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12 de abr. de 2008

Eu celebro vida.


(Transição foi criada em 22-09-2005)

Eu celebro vida. Vida no singular. Celebro porque viajo por ponte de ligação entre o ser inacabado que sou e o inacabado em você. Ligação que consegue me dar uma pequena noção de qual ser eu sou. Esse entre é o que eu celebro. Isso que permite conectar, fluir, circular; essa cola, que permite que os pedacinhos de você se unam em você e, simultaneamente, permite que outros pedacinhos de você invadam pedacinhos de um outro e retornem em outro estado, que também são devolvidos transformados, após terem sido experimentados: Vida.

Esse permissivo ambiente, muito propício para a criação: intempestivo, violento como a violência de um encontro fulminante que agarra, toma conta até que se lhe preste atenção. Vírus que se espalha por todo corpo, alma, espírito, mundo. Provocador de gestos insuspeitos, de sensações inexplicáveis, de vôos coordenados como bandos de pássaros ou de gestos isolados como o vôo de uma águia, nas alturas. Todos plenos de si, plenos em si, plenos de um outro que se torna um si, outro-sim. Eu vibro com o si, não com o se. E eu digo, Si isso, e si aquilo, si assim, si assado. É que o meu português brasileiro me permiti, na pronúncia, usar um e como um i, di vez inquando... e eu me aposso do e i torno-o i. I como isso é bom intão, fico inchendo di i o e. É que eu pensei que se vIda fosse com e seria vEda i terminaria tudo fechado, enclausurado, sem esperança, sem experiências. Exíguo e enxuto. Ah, que chatice! Eu quero é inxaguar i inxotar essas palavras por algum momento.

Mas preciso dizer-lhe, que o e é meu amigo, também. É excelente experimentar esse espesso êxtase de embeber-me nesse excêntrico vocEU.Olha só: me encantei com o canto dos pássaros aqui na janela. Me chamaram a atenção para o dia ensolarado e o esverdeado campo iluminado com a luz amarela do sol e cercado com o azul escurecido da baía e sobrevoado por nuvens brancas que inventam desenhos nesse céu de claro azul. Clarividência. Tudo bem claro e vivo na visão. Tem tanto pássaro naquela árvore que vejo, que parecem parte dos seus galhos. Só quando um levanta vôo é que se percebe a mágica da unicidade. A composição é perfeita e a decomposição também.

E a vida se manifesta, ao mesmo tempo em que a celebro. Porque vejo por dentro o que está fora e penso que você tá fora, mas vive aqui dentro. Misturo tudo. E, por alguma alquimia que a vida possui, tanto fez, tanto faz. Por que o que eu queria era celebrar a singularidade de uma vida: a sua, que na minha contagem progressiva, eu realizo por períodos intensos. E eu conto uma intensidade - aquele papo, duas intensidades - aquele encontro,... sete intensidades - aquele abraço... (e os estados intensivos me atravessam com a contagem) ... doze intensidades - aquele olhar... quinze intensidades - aquele gesto...

E eu fico divagando, porque já não preciso mais dizer-lhe, porque já estou comemorando, atravessado por esta contagem, que foi acrescida neste novo período. Mesmo assim, vale a pena um “felicidades”, vale as asas inteiras um voto de bons caminhos com coração e um dizer-se pleno por compartilhar dessa aventura chamada vida. Porque afinal de contas, Amigos São Amigos Pra Sempre e o tempo de uma vida não basta pra se viver uma amizade…!!!

Wellington 26 de Setembro de 1999

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