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29 de mai. de 2008

Questão de tempo


Gui a olhar, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 21/01/2008 Gui a olhar, criado em 21 de janeiro de 2008.



"Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio…
— escrevo por profundamente querer falar.
Embora escrever só esteja me dando
a grande medida do silêncio.
Água Viva - Clarice Lispector


Meus olhos vasculham céu e mar
No horizonte buscam encontrar
Tudo o que você levou de mim
Pela noite saio a vagar
Noutro corpo busco me aninhar
Outras curvas, nova estrada vou trilhar
Mas sem você não dá…


Tomo o trem do silêncio pra me achar
Dentro em breve eu virei pra te encarar
Questão de tempo
Pra surgir um novo brilho em meu olhar
Questão de tempo
O meu anjo está comigo, minha alma sabe disso
Questão de tempo, baby: é só esperar.


Quando viu-me perdido no andar
Disse 'alô', se pôs a conversar
Estava a fim e você grudou em mim
Mas um sopro tudo pôde abalar
Minha crença vi em caos se transformar
Falta abrigo, falta vida, falta ar
Pois sem você não dá.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 29 de novembro de 2000.



* Questão de tempo foi criado no período em que precisei me refazer, ao finalizar uma grande paixão. Ainda hoje, expressa o silêncio imenso em mim.

23 de mai. de 2008

Sky & Co.

Scorpio, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 21/11/2001. Scorpio, criado em 21 de novembro de 2001

"Não sou mais Messias do que vocês. O rio tem prazer em nos erguer à liberdade, se ousarmos nos soltar."
Ilusões - Richard Bach

A idade não te diz o que ser
Nem a mim
E no morno fim-de-tarde que dá náuseas
Onde ir?
O céu é sua companhia.


O corpo dispara em sua jornada
Pra subir
A emoção desponta, que a razão dê conta
Do sentir
O céu é sua companhia

A maldade não existe em seu fluir
Ir ou vir
Só ódio e amores, prazeres e dores
E sorrir
O céu é sua companhia


Um nevoeiro desceu lá na campina
Era o fim
Cerrou seus olhos, molhou seu rosto
Ao partir
O céu é sua companhia


E eu luto pra sustentar seus vôos
Dar-lhe solo pra decolagens e pousos
Viaje em si mas diga um sim pra vida
Porque o céu é sua companhia - você a minha!


Wellington de Oliveira Teixeira, em 26 de setembro de 2000.



* Esta música eu fiz para o Fabio Marcondes Scaico um guri cheio de questões que tornou-se meu amigo via mIRC. Hd-monio, Hd-jocker e seus outros nicks, Carol, Helena 'Luz' e a turma de Campina Grande, mais as fotos que me enviou ainda estão comigo e na minha memória.

Scaico, o Arthur_King do #Magos_e_Magia continua desejando que a vida lhe dê o muito que você merece.

Andinho

Amizade e Paz, criada por Wellington de Oliveira Teixeira em 15/09/2007.Amizade e Paz, criado em 15 de setembro de 2007.


"Quando se descobre em alguém aquela fonte inesgotável de momentos, a gente diz que encontrou um amigo".


É… bons momentos os que nós já tivemos juntos. Isso me faz recordar até mesmo discussões de ensaios e outras que no final me ensinaram a ser seu amigo.

Não posso afirmar que todas as vezes que nos encontrarmos serão motivo de sorriso, apenas. Porém, sei que ainda em nosso caminho encontraremos oportunidades de partilharmos o sorriso e a felicidade, um com o outro.

Sei que nos céus tudo se movimenta quando aqui em baixo alguém passa a amar a um irmão e talvez (quem sabe?) as canções que os pássaros entoam não sejam por causa disso mesmo. Por causa de uma amizade que se formou e quer ser demonstrada de uma forma simples - uma melodia suave que narre os bons momentos!

Destes eu sei que posso recordar muitos passeios, ensaios, solos, traduções, bate-papos, estudos e outros que pelos caminhos que Deus nos deu a oportunidade de andar, nós pudemos partilhar.

Talvez não seja só por isso, mas, sinto uma imensa vontade de que todas as minhas palavras fossem ouvidas lá no céu como uma oração de gratidão, pela felicidade que eu ganhei quando pude perceber em você um amigo e um irmão, companheiro da jornada que Deus traçou e que me traz alegria e forças para continuá-la.

