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23 de mai. de 2013

Egometria

Egometria, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 23/05/2013
Egometria, criado em 23/05/2013.

Um guerreiro aceita seu destino, seja qual for, e o aceita na mais total humildade.
Aceita com humildade aquilo que ele é, não como fonte de pesar, mas com um desafio vivo.
É preciso tempo para cada um de nós compreender esse ponto e vivê-lo plenamente.
Eu, por exemplo, detestava a simples menção da palavra humildade.
Sou índio e nós índios sempre fomos humildes e nunca fizemos outra coisa senão curvar a cabeça.
Pensei que a humildade não fazia parte da vida de um guerreiro.
Mas estava enganado! Hoje sei que a humildade de um guerreiro não é a humildade de um mendigo.
O guerreiro não curva a cabeça para ninguém, mas ao mesmo tempo não permite que pessoa alguma curve a cabeça para ele.
O mendigo, ao contrário, prostra-se de joelhos por qualquer coisa e lambe as botas de quem quer que ele considere superior;
mas, ao mesmo tempo, exige que alguém que lhe seja inferior lhe lamba as botas.

(Porta para o infinito - Carlos Castaneda)

A questão da superioridade é algo que permeia os conceitos do cotidiano de nossa sociedade. Aprendemos muito cedo na vida que devemos respeitar e aceitar sem questionar as determinações daqueles que estão no comando. Em nenhum momento, a avaliar como surgiu esse comando ou como passaram a ocupar essa posição os seus detentores. Restos de nosso recente passado militar ditatorial. Mas todos sabem que os sujeitos do domínio econômico têm produzido as condições favoráveis para que seus comparsas sejam eleitos e os retribuam com favorecimentos e enriquecimentos.

Nós brasileiros (estrangeiros, também) sabemos que o poder é ocupado - na maioria das vezes - por quem se resigna aos ditames de alguns endinheirados. Sua posição é algo frágil, sustentada por escusas trocas de favores. Então, para que o respeito?

Nossa forma de educar não privilegia as diferenças e o entendimento das consequências dela. Se assim o fosse, diríamos para cada criança, no momento de sua descoberta: veja o quanto você já aprendeu e como é capaz de decidir e agir. Continue assim e conquiste as suas oportunidades para realizar os seus desejos. Não. Não é assim que, nem mesmo aqueles que se dispõem a tal projeto educativo, o fazem.

Não somos ensinados a entender nem a ensinar que a maturidade ou a experiência é um estado possível de ser alcançado e, sim, a querer obter status social.

Vestimos nossas crianças com roupas que as adultizam e achamos normal. Elas precisam parecer e agir como celebridades. Alguém já viu alguém ensinando que ocupar uma posição social é algo que para algumas pessoas é importante - outras desejam outras coisas que também são dignas e valorozas?

Nosso método de valorizar posições é definido pelo conjunto de referências sociais da riqueza: a aparência diz quem se é; esquecemos de valorizar o ser e maximizamos o valor do ter; potencializamos práticas que extinguem a expressão individual, os sonhos pessoais em prol do valor do contracheque; legitimamos o valor absurdo de determinados produtos, nos tornamos painéis ambulantes de algumas marcas; vamos aos lugares onde a comida só prejudica a nossa saúde por que está na televisão e repetimos os jargões preconceituosos das telenovelas.

E os privilegiados, que geram filhos também já privilegiados, são legitimados no poder e todos dizem Amém!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 25 de maio de 2013.

As manipulações por parte de alguns políticos de base religiosa sobre incautos é algo que assusta. Sentem-se tão confortáveis com o poder, e nem se preocupam se são, também, apenas um joguete nas mãos dos controladores do mundo, desde que possam tirar um pouco o seu quinhão.
Ah! se Jesus passasse por aqui para expulsá-los do templo (- e quem sabe do Congresso!).

22 de mai. de 2013

Tempo de comemorar (todo dia é!)

Memória, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 01-05-2013.
Memória, criado em 01-05-2013. (clique para ampliar)


O fato real é quando o corpo entende que pode ver.
Só então ele é capaz de saber que o mundo para o qual olhamos todo dia é apenas uma descrição.

E assim, dançará a sua morte aqui, em cima desse morro, no fim-do-dia.
E, em sua última dança, você contará sua luta, as batalhas que venceu e as que perdeu;
contará suas alegrias e perplexidades ao encontrar o poder pessoal.
Sua dança contará os segredos e maravilhas que você armazenou. E sua morte ficará aqui sentada, assistindo.
O sol poente brilhará sobre você sem queimá-lo, como fez hoje.
O vento será suave e o topo do morro tremerá.
Quando você chegar ao fim de sua dança, olhará para o sol, pois nunca mais o verá, desperto ou sonhando
e, então, sua morte apontará para o sul. Para a vastidão.
(Viagem à Ixtlan - Carlos Castañeda)

Avalio que transformações se estabelecem em nossos relacionamentos, com o passar do tempo. Manutenção também. Por isso, mesmo que não seja a mesma coisa do início - aquilo que chamamos de amor -, algo que se manteve não permitiu que ele fosse descaracterizado.

Em meio às tentativas, os considerados erros e os acertos reprogramam a nossa mente.

A descoberta da capacidade de efetivar algo proporciona segurança, mesmo quando a realidade não garante que obteremos resultados semelhantes na tentativa posterior.

Então, troféus e comemorações são a forma de colocarmos nossa estaca no topo da montanha e nos deslumbrarmos com um novo horizonte - o fruto da nossa vitória.

No entanto, coisas se perdem na viagem e nenhum poder da terra pode fazê-las retornar, ou mesmo recuperá-las do modo que desejaríamos. Ficaram para trás. Marcas daquilo que denominamos morte, as mesmas que vão produzindo, em tudo e a cada momento, milésimos de transformações que possibilitam a sua renovação em outra forma, outro modo ou patamar.

Mesmo não mais acreditando em nossa permanência (mudamos com o passar do tempo), apostamos numa certa imanência que permite que não nos desconheçamos, mesmo quando olhamos para o espelho e ele não reflete mais aquela imagem de tempos atrás. Nossas pequenas e acumuladas descaracterizações, realizadas pela ação da temporalidade, não pode tirar aquilo que em nós se manteve. Isso vale para os relacionamentos mantidos.

Eu considero isso uma conquista que deve ser bem apreciada. Por isso erguerei minha taça para um brinde a essa forma de experiência que inclui as transformações e as manutenções, às pequenas conquistas diárias, mensais, anuais e de vida, porque entendo que todo dia é, sim, tempo de comemorar.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 22 de maio de 2013.


Não sei bem porque, mas esses seis meses, após catorze anos, produziram uma tatuagem no meu coração.