Pesquisar este blog

20 de jul. de 2015

Alterimizade

Alterimizade, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 18-07-2015.
Alterimizade*, criado em 18-07-2015.

O termo amizade carrega o sentido de um relacionamento afetivo sem conotações romântico-sexuais; envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo. Originada no instinto de sobrevivência da espécie, das relações interpessoais durante a vida, tornou-se a mais comumente desejada de ser constituída, diferenciando-se do coleguismo onde interesses afins ganham prioridade sobre o companheirismo.

No início dos tempos, descobrimos que só compartilhando a vida seria possível, iniciando com a sobrevivência, conquistar uma vida melhor. Dos agrupamentos à sociedade telemidiática, a manutenção de contatos utilitários tornou-se indispensável.

Avançamos um pouco ao verificar que isso não bastava. Com o prazer da confidência e o apoio nas fraquezas, a solidariedade ganhou terreno e se qualificou como necessária para além de suas funções iniciais. Lentamente, o utilitarismo cedeu prioridade em prol da vivência compartilhada, da combinação das forças e das emoções, de um desejar o mesmo bem que a si mesmo.

Claro que não foi igual em toda a espécie, mas aprendemos a carregar o outro dentro de nós — imagética e energeticamente — e geramos o amigo, alguém que pode, ou não, ter nosso sangue e é receptáculo de nosso amor, que coexiste conosco, dentro de nossa alma.

Aos poucos, esse tipo de conexão além de genérico tornou-se genético, marcando a raça humana com a necessidade do companheirismo. Isso alcançou força incomum ao ponto de dotarmos o mundo com o reflexo da nossa alma e projetamos em todas as relações existentes esse conceito. Construímos um mundo onde as criaturas são fontes e propiciadoras dessa forma de contato — inclusive domesticamos animais em função dessa sensação de aconchego. Está muito claro que, quando completamente isolada, uma pessoa enlouquece.

Muitos, como eu, apreciam a fantasia e a transcendência associadas a essa ligação, identificando-a nos contatos entendidos como físicos e espirituais. Passamos a produzir o entendimento da unicidade entre os seres, orgânicos ou não, e adotamos os conceitos e práticas de preservação e colaboração: o universo tornou-se meu amigo: mexeu com ele, mexeu comigo. Há pensamentos que propõem haver níveis superiores de energia e conhecimento, dotando-os da capacidade dessa forma de relacionamento com os seres humanos.

Em qualquer aspecto que se olhe, a transcendência que é efetivada nesse tipo de relação nos propõe algo maior que o isolamento produzido por poder, ganância, ódio e outras mesquinharias ainda tão presentes nos contatos sociais. No diferente eu encontro o que preciso para realizar meu potencial humano quando a alteridade me leva, além do reconhecimento da existência de um outro, a estabelecer uma das mais belas experiências que a humanidade pode desejar vivenciar. Algo que, por falta de um conceito estruturado, vou nomear alterimizade.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 20 de julho de 2015.

* O neologismo tenta dar conta das conexões que estabelecemos com a diferença, de forma positiva atuando no sentido de complementaridade. Ao potencializar o outro, amplio as capacidades de existência plena e feliz em mim.

Nenhum comentário: