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18 de abr. de 2008

Um castelo com alma

Keptah, criado em 6 de janeiro de 2006.


Encontrei na vida diversas cabeças que pensavam coisas diferentes. Seus pensamentos geraram milhões de novos pensamentos em muitas outras pessoas. Levavam adiante o conhecimento para que o Homem pudesse tornar-se Ser Pensante.Espero que este seja um destes elementos que nos encaminham para a novidade do pensar. Felicidades!




Era uma vez… Um castelo.

Ele tinha uma alma que era hospitaleira e ficava feliz quando podia abrigar outras almas dentro de si. Sua felicidade irradiava. Quem olhava a sua fachada percebia uma beleza especial e desejava entrar. Com isso novas almas habitaram a alma do castelo.
Pela manhã, suas janelas eram abertas e os raios do sol iluminavam o seu interior; o aroma das flores do lado de fora tinham oportunidade e entravam; a brisa suave aproveitava e passeava por entre as paredes do castelo.

E o castelo vivia agradecido àquelas almas que o habitavam e habituou-se a tê-las em seu interior.

Sua felicidade era como a música que pairava em suas dependências: uma música que vinha das esferas celestes, dos riachos, das plantas, do vento, de sua alegria.

Numa noite especial, uma fada apareceu por lá e vendo a beleza da alma do castelo - que com prazer abrigava outras almas em si - resolveu dar-lhe a oportunidade de ter realizado um desejo seu. E lhe contou sua intenção. Depois de pensar um pouco o castelo disse para a fada que o seu grande desejo era tornar-se homem. Interrogado pela fada sobre seu desejo, ele falou que queria aprender como era ser abrigado por uma outra alma. A fada percebendo-lhe as nobres intenções, lhe concedeu o desejo.

E castelo tornou-se homem. Alma de homem que foi vagar e buscar o seu abrigo. E como tivesse sido o único castelo das redondezas, foi buscar em outro lugar algum outro para ser abrigo. E seguindo seu caminho encontrou outros homens que também buscavam abrigo. E se uniram na caminhada e na busca. Trilharam muitas vias, se conheceram e continuaram buscando alguma alma acolhedora.

Os companheiros passaram a reclamar do seu destino e, seguindo-lhes os passos, reclamou também. E tanto reclamou que esqueceu quem era e não mais conseguia se lembrar da sua antiga alegria.

Sua alma agora era triste e ele estava vazio

Um dia sentiu algo que o alertava para o estranho rumo que estava tomando: abrira um novo caminho por estar em busca de uma felicidade maior, mas nada havia encontrado que lhe acrescentasse além de lamúria e tristeza. Decidiu ser hora de refletir, ser mais prudente e questionar melhor sobre o modo e a direção que estava seguindo

E, seguindo, ele e os companheiros encontraram algo que poderia servir de abrigo: um castelo abandonado que tinha uma fachada triste. Tentaram entrar, mas descobriram que suas portas e janelas estavam cerradas e haviam placas indicando que a entrada era proibida. Não havendo meios para entrar, decidiram seguir adiante

E essa frustração se juntou às outras e pesaram na alma do ex-castelo. A maioria dos companheiros desistiu da busca.

Que fazer agora? Ir em frente ou voltar? Continuar lutando por seu desejo ou desistir? Tantas decepções aparecem no caminho de quem tenta o novo. Será que vale a pena prosseguir? Sua mente de homem questionava e pensamentos surgiam dos encontros-desencontros da vida. Mesmo com as dificuldades enfrentadas, uma coisa era certa: castelo crescia com seus novos conhecimentos. E, pensando assim, decidiu ir em frente.

Poucos foram os aliados no encontro ao desconhecido, mas agora sabiam com mais certeza o que queriam e não desistiriam tão fácil. “Nem se difícil”, dizia ele consigo mesmo. E fortalecendo-se e animando-se uns aos outros, seguiram até que chegaram a um lugar que a ele parecia familiar. Lá encontraram um castelo com uma fachada alegre, e desejaram entrar. Entraram seus companheiros. Entrou ele. E quando se sentiu abrigado, algo se abriu dentro dele. Viu que sua alma e a do castelo eram uma. E a felicidade foi tanta, que tornou-se novamente castelo. Muito mais bonito, muito mais feliz.

E agora, depois da longa jornada, sabia o que era ter abrigo: seus companheiros o haviam abrigado durante o caminho, quando o fortaleceram e o animaram. E, assim percebendo, mais feliz ficou em abrigar os que o haviam ensinado tanto.

E castelo alcançou mais do que desejou…


Wellington de Oliveira Teixeira em dezembro de 1996.

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