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12 de out. de 2008

Insanidade

Insanidade, criado em 12 de outubro de 2008
Insanidade, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 12 de outubro de 2008


…e o trabalho de nossa auto-reflexão é proporcionar-nos a sensação de que estamos sangrando juntos,
que estamos partilhando de algo maravilhoso: nossa humanidade.
Mas se fôssemos examiná-lo, iríamos descobrir que sangramos sozinhos; que não estamos partilhando nada;
que tudo o que estamos fazendo é brincar com nossa reflexão, manipulável e irreal, feita pelo homem.
(O Poder do Silêncio - Carlos Castañeda)

"Você é um louco, cara! Insano, insano, insano, insano, insano, insano, insano, insano!
Você é o diabo. Você é deprimente. Através essa passagem da Bíblia, pude entender melhor o seu site, que parece feito por alguém divino, mas que na verdade é cruel, fascista. Uma pessoa de má INDOLE. INCOERENTE com as suas atitudes. Pare de mentir na internet fingindo ser uma pessoa boa. Você é cruel e
sabe disso. Sua hora de pagar chegará. Por que você não fala da sua natureza oculta aqui?? Você é bipolar sabia?? Precisa de tratamento. VOCE É DOENTE!! VÁ SE TRATAR!!! crazy, crazy, crazy, crazy, crazy, crazy,crazy,crazy,"Um amigo pra sempre. Uma construção constante entre multiplicidades e possibilidades,
aglutinadas pelo amor. ?????????????????????? Coloque a mão na consciência e pense um pouco... quantas pessoas você maltratou? Você se acha muito superior né? Muito especial? VOCÊ é o próprio DIABO!!! Como pode ser tão MAU??? Tem certeza que vai para o céu?? Are you crazy men??

Esses foram os comentários que alguém fez neste blog. Creio que devo ter machucado essa pessoa. De forma involuntária ou não. Não sei. Um provérbio popular diz que ninguém consegue agradar a todos. Concordo.

Creio que o ser humano tem como desafio ser pleno, expressar-se por inteiro.Também acho que devemos tentar, nos caminhos propostos pela vida, na medida do possível e sem deixar de ser verdadeiro, evitar ofender com os nossos atos a terceiros - conhecidos ou não.

Não sou uma pessoa tão fácil de lidar. Isso é uma verdade porque eu encaro os desafios da vida de frente, quer me causem dor ou não. Em alguns momentos, quando acredito que devo, provoco o potencial de transformação de outras pessoas. E nem sempre sou bonzinho quando exponho uma ferida, uma falha, mas procuro mostrar que cada um tem seus próprios desafios a vencer.

Muitas vezes levei porradas da vida, no meu aprendizado. Algumas por não me empenhar em aprender de uma forma mais simples, outras por ir ao encontro delas por achar que era o que eu precisava para amadurecer e crescer como ser. Aprendi que a gente aprende de um jeito ou do outro - a vida não perdoa.

Quando olho para trás, vejo que acertei e errei em muitas ocasiões. Não vejo com tristeza, ao contrário, para mim são as pequenas marcas do meu processo de aprendizado pessoal.

Devo ter ferido, magoado, pessoas que o permitiram. Devo ter colaborado, ensinado e amado outros que assim o permitiram, também. O que não tenho dúvidas, hoje, é que em meu caminho eu busquei expressar-me como sou: apesar de apenas um fragmento do universo, sou, em mim mesmo, algo inteiro. E, por mais que possa desejar não atingir ninguém com os meus atos, não posso me impedir de ser quem sou. Essa, talvez, tenha sido a minha maior conquista na vida. Uma outra foi descobrir que o potencial que temos de nos permitir sermos feridos pode ser controlado: não precisamos ser apenas um alvo exposto, mas podemos nos expôr, quando quisermos.

Não por retórica, a vida é o tempo todo, para todos os seres humanos, um processo de destruição: nascemos para morrer. O intermédio é que pode ser definido, parcialmente, por cada um. Para aqueles que querem pegar a sua vida nas próprias mãos e conduzi-la na medida do seu possível, não há outra opção a não ser encarar os desafios da morte diária e usá-los para expandir a sua consciência e expressividade como ser. Certamente, algo muito delicado e difícil, num mundo onde é necessário sobreviver com normas e regras que nos ultrapassam. É muito mais fácil abrir mão dos sonhos, desejos e entrar nas rotinas diárias mascarado, fingindo estar bem.

O dia-a-dia é cheio de situações a que somos submetidos: são chefias, são comportamentos, são legislações, são medos e vergonhas que adquirimos. E, talvez a pior de todas, a imposição de abrirmos mão de fluxos de vida que nos definem em prol do pensamento de terceiros - os famosos Outros. E desde pequenos escutamos 'o que os outros vão, pensar, dizer, a seu respeito?' e tomamos isso como verdade absoluta: se não formos como os outros querem não somos bons.

E apesar de compartilhar com toda a humanidade momentos em que sou carinhoso, amoroso, o contrário também é verdade: posso ser cruel, indelicado, grosseiro, principalmente se agredido previamente. E algumas vezes já agi com dureza por puro amor: uma contradição que qualquer um que cuida de familia já viveu, porque o ser humano tem um potencial (auto-)destrutivo tão grande quanto tem para amar.

Mas como diria um educador com quem tive o prazer compartilhar o aprendizado de várias coisas: 'Cada um com o seu cada um…'.
E mesmo que isso machuque qualquer um, tento, contra todas as ordens contrárias, reafirmar no meu dia-a-dia que eu não abro mão das conquistas que fiz para chegar a ser quem eu sou. Insanidade?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 12 de outubro de 2008.

* Há um trecho do mesmo livro da citação acima, que acabei de reler, com o qual concordo plenamente: "Eu era tão jovem e estúpido que apenas o óbvio tinha valor pra mim… Naturalmente, eu poderia ter visto tudo naquela época, mas a sabedoria sempre nos chega de modo doloroso e aos poucos."