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8 de jun. de 2010

Não querer mais que bem querer

Talheres - Arte sobre foto*, criado em 08/06/2010.

O amor é bom, não quer o mal. Não sente inveja ou se envaidece...
É um não querer mais que bem querer.
(Monte Castelo - Legião Urbana)


Sabe, queria ser bem romântico ao escrever esse texto, mas fiquei obstruído. Amar é complicado. Ser amado é tanto ou mais. E tentar unir esses amores... [haja esforço!].

Mas se a humanidade, após séculos e séculos, ainda busca esse encontro idealizado, talvez, e reparem que eu disse talvez, haja um grande possível nele que ultrapassa todas as outras questões.

Você, assim como eu, já deve ter a sua coleção favorita de músicas românticas [mesmo que não queira confessar!]. E, entre tantas falando sobre o amor, fiquei bastante encucado [intrigado, cismado; preocupado, inquieto.] com a frase de uma delas: 'É um não querer mais que bem querer.' Convanhamos: que maneira complicada de dizer que querer bem [a alguém ou a algo] é a única coisa que se deseja!

Mas, ser pensante que sou, saí em busca de entender as razões da frase. Me recordei que no encarte do cd Quatro Estações havia um comentário de que a música Monte Castelo era uma adaptação de um poema de Luis de Camões (soneto número 11) e de um texto da Bíblia (I Coríntios 13). Descobri então que o trecho da música que havia me encucado [agora você já sabe o que é, né?] é uma citação direta do soneto, que transcrevo abaixo [viva São Google. Santa Wikipedia, Batman!]:

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Para o Renato Russo, a resposta à pergunta de Camões contida nos últimos versos [que pergunta? Se o amor é tão contrário a si mesmo, como pode seu favor (sua atuação) causar (gerar) a amizade nos corações humanos?], encontra-se no texto bíblico de I Coríntios 13. Lá o amor ganha o status de a potência máxima da vida:


'Ainda que eu [cita trocentas coisas] e não tivesse amor, nada seria.'
'O amor nunca falha;'
'Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.'

Mas tem uma coisa a mais [Ser Pensante é FlÓriDA!]: ele entitula a música de Monte Castelo [olhe a citação no final do texto com **], e mistura ódio (uma guerra mundial) e amor [será que é só para complicar as coisas?].

Pensei, pensei... [saiu fumaça...] até que me lembrei de uma aula na faculdade, onde o professor de filosofia Claudio Ulpiano [esse era Ser Pensante, mesmo!] mandou essa: o amor e o ódio estão na mesma face de uma moeda. A indiferença é que está do outro! Cá com meus botões, será que o Renato teve aulas com ele, também? Talvez por isso é que ele simplesmente decreta: É só o amor que conhece o que é verdade.

Isso tudo para dizer 'eu te amo'. E eu lhe pergunto: será que o meu amor sabe disso?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 08 de junho de 2010.

* A foto base dessa montagem está disponível em:
http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom?gwt=1&uid=810050098124745897&aid=1233812923&pid=1274843911441

** A Batalha de Monte Castello foi travada ao final da Segunda Guerra Mundial e marcou a presença da Força Expedicionária Brasileira entre as tropas aliadas que tentavam conter o avanço das forças do Exército alemão, no Norte da Itália. [wikipedia, é claro!]

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