul Saranghee yo (Coreano), Jeg Elsker Dig (Dinamarquuês), Te Amo (Espanhol), Je T'aime (Francês), S'ayapo (Grego), Ani Ohev Otach (Hebraico), Ik Ben Verliefd op je (Holandês), I Love You (Inglês), Ja Te Volim (Iuguslavo), Ti Amo(Italiano), Kimi o ai shiteru(Japonês), Bahi Bak (Libanês), Wo Ai Ni(Mandarim), Eg Elskar Deg (Norueguês), Amo-te (Português de Portugal), Ya tebya Liubliu(Russo), Jag a'lskar dig(Sueco), Miluji Te(Theco), Seni Seviyorum(Turco), Toi yeu em(Vietnamita), Mena Tanda Wena(Zulu).

Apesar de formas tão diferentes de dizer, a manifestação não se altera, em essência. Basta entender para que haja o efeito da fala. Se eu compreendo, sou atingido pelo alcance da expressão.

Durante minha vida fui chamado por diversos nomes: well, tonlingwell, ton ou tio Ton, big, amor, querido, mano, moleque, filho, pai, sobrinho, vô, lindo, feio, coração, crioulo, índio, dentre os que eu me lembro. Não importou o modo, o importante é que me chamaram e eu atendi ao chamado.

Alguém me dise que era besteira alguém esclarecido como eu ficar chamando Deus, Jesus. Que isso que as filosofias e religões apresentam como uma Consciência superior não posui nome.

Para mim, também, não há realmente nenhum rótulo possível.

Mas então por que que eu chamo de Deus ou de Ordem? Por que eu não me importo quando outros utilizam outros nomes para designar essa mesma concepção, ou algo assemelhado?

Minha cultura ocidental é permeada de conceitos prévios à minha existência que, querendo ou não, me permearam e me construíram em certo grau.

Ao mesmo tempo, me instrumentalizou com filosofias, técnicas e ciências de modo a poder relativizar o meu egocentrismo. Foi importante entender que se eu sinto dor, os outros também sentem. Se eu me alegro, outros também o fazem. Mas o que gera um ou outro em mim, não é o mesmo que irá gerar no outros os sentimentos análogos.

A cultura latina da alimentação me fez um apaixonado por massas, arroz-feijão-bife-batatafrita-ovo-salada, frutas e legumes originais [não aqueles de lata, vidro ou saquinho]. Só que muitas dessas coisas que me referenciam, não existem, nativamente, em outros locais do mundo.

Fiquei horrorizado ao ver refeições feitas com escorpiões fritos, lesmas e bichos vivos.

E você pode compreender essa minha reação, não pode? O diferente é algo difícil de assimilar.

Foi por aí que vi como é difícil, também, desfazer aqueles rótulos que impusemos aos outros por seu comportamento, modo de pensar, vivências, falas, costumes, cor, etc.

Superar essa concepção me ajudou a entender que, se eu hoje entendo algumas dessas diferenças e elas não mais me atingem, nem agridem, como não o fará um ser infinitamente superior a mim?

Foi esse um dos mais difíceis aprendizados de minha vida: entender que não importa como o chamam, mas que o chamem.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 02 de maio de 2012.


* Lista de títulos e nomes de Deus (apenas os Judaico-Cristãos)

Vários dos termos abaixo mencionados são títulos aplicados ao nome divino, como Shadday (Todo Poderoso), e outros termos. A palavra El em hebraico significa literalmente "forte", "poderoso", comumente traduzido pelo título "Deus". Predominantemente, nas referências feitas nas Escrituras Hebraicas(Velho Testamento) mencionando a identificação do nome de Deus (Ex.: Sal. 83:18; Amós 5:8; Isaías 42:8, etc.), é utilizado o tetragrama יהוה, comumente traduzido por Iavé, Javé, ou Jeová. Nem todas estas traduções são aceitas por todos os cristãos. (Leia a respeito em http://pt.wikipedia.org/wiki/Nomes_de_Deus)
Aará - Meu Pastor
Adon Hakavod - Rei da Glória
Adonay (חשם) - Senhor
Attiq Yômin - Antigo de Dias
Divino Pai Eterno - uma concepção a Deus Pai El (אל) - Deus "Aquele que vai adiante ou começa as coisas"
El-Berit - Deus que faz pacto ou aliança
El Caná - O Deus Zeloso
El Deot - O Deus das Sabedorias
El Elah - Todo Poderoso
El Elhôhê Israel- Deus de Israel
El-Elyon (עליון אל)- Deus que faz pacto ou aliança
El-Ne'eman - Deus de graça e misericórdia
El-Nosse - Deus de compaixão
El-Olan (םאל על)- Deus eterno, da eternidade
El-Qana - Deus zeloso
El Raí - O Deus que tudo vê
El-Ro'i - Deus que vê (da vista)
El-Sale'i - Deus é minha rocha, o meu refúgio
El-Shadday (שרי על)- Deus Todo-Poderoso
Eliom - Altíssimo
Elohim – (plural) (אלחים)- Deus; Criador "implícito o poder criativo e a onipotência"
Eloah – (singular) (ה׀לא)- Deus; Criador "implícito o poder criativo e a onipotência"
Gibbor - Poderoso
Há'Shem – (השם)- O Nome - Senhor - o mesmo que YHVH
Jehoshua - Javé (ou Jehová) é a Salvação
Javé Jire - também conhecido como Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Kadosh - Santo
Kadosh Israel - Santo de Israel
Malah Brit - O Anjo da Aliança
Maor - Criador da Luz
Margen - Protetor
Mikadiskim - Que nos santifica
Palet - Libertador
Rofecha - Que te sara
Salvaon - Senhor Todo-Poderoso
Shadday (שרי) - Todo Poderoso
Shaphatar - Juiz
Yahweh - Javé
Yaveh (Ha'Shem) El Elion Norah - O Senhor Deus Altíssimo é Tremendo
Yaveh (Ha'Shem) Tiçavaot - Senhor das Hostes Celestiais
Yeshua - Jesus o Nome sobre todo o Nome
YHWH – (יהוה) - Tetragrama; Um nome difícil, quase impronunciável, de Deus; quase sempre traduzido por Senhor.
Yehoshua - (Jesus)é o Salvador
Javé - (Ha'Shem) é a Salvação
YHWH (Ha'Shem) Eloheka - O Senhor teu Deus
YHWH (Ha'Shem) Elohim – (יהוה אלהים) - Senhor (criador) de todas as coisas
YHWH (Ha'Shem) Hosseu - O Senhor que nos criou
YHWH (Ha'Shem) Jaser - O Senhor é Reto
YHWH (Ha'Shem) Jireh – (יהוה ידח) - O Senhor proverá – Deus proverá
YHWH (Ha'Shem) Nissi – (יהוה נסי) - O Senhor é a Minha Bandeira
YHWH (Ha'Shem) Raah – (יהוה דעה) - O Senhor é o Meu Pastor
YHWH (Ha'Shem) Rafa – (יהוה דפה) - O Senhor que te sara
YHWH (Ha'Shem) Sabaoth – (Sebhãôh) – (יהוה צכאח) - Senhor dos Exércitos
YHWH (Ha'Shem) Shalom – (יהוה שלום) - O Senhor é Paz
YHWH (Ha'Shem) Shammah – (יהוה שמה) - O Senhor está presente; O Senhor está ali
YHWH (Ha'Shem) Tsidikenu – (יהוה צדקנו) - Senhor Justiça nossa; O Senhor é a nossa Justiça
Yochanan (Yehochanan)- João - no sentido de Deus se compadeceu, Deus teve misericórdia

22 de abr. de 2012

Dizer sem palavras?

M3P turbilhão, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 19/07/2007
M3P turbilhão, criado em 19/07/2007
A gente está um pouco só no deserto.
- Entre os homens também, disse a serpente.

(O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

Quando não sei dizer com palavras, fico buscando uma imagem dentro de mim.

Ela tem que vir à tona, alcançar a superfície e se transferir para um arquivo de computador.

O motivo? Não sei bem. Tento muito poucas vezes explicar. Um possível poderia ser o fato de que gosto de alcançar as pessoas e, quem sabe, lhes dar um momento de contemplação de si mesmas: só por torná-las um pouco mais felizes, eu me sinto também assim.

Espero que o tempo não tenha apagado as boas marcas da história de nossa amizade em você, porque na superfície do meu coração elas continuam muito claras:

Amigos São Amigos Pra Sempre!

Estou aqui e, quando você sentir necessidade, ao seu lado.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 19 de julho de 2007.

*Imagem e texto enviados para Marcelo Mendonça Pereira, músico e grande amigo.

5 de mar. de 2012

Reconstruindo percepções


Língua de águas, criado em em 16/01/2008


Caro Amigo*,

Nesse período de tempo de nosso convívio, aconteceu de haver continuidade de pensamentos e sentimentos. E tentei produzir, desse novo momento, o jogo de palavras que pudessem expressar o que aconteceu entre nós.

Palavras são apenas instrumentos. Nós fazemos uso, e devemos cuidar delas, principalmente por que são um excelente meio de construção de si mesmo – o que projeto, mesmo que parcialmente, me representa de modo que me espelho e nos vejo.

Caminhos se produzem e são produzidos em si mesmos.

Cai na PAz!


Está chovendo. Gotas mais que gostosas de uma cachoeira sobre um corpo que, apesar de antes não se deixar umedecer e refrescar-se por medo da força da queda d'água, ousou tentar.

Uma, duas, três vezes e percebeu que era mais o frio posterior do que o toque da água que provocava aquela sensação de ter que sair logo. Num outro momento se assustou e se afastou: descobriu que a água pode ser rasa e frágil ou caudalosa e destruidora.

E, agora o tempo passado, retornou o desejo de tentar, experimentar aquela incrível sensação do novo, do refrigério da alma, do sentir-se amado e tocado pela fluidez — mágica é a palavra para descrevê-la.

E veio, vindo aos poucos, ao encontro do reencontro consigo. Como seria? Como reagiria? O que permitiria? O que ousaria?

E aconteceu que a água não estava mais caudalosa: corria e caia com suavidade e não era invasiva.

Os poucos toques só trouxeram paz e a capacidade para saber que a força voltara a fluir: o magnetismo entrou em ação para vir trazendo do universo as pequenas peças de encaixe que recomeçaram a completar o grande quebra-cabeça do primeiro encontro.

Os antigos pontos de afluência se ativaram, os pontos de aglutinação se reacenderam trazendo consigo percepções bem leves e estruturando um novo campo de forças - e um pouco da antiga temerosidade pelos rumos dos acontecimentos.

Mas a água trouxe o relaxamento, a paz, e seguiu acessível sem deixar de seguir seu caminho. Mais que isso, a certeza de que era hora de mergulhar, sentir-se imerso em sua imensidão e aprender com seu mundo de transformações constantes.

Uma sombra de dúvida pairou ainda: há o preparo para sentir-se absorvido, entrar e deixar-se levar, para reinventar o modo de ser? É possível equilibrar dois modos de vida tão diferentes, sem se perder?

A lua cheia do alto do centro do planeta emitia um halo de luz ao seu redor e a pequena garoa que caía só fez realçar a beleza de sua aparição: equilíbrio no céu e, na terra, um sorriso teimava aparecer por causa da imensa paz no ser.

E eu sussurrei no seu ouvido palavras de amizade e amor e depois foi sua vez de ligar para eu saber que você fora capaz de ouvir, mesmo sem saber o quê.

Dormi e acordei pleno de vida.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 15 de abril de 2006.

* Para Cµssa e Zé Henrique que me ensinaram um pouco mais da minha própria vida