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25 de jul. de 2015

Que sejam frações íntegras

Integrais, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 25-07-2015.
Integrais, criado em 25-07-2015.

integridade:
1. estado ou característica daquilo que está inteiro, que não sofreu qualquer diminuição; plenitude, inteireza.
2. característica ou estado daquilo que se apresenta ileso, intato, que não foi atingido ou agredido.
3. qualidade de ser íntegro, de conduta reta, pessoa de honra, ética.

Podemos esquecer, ignorar, ocultar. Não importa. É falho o entendimento não precedido da compreensão de que alcançamos apenas parcialmente o que quer que tentemos interpretar ou valorar.

Destrinchar e reduzir às partes componentes também não é eficaz, do contrário teríamos solucionado quase todos os problemas da humanidade. Nossas parcialidades tem funções específicas, próprias e inalienáveis. Isso significa que destituir um ser de qualquer uma delas é o mesmo que abalar a sua integridade*.

Não há como pedir a alguém para ser algo que não é. Mas nos achamos competentes para limitar, deixar uma de suas características de lado, ou influenciar semelhantes ações. Há questões pessoais de transformação, mas esta é fruto de uma necessidade interior não de exigências sociais. O que cabe a qualquer um bem intencionado é incentivar o processo de busca por aperfeiçoamento.

A descoberta de si, os questionamentos próprios e os confrontos entre desejos e realidade são o modo como o ser humano se inclui no mundo. Exceto nos casos onde a integridade alheia ou própria se faz presente na equação, não é lícito interferir sem solicitação expressa.

Qualquer processo educativo tem como cerne a expansão das possibilidades pessoais. A potência existente em cada ser é algo para ser desenvolvida de modo equilibrado. Apresentar alternativas, mostrar a diversidade de opções nos modos de ser e estar é o que considero válido. Avaliar possibilidades de modo crítico, por meio de diálogo não impositivo, o caminho.

O mais é apenas autoritarismo que não produz transformação: sujeição de vontades à serviço do egoísmo.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 25 de julho de 2015.

* Ética (éthos), originariamente assento e morada, promove uma concepção de mundo que gera práticas capazes de dar acolhimento, assento ou morada à alteridade. Isto é, essa diferenciação que existe em cada processo individual que não se deixa capturar ou reduzir a ideais ou leis de conduta.
Muito além da negação dos valores estruturadores de uma sociedade, é constituir outros, supramorais, ao nível das sensibilidades e do pensamento; ultrapassar supostas verdades fixas e gerais, em prol da vida e seu contínuo processo de transformação. Buscar atuar avesso a valores morais e uma ordem natural e imutável do mundo. Posicionar-se positivamente diante da multiplicidade, do acaso, daquilo que, sem percebermos, nos transforma.
E. Enriquez, em sua obra A organização em análise refaz a contraposição Sujeito versus Indivíduo do seguinte modo: indivíduo é aquele que assimilou sem questionamento seu meio social e os modos de ser e fazer nele presentes; sujeito é aquele que apesar de de assimilar é capaz de refletir e fazer surgir o novo, expondo a anormalidade que existe no cerne da norma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como ser ético? As maneiras são infinitas. Sugiro a seguinte: exercitando no dia a dia a pequena ética: literalmente, a etiqueta. Não se trata aqui da etiqueta do tipo vitoriana (o talher “certo”, a roupa “certa”), mas daqueles pequenos atos que lubrificam a convivência. Seja gentil (sem ser subserviente, bajulador ou covarde). Ser honesto com o uso das palavras de ouro (“bom dia”, “com licença”, “por favor”; “obrigado”; “desculpe”) é mais difícil e mais fácil do que parece. Um caminho que venho praticando é o de tentar dar o exemplo para uma criança: além de facilitar o exercício de aprimoramento pessoal ajuda a estreitar os laços com o novo.

Wellington O Teixeira disse...

Me encanta esse vir-a-ser tão presente na criança, um devir que se expressa plenamente quando sustentado por visão crítica, mas ampla e cuidadosa (inclusive com nossas próprias visões de verdade). Para mim, um presente que é possível saborear no presente e, por uma certa antecipação, aproveitar um pouquinho do futuro.
A conduta ética inclusiva nos torna Sujeitos de um processo e promove no outro a oportunidade de sair dos assujeitamentos sociais diários.