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29 de abr. de 2008

Nada mais a ser escrito.

Cristal, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 14/06/2005.
Cristal, criado em 14 de junho de 2005.

Há quem diga que não há mais nada a ser escrito que possa valer a pena: uma opinião que deve ser respeitada enquanto uma proposta de se fazer algo universal, que se torne atemporal, que alcance os arquétipos da humanidade e expresse os anseios de uma parcela grande de população da terra. Já vou avisando: este não é o meu caso! Escrevo para me expressar e repensar meus encontros com o campo das possibilidades e das probabilidades secular e espiritual – apenas um meio, como outro qualquer, só que com ele me sinto um pouco à vontade, me relaxo e me sinto expressar.

Ontem eu ouvi de um conhecido, provável amigo, no futuro, que ele gosta de tomar vinho enquanto faz as suas artes escritas – um meio de inspiração que funciona com ele – ou se isolar numa área aberta e se deixar levar por terra, mar, montanha, sol, lua e tudo o mais que estiver presente, naquele momento. Não foi novidade, uma professora conhecida havia me falado que tomava umas taças de vinho enquanto escrevia sua dissertação ou outros trabalhos acadêmicos – isso ajudava a sua razão. Que coisa mágica esse vinho: traz inspiração e razão, dependendo de quem o usa ou do momento.

Não, não me inspirei no exemplo deles para esse momento. Algum dia, talvez. Vou me deixando levar somente por uma sensação incômoda de precisar dizer algo e não saber o quê. Basta ir escrevendo - nesses tempos modernos, digitando - que essa sensação diminui, como se fosse apenas isso o necessário. Mas, enquanto vou colocando na tela essas letras, percebo que uma palavra não se encaixou, uma frase ficou um tanto confusa e vou acertando, deletando e incorporando uma nova, em substituição. È bem prático esse tal de computador – reduz bastante o número de rabiscos e passagens a limpo. Bem interessante fazer isso: um processo de escrita que vira o próprio tema da escrita (e, me perdoe a professora de português, esqueci a maneira como a gramática nomeia isso).

Percebo que falar em inspiração, razão, técnicas e equipamentos de escrita também me ajuda a pensar nos (des)caminhos que podemos seguir para um encontro conosco mesmo. Digo isso porque o meu coração foi sensibilizado por uma lembrança de alguém especial e tenho vontade de escrever para ele – por pura saudade. E termino essa frase já lembrando de outros que estão por aí, visíveis ou invisíveis: a sua presença é outro bom motivo para escrever algo que expresse essa magia. Se eu fosse um Coelho da vida até diria que mágica é tudo o que podemos fazer com o coração e a mente plenos e concordantes. Não chego a tanto; digo que quando se ama alguém a sua presença é constante, independente de seu corpo. E para brincar comigo mesmo, penso: Freud explica. E, olha eu sorrindo, sozinho, diante de uma tela colorida. E, só então, penso: nada mais a ser escrito. Deu vontade de desenhar. Uma imagem é algo complementar à escrita e, tomara, que ela me faça sentir como essas palavras: tranqüilo.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 14 de junho de 2005

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