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27 de abr. de 2008

O Peixe e o Escorpião

Peixes, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 29/07/2005
Peixes, criado em 27 de julho de 2005.

Encontros entre água, terra, ar e fogo formam tudo, diziam os antigos. Pensadores pós-modernos acrescentam que é com uma pequena e fundamental ajuda do caos.

Você flui, solto, nas águas doces ou salgadas, rasas ou profundas, é de peixes. Eu, que sou de escorpião, me deixo percorrer a terra firme - alto ou baixo - mas não ouso penetrar nos reinos aquáticos da Iara ou do Príncipe submarino: parece-me que esses mundos, no campo do visível, foram feitos para não se misturarem. Apesar de tantas evidências em contrário, tento descobrir um portal entre esses mundos; uma pequena curvatura no espaço-tempo em que eu possa me esgueirar para atravessar para o outro lado ou apenas o vislumbrar.

O Todo, o Tudo, o Completo, o Uno, o Indivisível, o Ser é feito de elementos constituintes - partículas que se aglutinam por algum tipo de afinidade, de magnetismo ou outra forma de atração - que não se mostram a um simples olhar: é necessário um exame minucioso, microscópico, macroscópico, telescópico e simultâneo nas partes e nos campos aglutinadores, feito com uma persistência infinita. Inicio tal tarefa, mesmo sem acreditar que consiga finalizar essa busca e alcançar o meu intento. Deve bastar ir ao mais amplo dos possíveis e encontrar-me com aquele traço onde nada em mim - razão, intuição, sensação, percepção - consiga mais se referenciar: um não sei o quê, que aprendi a denominar de incognoscível.

Veja só o meu processo de tentar explicar as coisas: hermético, em complexas expressões. Tão diferente daquele que seria o seu! Gostaria de ter o ponto de equilíbrio nas minhas divagações e escrever tão simples que não o colocaria numa situação de desconhecimento do que tento lhe dizer.

Repeti um processo que, em um determinado nível, tornou mais claro um outro texto: inserir uma imagem. Sabe de uma coisa? O desenho ficou de um lado fácil de ser apreendido e na sua outra metade hermético para olhos iniciantes no campo das filosofias, das artes e das interpretações: exatamente, como nós dois.

Será que essa coisa de horóscopo tem algo haver com a genética? As moléculas são tão 'molecas' que nos pregam peças com os elementos deste mundo!

Será que, tentando ser um pouco mais zen, encontro o fio da meada dessas divagações?

Será que, por força de uma condução feita por uma realidade em nível superior, nós fomos feitos para nos encontrarmos e, por eu ter uma busca incansável pelas profundidades, me tornar o solo onde você possa percorrer esse mundo tal qual a terra que sustenta o rio e o mar?

Será que a minha aridez só encontra descanso nessa sua fluidez?

Sei lá. Nem mesmo consigo destrinchar esse emaranhado de raciocínios.

Mas, não foi isso mesmo o que eu me propus fazer, ao iniciar essa escrita: ir até aonde eu conseguisse ir? Se isso bastar, sinto que apenas o exercício de novos pensamentos poderá me tornar apto a lhe explicar o que penso.

Continuo, então, num exercício oposto: o de vivenciar com você momentos de pura ação, onde não é preciso dizer nada tão difícil de se aceitar como 'eu te adoro', 'você consegue me trazer a paz', 'nunca amei tanto alguém, como amo você'. E, ao lhe perguntar 'está feliz?', ter como resposta aquela expressão única que, para você, expressa tudo, define tudo e que, para mim, flui como água - por qualquer lugar, e sempre cristalina: Hum, hum!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 29 de julho de 2005.

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