Obrigado por todas as coisas que eu pude aprender com você. Espero, também, que nada no mundo possa separar-nos do amor de Cristo que está em nós e que nos fez irmãos.

Obrigado porque você serviu de inspiração para uma canção sobre amizade, amor, Deus, porque afinal de contas são sempre bons momentos.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 10 de maio de 1983.

BONS MOMENTOS

Algo tão bonito pode surgir
Quando temos bons momentos pra sorrir
Move o céu, as aves vêm cantar em gratidão
Querendo mostrar-lhe, amigo, a minha canção.

Quando lembro de pequenos festins
Que fizemos nos caminhos por aí
Ergo a Deus a oração em forma de canção
Feliz por sentir em você um amigo, um irmão
Feliz por saber que você é um amigo, um irmão.

"A amizade entre dois seres é algo que nem os mais complicados sistemas podem explicar. Ainda bem que coisas tão grandes podem ser expressas por outras tão simples: poucas palavras, pequenos acordes e um profundo sentimento de gratidão."

Wellington de Oliveira Teixeira, em 10 de maio de 1983.

* Esse foi o texto e a música que eu fiz para aniversário de Anderson Gonçalves, no período em que participava da 1ª Igreja Batista em São Gonçalo.

** Na arte a foto é de Carlos Leonardo da Silva Querino, um grande amigo.

11 de mai. de 2008

Ponto final

 Cavalo-Afeto, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 08/03/1999. Cavalo-Afeto, criado em 08 de março de 1999.


Mais
Mais sóis
do que
só.
À beira-mar - Karê Chigres .


Triste é o sonhar demais quando a gente se desilude.
A gente constrói mundos encantados demais para serem reais.
Às vezes a gente faz de conta que não sabe que é só sonho:
tem que fazer pra poder viver, tentar ser feliz.
Só que a gente quer demais,
tenta demais e acaba por sofrer demais.

Difícil querer e fingir.
Sorrir e brincar nos momentos em que se quer ir mais além.
Para além de.
Apenas ser. Quem sabe ter?
Ou crer que algo possa mudar ou nos mudar
e mudando nos dar um pouco de paz.

Olhar para não ver, temendo o querer e o perder-se.
Deixar que as sombras invadam a mente e o coração.
No fundo, dominem a paixão,
esfriem o amor, conquistem o temor
e nos faça respirar outra vez.

Silêncio mortal, erro fatal, desespero total
Ser bom o ser mal?
Não crer-se o tal, dar ponto final,
tornar-se livre.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 06 de outubro de 1989.

Valcir com 27

Foto: Valcir Goncalves
E o mestre disse em meio ao silêncio: 'No caminho de nossa felicidade encontraremos o conhecimento para o qual escolhemos esta vida. É assim que aprendi hoje e prefiro deixá-los agora para seguirem o seu caminho como desejarem'.

Desde longo tempo o universo caminha. Caminhos infinitos para os nossos padrões são propostos. E ele os percorre passo a passo em sua jornada pelo eterno. Há explosões, destruições, novas raças, outros elementos combinados. Ele os percebe, os apreende e aprendendo sua lição segue em frente.

Caminhos são caminhos e o que difere é o modo como entramos neles e os encaramos ao percorrê-los.

O eu individual não é diferente do todo, pois o universo individual é tão amplo quanto o geral. Nele também haverá propostas de caminhos infinitos com todos os acontecimentos que possibilitarão o conhecimento.

Um caminho jamais é um caminho como uma pista de corridas, onde se pode prever os movimentos que se deve fazer para o próximo passo. É mais como um '21' onde cada lance é um risco e cada decisão define vitória ou derrota na rodada; onde a força da vontade luta contra a sorte e o acaso da seqüência de cartas embaralhadas.

Um cavaleiro sai com o cavalo para a batalha. Vai veloz pelos campos ao redor, sente a brisa tocar-lhe, seus cabelos se movem. A cachoeira ao seu lado jorra indiferente ao seu destino.

Ele vai para a peleja confiante em si, apesar do temor. São duas guerras que ele trava: a exterior, em relação aos seus semelhantes, e a outra consigo mesmo.

A cada volta uma dádiva, um conhecimento e uma força renovada, que são ampliados nos embates e nos confrontos: um preparo para o que vier pela frente.

Mas um caminho só se torna caminho se tomamos consciência de que o percorremos, senão - o que em si não tem nada de mal - só estamos dando passos a esmo.

E, então, aprendemos sempre a dar passos maiores, mais precisos, tendo forças para desbravar terras virgens, desconhecidas. Indo sempre avante, tendo como metas a liberdade e o conhecimento.

Gozando todos (e em todos) os momentos. Tirando alegria de tudo e dividindo com todos, em todos os caminhos.

Mantendo o brilho aceso, o olhar firme, uma vontade soberana e uma disposição de mente aberta.

Poder para expressar-se, poder para ser; poder para entender-se, poder para ver.

Amplidão de fronteiras, desfazendo os limites e os territórios demarcados previamente como percurso.

Ultrapassando esquemas, profecias e formas. Tornando-se um com UM. Diferenciando o diferente e descobrindo que o um é feito de todos.

Sem um eu para defender, sem uma verdade para impor; sem um desejo sem declarar, sem um dor a que se entregar.

Construindo no todo um tudo feito à partir do nada. Entendendo que o exercício da vida é o que nos torna o que somos.

E trazendo pro lado todo aquele que também quer ter um outro ao lado. E lado a lado prosseguindo a caminhar.

Há muito o que aprender.

Felicidades, Valcir.

Friends Are Friends Forever!!!


Wellington de Oliveira Teixeira, em 30 de setembro de 1992.


* No aniversário de 27 anos do meu melhor amigo, irmão de alma, companheiro da grande jornada e nem sei mais o que dizer. Amor e gratidão eternos por sua amizade.

Um Verso Singelo

Ansiedade Não, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 07/07/2005.
Ansiedade Não, criado em 07 de dezembro de 2005.


A minha verdade nada tem a ver com a tua. Mas ambas são importantes naquilo que representam para nossas vidas.
Jorge Laureano*

Um verso singelo

É isso que eu gostaria de fazer. Não algo pomposo. Simples como um sorriso sincero.

Não queria estar preocupado comigo quando, depois vier a lê-lo sem esse sentimento que tenho guardado com esmero, pois estranho ver-me tomado deste amor tão distante do meu intelecto, talvez, por isso, mais vero, com uma verossimelhança maior com a faceta de mim que esbanja sensibilidade e vive do que é terno.

Mas onde encontrar essa raridade nesse mundo mais próximo do sofrível e do que beira a inferno? Onde achar essa fragilidade que traz em si o brilho das pedras mais puras e a transparência que invejo?

Então me ponho a escrever, percorrendo um caminho sem o que diria ser um destino certo, tanto pelo prazer de ir quanto de buscar, e isso faz bem. Melhor que se sentir num cêrco, melhor que sentir-se impedido ou de sentir-me só, num oceano vazio imerso.

Algo como asa vai tomando corpo em mim e eu me sinto capaz de sobrevoar o que em mim é deserto, de fazer-me alçar vôos na mente e no coração, para ter uma visão mais clara do que está no térreo.

E é bom deixar-me levar nos quase-impossíveis sonhos que ainda teimam em sobreviver em meu peito, pois através deles eu posso sentir-me mais próximo dos que gosto, dos que não passaram com o inverno, e como canção, num movimento allegro, mesmo na lembrança, trazem primavera, renascimento eterno da vida, da imaginação, do afeto.

E, nessa viagem, mesmo não conseguindo achar tal verso, eu me preencho do doce sentimento de completude, uma paz que só se atinge quando se alcança o etéreo.

E meu amor me faz ver que não sendo o que eu esperava a perfeição, serão sempre aqueles que amo que me darão o impulso necessário para cruzar a barreira que nos separa do que é em si mesmo límpido e belo, porque Amigos São Amigos Pra Sempre

"…porque o tempo de uma vida não basta para se viver uma amizade!".


Wellington de Oliveira Teixeira, em 21 de abril de 1995.


* Minha homenagem a um homem que me mostrou com a sua vida o poder do amor: minha gratidão eterna.

6 de mai. de 2008

Tiago

Foto e Arte: Wellington de Oliveira Teixeira Tiago Abs Gonçalves, em 1994.

Soube hoje que você iria nascer no tempo e no espaço, dividiria esta ilusão mágica que Deus nos permite para que possamos aprender juntos.

