Sombras são o passado*, criado em 23 de janeiro de 2009
Mas escrever pra mim é frustrador: ao escrever lido com o impossível. Com o enigma da natureza…
Do Deus é no passado que se o soube. É algo que já se sabe.
(Clarice Lispector - Água Viva)
Do Deus é no passado que se o soube. É algo que já se sabe.
(Clarice Lispector - Água Viva)
No dia a dia vamos passando por diversos caminhos, onde a maioria é de repetições corriqueiras, as famosas rotinas da vida.
Quase todos os dias passo pela mesma rua, vou às lojas, pego ônibus, caminho, encontro certas pessoas;
Quase todos os dias eu esqueço das alegrias que tive e me concentro em problemas e fatos tristes;
Quase todos os dias eu esqueço dos meus desejos e sonhos e vivo o substantivo mais que os adjetivos.
Mas nem sempre é assim.
Há dias em que algo se transforma nesse painel de mesmice;
Há dias em que o inesperado bate à porta e eu não consigo me representar e me apresento como sou e, para a minha surpresa, percebo que eu não sou mais o eu que eu conhecia - algo mudou;
Há dias em que me desconserto com o que eu achava ser o certo, e não mais o branco e preto bastam e eu preciso me apropriar de uma faixa cinzenta intermediária para dar conta das novas percepções;
Há dias em que a ilusão é algo tão legal e, por alguns instantes, as fantasias são tão apropriadas que eu me permito ficar só e me deliciar;
E há momentos, como esse de hoje, quando olho a chuva e o céu nublado e cinzento e percebo que sombras são o passado, como a parte escura do que foi iluminado; são as deformações superficiais em movimento, mesmo que estampadas; são as falas guardadas que atravessam minhas palavras de forma subterrânea, sub-liminar; são os sentimentos encarcerados que se esgueiram por entre meus gestos, meus sorrisos e olhares, que deveriam me caracterizar e serem próprios e, mesmo que me pertençam, são impróprios.
E, como acontece lá fora, um pouco de luz ultrapassa as minhas sombras e iluminam, lentamente, o meu mundo. As casas ganham cores, as distâncias se encurtam, o duvidoso se esclarece, meu olhar distingue as diversidades e as diferenças e consigo entender um pouco mais de mim mesmo e das minhas tão necessárias rotinas: são as sombras de um momento como esse de iluminação.
Mais uma vez o exercício da escrita me traz paz e eu lhe digo: Cai na PAz!.
Quase todos os dias passo pela mesma rua, vou às lojas, pego ônibus, caminho, encontro certas pessoas;
Quase todos os dias eu esqueço das alegrias que tive e me concentro em problemas e fatos tristes;
Quase todos os dias eu esqueço dos meus desejos e sonhos e vivo o substantivo mais que os adjetivos.
Mas nem sempre é assim.
Há dias em que algo se transforma nesse painel de mesmice;
Há dias em que o inesperado bate à porta e eu não consigo me representar e me apresento como sou e, para a minha surpresa, percebo que eu não sou mais o eu que eu conhecia - algo mudou;
Há dias em que me desconserto com o que eu achava ser o certo, e não mais o branco e preto bastam e eu preciso me apropriar de uma faixa cinzenta intermediária para dar conta das novas percepções;
Há dias em que a ilusão é algo tão legal e, por alguns instantes, as fantasias são tão apropriadas que eu me permito ficar só e me deliciar;
E há momentos, como esse de hoje, quando olho a chuva e o céu nublado e cinzento e percebo que sombras são o passado, como a parte escura do que foi iluminado; são as deformações superficiais em movimento, mesmo que estampadas; são as falas guardadas que atravessam minhas palavras de forma subterrânea, sub-liminar; são os sentimentos encarcerados que se esgueiram por entre meus gestos, meus sorrisos e olhares, que deveriam me caracterizar e serem próprios e, mesmo que me pertençam, são impróprios.
E, como acontece lá fora, um pouco de luz ultrapassa as minhas sombras e iluminam, lentamente, o meu mundo. As casas ganham cores, as distâncias se encurtam, o duvidoso se esclarece, meu olhar distingue as diversidades e as diferenças e consigo entender um pouco mais de mim mesmo e das minhas tão necessárias rotinas: são as sombras de um momento como esse de iluminação.
Mais uma vez o exercício da escrita me traz paz e eu lhe digo: Cai na PAz!.
Wellington de Oliveira Teixeira, em 23 de janeiro de 2009.
* carrego em mim as sombras e as cenas iluminadas da minha vida - isso me torna pleno.
