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15 de nov. de 2012

Super são, não supressão

Supressão*, criado em 15/11/2012

Precisamos transformar a realidade deste mundo não com mais ódios e preconceitos.
Devemos trazer ideias novas e defendê-las com bons argumentos.
Negar outras ideias não nos leva a nada além de um fundamentalismo.
E como me entristece ver o ódio que tem sido gerado por tanta gente no mundo
pela incapacidade de respeitar o pensamento alheio
e de entender que cada um está num determinado patamar de seu desenvolvimento pessoal
e precisa, mais do que qualquer outra coisa, de estímulo para ir adiante
e descobrir seus valores e construir algo bom para si e para os que estão ao seu redor.


Quando não percebemos a cooptação de nosso pensamento, a supressão de nossa capacidade crítica provoca uma lacuna que é capaz de anular ou mesmo extinguir o respeito e o amor ao próximo. A isso eu chamo de aprisionamento da alma.
Wellington de Oliveira Teixeira

Não sei bem o que está acontencendo atualmente (já há muito tempo, talvez) quando uma certa força produtora do nada anda permeando os pensamentos e as vontades, principalmente de uma determinada juventude.

Penso, reflito, tento fazer uma avaliação cuidadosa que não busque no saudosismo uma referência, provoco um rearranjo do meu pensamento e principalmente das estruturas das minhas lógicas, tudo em busca de produzir um pouco mais de clareza sobre esse contexto de realidade aonde os jovens perderam as esperanças, os ideais, projetos políticos e estão se agarrando às correntes de pensamentos fundamentalistas de forma acriteriosa.

Essa vontade me tomou a alma a partir do momento em que um menino - que se tornou um sobrinho de alma há alguns anos atrás -, de uma hora para outra, começou a apostar as suas fichas em frases e pensamentos extremamente fundamentalistas. Numa linguagem que historicamente aprendi a usar, direitistas, muito próximos de fascistas. Mas, aceito de bom grado evitar esses termos daqui para adiante, em prol da busca de conciliar as diferenças e evitar as forças que estão esgarçando as linhas de contato.

Quando conheci o Francis Lauer, cujo nome de usuário numa rede de chats antiga (mIRC) era Zack-, me encantei com a sua capacidade, generosidade, força de vontade e busca de conhecimento.

Na época, ele era um adolescente que vivia alguns conflitos e buscava ultrapassar algumas questões de vida. Eu, buscava algumas teorias e pensamentos que embasassem aquilo que eu chamava de magia da vida.

Após o falecimento de meu Bruninhu, tristeza e uma certa falta de vontade me afastaram das salas de bate-papo e de muitos convívios, do dele não.

Vi, com atenção e preocupação, os novos passos de seu caminho. Busquei me inteirar das novas formas de pensamento, de religiosidade, de escolaridade, com o objetivo de estar pronto a compartilhar, sempre que solicitado por ele, das questões que o atravessavam.

Considero que fizemos um percurso muito bonito de amizade e respeito, independente da distância que existe entre Santa Maria (RS) e São Gonçalo (RJ). E, até então, não houve nada que tivesse conseguido atravessar o bom relacionamento e confiança que partilhávamos.

Hoje, já um jovem adulto, vi a transformação de seu pensamento e propostas de vida. Algumas questões que eu tranquilamente afirmaria serem opiniões e crenças pessoais que não denunciavam nada além de sua busca por expressão, de valorização da vida, e de sua fé (coisas que, a mim, sempre provocavam respeito) mudarem para posicionamentos bastante radicais.

Percebi que um determinado pensamento passou a ser dominante. Não o seu, mas o de um certo grupo que se aglutina sob o nome fiat libertatis. Do que pude observar, nas postagens no facebook, um grupo de políticos e empresários que defendem práticas e conceitos sociopolíticos bem ortodoxos e conservadores que está expresso no lema que adotam: conservador nos costumes e liberal na economia. Coisa até comum para quem quer sacralizar suas ideias, utilizam-se de frases em latim para dar um verniz aos seus posicionamentos e pronunciamentos. Em português claro: fundamentalismo.

Buscando ser cuidadoso no meu posicionamento, pude observar como a defesa da vida, na qual o Francis se engajou, expresso contra a prática do aborto, se expandiu para posicionamentos políticos e capitalistas, em alguns momentos beirando ao contraditório.

Em um desses momentos, expressou que era melhor que crianças trabalhassem nas fazendas em regime análogo à escravidão do que estarem em uma escola, já que, neste governo, estariam aprendendo o socialismo ou o comunismo - algo inaceitável na visão deles.

Por me posicionar, como sempre fiz, contrário à essa visão, no dia 28 de outubro, ele simplesmente não quis mais ter-me na sua lista de contatos do facebook e, pelo que posso avaliar, como amigo.

Meu maior medo é que - apesar de tão talentoso como é - ele perca o rumo da vida que estava construindo tão bem: uma busca incessante por crescimento pessoal e a proposta de fé que abrangia uma prática consciente de compreensão. Mais que isso, uma visão ampla, em que respeito e amor ao próximo eram partes integrantes e fundamentais.

Mas quero crer que talvez eu esteja exagerando um pouco e a minha preocupação e carinho tenham me levado a imaginar mais do que a realidade possa me oferecer como visão. Que meu guri esteja vivendo um percurso necessário ao seu crescimento pessoal que, logo logo, será ultrapassado e do qual se erguerá fortalecido e pronto para continuar o exercício do amor e respeito ao próximo acima de qualquer convenção social.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 15 de novembro de 2012.

*Supressão: ação ou efeito de suprimir; eliminação, lacuna, omissão, abolição, anulação, cessação, derrogação, extermínio e extinção.

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