Sua sabedoria, mesmo agora, já é tão bela e a sua experiência já é tão incrível que deve ser algo super maravilhoso. Penso que eu não consiga lembrar da minha. Viva-a tão intensamente de modo que ela fique guardada em cada célula de seu corpo que está sendo, agora, tecido para envolver a luz infinita que é você, hoje. O engraçado é que vão pensar e lhe fazer acreditar que você é ele. Talvez, por esse motivo, se torne até difícil para você desfazer a força da idéia da dimensão temporal.

Mas lembre-se disto: você é fruto de amor. De seus pais, do meu. E amor não tem limites. E da mesma forma que eu converso com você, hoje, apesar de amanhã nós nos utilizarmos de diálogos intermediados por palavras, essa comunicação vai continuar sem que a gente perceba. Melhor, sem que as outras pessoas percebam, porque nós a sentiremos…

…E a sua fala será maior, terá maior intensidade, por que a sua alma estará acostumada à minha entrelaçada e sem distinção, porque nunca houve, nem haverá qualquer separação entre nós.

E nos olhos, ainda que já meio envelhecidos deste meu invólucro, haverá aquele brilho especial, novamente, quando você já maior fôr, contra todo o caminho enredado de sua época, abrir o seu Tao de Conhecimento - que também não terá retorno - e decidir reacender o brilho do seu ser eterno na fala, nos atos e nas atitudes até ultrapassar outra vez o que lhe deram como casulo para gestar a borboleta eterna, e novamente voar para aquela Luz Infinita que estará nos esperando lá fora, na imensidão.

Com profundo e ilimitado e atemporal amor, do padrinho e companheiro de viagem pela vida.

'Porque eu bem sei os pensamentos que tenho sobre você, diz o Senhor: pensamentos de paz e não de mal, para lhe dar o fim que você espera.' (Jeremias 29:11)

'E se alguém desejar sabedoria, peça-a a Deus, que a dará em abundância e nunca lhe jogará na cara este bem que fez.' (Tiago 1:5)


Wellington de Oliveira Teixeira, em novembro de 1991.

Pra ninar Tiago

uma história linda vou contar,
fala de um país além do mar
onde moram nossos sonhos

muitas cores ficam a girar
e a luz não cessa de brilhar,
lá o sono vem em um encanto

lindos sons irão soar,
sol e lua vão dançar
e as fadas vão estar sorrindo

sei que os anjos a brincar
pr'o seu sonho vão voar
e o Tiago vai dormir tranquilo.


Wellington de Oliveira Teixeira em 21 de setembro de 1992.

5 de mai. de 2008

É nele que eu reconheço…

Inocência, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 24/11/2007. Inocência, criado em 24 de novembro de 2007

Eu conheço um planeta onda há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia inteiro repete como tu: 'Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!' Mas ele não é um homem; é um cogumelo!
O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry


Hoje sol e chuva abriram um caminho juntos, e o vento não quis ficar de fora. As nuvens, elas resolveram nublar o céu mas o sol, teimoso, manteve suas forças e enviou seus raios por entre elas.

Havia árvores balançando, algumas até mesmo se inclinando ante a força do ser invisível que as movia, tentando arrastá-las junto consigo.

E eu vi os embates se sucederem. A natureza mostrava seu lado guerreiro, sem que eu pudesse perceber uma sombra sequer do que chamamos de dominação ou uma força subjugando as outras.

Havia paz. Paz em mim. Não do tipo de paz expresso na tranquilidade e sossêgo total. Essa não.

Havia paz. Mas aquela do pequeno pássaro dormindo em seu ninho, instalado no tronco de uma árvore cujos galhos de debatiam fortemente.

De repente ele abre os olhos, vê o que acontece ao seu redor, ajeita-se no ninho, de forma a ficar mais protegido do vento. E é com esforço que consegue uma posição melhor. Quando conseguiu, olhou ao seu redor novamente e tranquilamente adormeceu.

E eu viajei…

Onde, antes, eu havia encontrado um olhar daquele? Onde houvera encontrado tal força e magnetismo?

