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13 de abr. de 2008

Éric em Outubro.

(Éric em outubro foi criado em 16/10-98 e adaptado em 13-04-2008)

Por que tanto ódio dentro de mim? Qual o alvo real das minhas setas ferinas? Quem me magoou a esse ponto?

Há um desencontro entre a meta da seta e o objeto alcançado. E as palavras me ajudam a corrigi-lo, mas só parcialmente. E eu vago entre a força desse ódio e o sentimento que possuo sobre minha própria realidade.

Onde tanta solidão que me toma e quase me abate? Onde tanto desejo de encontrar outrem e não ter que tomar esse trem que me leva pra longe de todo mundo, do mundo, de mim mesmo?

Caminhando nesta escuridão, uso a clareza dos raciocínios como aliada. Aliada mortal: me ajuda e me destrói, porque me afasta do embate que tenho que travar no exterior de mim mesmo. A minha prática não me diz. Nem respeito, nem nada. E produzo choques para que fagulhas possam trazer um pouco de clareza a essa solidão, um pouco de calor neste frio que me toma, se me destraio a me observar.

Queria poder enfrentar, frente a frente, o objeto inicial no qual depositei minhas forças roubadas. Não o encontro. Produzo substitutos frágeis, que não carregam em si a força para me incomodar. E isso é o que me incomoda. Onde a referência? Onde o Outro?

Quero me refletir, mas consigo apenas me fletir; e acabo genuflexo ante o meu algoz: eu mesmo!

Meu destino se traça, me trança e é como uma tranca que me impede a fala. Digo palavras sem fim, verborragia fútil, mesmo que palavras de sabedoria, porque não me transformam. E me vejo prisioneiro de um círculo de acontecimentos, onde na trajetória não percebi o começo e, quando entrei no vagão, estações já haviam sido percorridas, sem que eu tivesse na minha passagem a trajetória a percorrer. E eu fico só tentando decifrar nos sinais exteriores, a rota que estava proposta no início.

Me odeio. Me meço a cada instante. Me desencontro. Há um quê neste por quê que eu não percebo. E isso não me deixa em paz. Quero descobrir. Quero desvendar. E o mistério continua. Minha razão não me dá conta. Minha emoção não expressa meu ser. Fico como que interditado neste intervalo entre uma e outra. A minha força se esvairia se continuasse tentando. Procuro, então, outra forma. Outra fôrma onde me encaixar. E crio uma personagem. Vivo uma realidade virtual. Sem virtudes. E não aceito. Não me aceito. E só consigo ser infeliz.



Wellington de Oliveira Teixeira em 16 de outubro de 1998

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