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8 de jan. de 2011

Adolescentes

Mantenha o CharmeSnoop, Mantenha o Charme


“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado:
pensava que, somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente…”
(Clarice Lispector)


Há quem vire as costas para o amor, sem entender a magia e o milagre que ele representa na nossa vida.

Há os que não compreendam que quem não cuida do seu próprio amor e o defende, ainda que lhe cause dor, não entendeu que se você não o faz, ninguém fará por você.

Há muitos que perderam a noção de que ele em todas as suas expressões é, em si, a razão da nossa existência. Pois é ele quem gera em nós a amizade, o cuidado familiar, o desenvolvimento das habilidades e capacidades e desejos pessoais, e o encontro com a Ordem suprema.

Quando era adolescente, eu fui descobrindo - e aprendendo com - as várias faces do amor. E, mesmo agora, adulto, a marca que me ficou desse aprendizado traz um doce aroma do que foi vivido: como a memória de um perfume e o cheiro de uma pessoa amada.

Ao remexer, rearrumar e refazer meu espaço e minhas coisas (coisa que gosto de fazer ao final de cada ano), joguei muita coisa fora, outras guardei com carinho, novamente.

E, foi assim que reacendi o ponto de aglutinação** das energias que foram geradas em mim, naquela época. E revivi aqueles momentos com toda a sua intensidade. Por alguns instantes, voltei a ser adolescente.


Como se pudiesse elegir en el amor
Como si no fuera un rayo que te parte los huesos y te deja estaqueado en la mitad del patio.
[Como se pudéssemos escolher no amor
Como se não fosse um raio que te parte os ossos
e te deixa imobilizado na metade do pátio.]
(Rayuela - Julio Cortázar)

Fica tudo tão difícil sem você
Tudo me faz sentir frio sem você
Tudo desaba sem você
Eu tenho tudo mas não consigo sem você
Minha solidão é um grito sem você
E não basta se me aconchegam os medos
Fica tudo tão difícil sem você
Sem você.
[Não consigo lembrar o filme que tinha esse poema no final]***


Wellington de Oliveira Teixeira, em 08 de janeiro de 2011.

* Poster que eu tinha no meu quarto, quando adolescente.
** Conceito
apresentado pelo índio Juan Matus em que somos um a espécie de casulo luminoso e as nossas percepções ficam registradas em um feixe energético dentro dele. Quando acessadas, são reativadas, fazendo com que revivamos a experiência. (O Fogo Interior, capítulo 7 - Carlos Castañeda - ed. Record, 1984.)
*** O texto original é o da música Todo Sin Vos em http://letras.terra.com.br/sandra-mihanovich/196532/.