Filhote, como outros que já conheci, parecendo indefeso num corpo pequeno mas com uma força interior que se expandia na hora dos desafios apenas para voltar a repousar…

Criança, que sozinha tem de encontrar caminhos, soluções para as questões que o mundo lhe propõe…

Ser eterno, cujo conhecimento além da forma e além das fôrmas sobrepõe-se, manifestando-se com um poder além dos limites…

Brilho de alma, toque de anjo, força do olhar. Sim, uma força que atravessa meu coração. Escrutina a minha alma, revela-me por inteiro.

Isso mesmo! Não é só acontecimento ao acaso, pois toca meu corpo e cria simultaneamente uma ponte entre as eternidades de nossas almas; pronuncia palavras que meu ouvido interior capta, propagando-se como um eco em direção aos conhecimentos mais profundos que me sustentam.

Há tempos que procurava uma espécie de brilho que ia iluminar meu ser, meu caminho. Olhei para estrelas, percebi seus brilhos e aprendi muito com elas. Mas não era o brilho que eu procurava.

Até que um dia os caminhos da amizade e do amor se uniram para fazer a sua parte nos rumos do universo e nos encontramos.

E aí… bem, quando você me olhou, Leonardo, o mundo se transformou. Se tornou mais infinito, mais profundo, mais perfeito. E brilhou no seu olhar.

Um brilho invulgar que até hoje é nele que eu reconheço.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de setembro de 1992.

* Para Leonardo Perrier de Faria Valentim, nos seus onze anos - primeiro da segunda década.)

4 de mai. de 2008

E se foi o tempo…

Álibe perfeito, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 05/07/2007 Álibe perfeito, criado em 5 de julho de 2007*.


Em um universo assim fragmentado não há Logos que possa reunir todos os pedaços: não há lei que os ligue a um todo…
Talvez o tempo seja isso: a existência última de partes de tamanhos e de formas diferentes que não se adaptam, que não se desenvolvem no mesmo ritmo e que a corrente do estilo não arrasta na mesma velocidade.
Proust e os signos - Gilles Deleuze

E se foi o tempo,

O seu tempo. O seu tempo se foi. E eu o vi não muito longe. Tristemente o vi, porque ainda não aprendi que é necessária a despedida para que haja reencontro. E lutei comigo mesmo porque é muito difícil abrir mão do que acreditamos ser nosso: um sonho quase que possível. Semi-possível — semi-real. E enquanto o tempo se ia, eu não quis acreditar que se ia porque não via que era o seu tempo e não o meu. E seu tempo era o que era necessário.

E por ir-se o tempo,

Era de tempo que você precisava. O tempo que reconstrói o mundo que se desfaz dentro e fora de nós: o tempo que pode ensinar o verdadeiro sentido dos nossos passos: passos de fuga ou refúgio? Tempo que mostra o refugo que precisamoss retirar da nossa alma para que não apodreça e em apodrecendo nos apodreça juntamente com ele.

E se foi o sorriso,

O seu sorriso. O seu sorriso se foi. E eu o vi não muito longe. Tristemente o vi, porque era apenas um esboço que a necessidade impediu de se tornar uma sonora risada. E não lutei mais comigo mesmo, porque é muito difícil não acreditar que temos algo que é nosso: um sorriso espontâneo. Sempre possível - sempre real; e enquanto sorria eu quis acreditar que se ia era porque eu vi que era meu sorriso e não o seu. E o meu sorriso era o que era necessário.

E por isso se foi,

Mas ao ir, abriu espaço para outro vir ocupar seu lugar. E não tomou nem se apossou do que não era seu, pois era lugar de ambos. Lugar de muitos sorrisos. Um bando de sorrisos capazes de compartilhar do mesmo alvo-objeto de sua existência. E partiu e por isso se foi: havia alguém que precisava dele. Alguém precisava voltar a sorrir.

E assim eu me fui,

Fui para que em alguém o sorriso voltasse e, em voltando, muitos sorrisos fossem de mim, por muito tempo e pudessem perdurar dentro de mim, que estava quase vazio deles quase o tempo todo.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 2 de fevereiro de 1995.

Minha imensa e especial gratidão à Denise Farias da Fonseca que ajudou ao 'meu menininho' não ter medo de tornar-se um homem que gosta de ser apenas um garoto.
* Texto na arte: trecho de Nosso fim, nosso começo, de Guilherme Arantes.

E depois largar por ai…

Grávida, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 18/09/2005. Grávida, criado em 18 de setembro de 2005.

