Pesquisar este blog

18 de ago. de 2019

Indisponibilidade para reivenção

Omissão criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 18-11-2018.
Omissão *, criado em 18-11-2018.

Eu te desejo não parar tão cedo, pois toda idade tem prazer e medo.
E com os que erram feio e bastante que você consiga ser tolerante.
Quando você ficar triste, que seja por um dia e não o ano inteiro.
E que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero.
Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar.
Eu te desejo muitos amigos, mas que em um você possa confiar.
E que tenha até inimigos pra você não deixar de duvidar.
Eu desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também.
E que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem.
Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar.

(Frejat — Amor pra Recomeçar)


Longo tempo sem contato com esse meio de exposição de ideias que, por muito tempo, foi a mais importante ferramenta para expor minha reflexão. Eliminando aqueles períodos em que a indisponibilidade se deu por questões alheias a minha vontade, fiz da pausa um projeto de reinvenção das minhas práticas.

O novo ambiente da casa, as experiências corporais dolorosas (roubo agressivo ou acidentes casuais), o universo político social em que o país se embrenhou refletiram-se em filtragens e em uma guinada consciente nos relacionamentos pessoais, inclusive familiares.

Mais reserva de tempo em silêncio ou produção de novas vias de sintonização com projetos de vida expansivos. Um afastamento proposital do que me causa, inclusive, o asco: pessoas com práticas de vida e visões estreitas que fazem apologia à ignorância e à imbecilização. A faxina nos contatos digitais foi sincronizada com os físicos e foi ampla.

Quem se foi, tornou-se carta fora do baralho, quase certo que sem retorno. A respiração continua entrecortada – de quando em vez, mais um hipócrita de plantão defendendo o indefensável que, há pouco, o fazia espumar de ódio. Certamente mais ácido ou ríspido, em algumas situações. Só aturo o que me é inescapável, senão, distância é a minha satisfação.

Levei ao extremo a avaliação para não usar o processo apenas como eliminação do pensamento divergente, algo mesquinho e inválido para um ser pensante. A linha de corte se deu, então, pela incapacidade de argumentação própria – mesmo que incipiente, fosse verdadeira – e a midiotia, a reprodução acrítica de conteúdos desinformadores.

Me dediquei ao esclarecimento a população e, dessa feita, escolhi o Facebook e seu modo 'Público' como meio de transmissão. Foram centenas de peças, em geral, provocadoramente simples e instigadoras do pensamento crítico reunidas em pequenas séries: o caráter TotalFlex; Laranjismo; Saíram os Tucanos, entraram os papagaios; Menos Médicos, mais mortes; UniZap, a universidade cuja formação cultural só ensina fakenews do WhatsApp; Jogou palavras e se enforcou, referência ao jogo da forca; …

O melhor desse período tão sulfuroso foi acompanhar a gestão e o nascimento do neto João Miguel, meu Pilantrinha, que me deu o 'amor pra recomeçar' e a vontade de me reinserir nesse contexto. Além dele, sei que quanto menos seres pensantes no mundo se expondo, piores as condições de surgimento de melhorias na vida pessoal e coletiva. Enfim, acho que estou retornando.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 18 de agosto de 2019.

* Para quem quiser ver a produção citada no texto, o meu perfil está em https://www.facebook.com/wellingtonserpensante