Nada existe de mais difícil do que entregar-se ao instante.
Essa dificuldade é dor humana. É nossa.
Eu me entrego em palavras e me entrego quando pinto.
Água Viva - Clarice Lispector.

Eu gosto de brincar com as palavras, deixá-las percorrer a minha mente, correr por entre meus pensamentos, varrer o silêncio que, nos momentos em que me sinto sozinho, não é o que me dá tranquilidade;

Eu gosto de falar para dar voz a minha razão e calar para dar voz aos meus pensamentos;

Eu gosto dos intranqüilos movimentos que fazem as vogais, as consoantes, as sílabas, as seqüências de letras perante meus olhos e dentro de meus ouvidos, que refletem-se com ecos cautelosos dentro/fora de mim, gerando gestos gentis, gélidos ou geniais, mas sempre com vívidas expressões;

Eu gosto de deixar-me levar pelas proposições que me vêm a cada encontro: são brancos, negros, mulatos, cafuzos, mamelucos, gente careta ou maluca, tradicional ou pós-pós qualquer coisa, que só olham pra trás e/ou que fitam horizontes, por que gosto de tipos e dos tipos, diferença estampada nos movimentos, nos olhares, a cada reencontro;

Eu gosto de compartilhar vida, de celebrar todos os momentos, eu gosto sentir-me acessando fontes novas a todo instante: sou uma figura inquieta que quer passagem, quer conquistas, quer sonhos, quer estar aí pro que der e vier;

Eu gosto de ser e estar, mesmo sem crer nesse 'eu' que repito tanto a todo momento, talvez porque eu queira ter um 'eu' de estimação pra criar e depois largar por aí numa estrada qualquer da vida….


Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de setembro de 1995.

* Gratidão eterna à Rosilda Dias de Freitas que me ofertou o livro Água Viva usado na composição de sua monografia (os muitos momentos que compartilhamos ainda são lembrados com carinho!).

2 de mai. de 2008

Eu...

Pensando em você, criado por Wellington de Oliveira  Teixeira em 23/08/2007.
Pensando em você, criado em 23 de agosto de 2007.


Sou um ser concomitante:
reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro,
o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.
Água Viva - Clarice Lispector.


estive pensando em você,

não fui muito prevenido, não; deixei que meu pensamento fosse encontrá-lo e, mesmo em pensamento, não tentei atrair demais o seu pensamento. Todos tem o direito de não querer ser incomodado;


estive separando alguns textos para você,

não fui muito diretivo, não; escolhi alguns que lhe permitissem estudar e até mesmo se aprofundar, fiquei com eles na intenção de repassá-los para você, se quisesse. Todos tem o direito de recusar qualquer coisa, se não quiser recebê-la;


estive a sua procura,

não fui a muitos lugares, não; sabia onde encontrá-lo, e mesmo assim, apenas me coloquei na posição onde sempre sou encontrado. Todos tem o direito de não querer ir ao encontro;


estive sentindo uma dor estranha,

nada muito definido, não; apenas uma sensação de exclusão, de afastamento, que me foi tomando, aos poucos, por que eu pensei nela e ao pensar fui permitindo ser incomodado; uma sensação de inutilidade das minhas ações, que foi me paralisando aos poucos, porque eu não recusei aceitá-la; uma sensação de abandono, de ter sido esquecido em algum recanto sem valor no Universo, porque acreditei que eu estaria longe de você, se você quisesse.


me vi fugindo de mim, fingindo pra mim, traindo meu ser,

para não sentir essas sensações-decepções. A outra parte pode nos partir mais do que a divisão que se dá em uma alma e a necessidade da busca da outra metade, que nos completa.


me vi escrevendo sobre mim mesmo,

para parar de me trair os ideais, a busca, a potência e o fluxo da vida, que é pleno em si mesmo e nada deve paralisá-lo.
para parar com as fugas, fingimentos, pois quando se faz isso consigo mesmo, está-se fazendo com a sua metade, as outras pessoas ao redor, a humanidade, a Alma do Mundo: a Deus.


me vi escrevendo para você,

para parar de me machucar com esses pensamentos;
para parar de fazer coisas que não são do seu interesse;
para parar de lhe procurar;
para parar de me deixar sentir coisas que não mereço;
para acabar com fugas, fingimentos e traições a mim mesmo;
para não escrever só para deixar de sentir dor.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 12 de dezembro de 1998.