Pesquisar este blog

11 de jul. de 2015

Que nem maré

Que nem maré, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 11-07-2015
Que nem maré**, criado em 11-07-2015.

Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia: tudo passa, tudo sempre passará.
A vida vem em ondas, como um mar num indo e vindo infinito.
Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo: tudo muda o tempo todo no mundo.
Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo.
Agora há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre: como uma onda no mar.

(Lulu Santos e Nelson Motta — Como uma onda)


Meus universos disputam espaço dentro e fora de mim. De forma feroz tentam me induzir à simpatia ou antipatia em relação ao que presencio ou vivencio. É que a educação em preceitos e preconceitos produziu efeitos que exigiram muitos anos de vida para minimizá-los.

Não alcancei o equilíbrio desejado. De quando em vez, alguns dos que abomino atonam e se expressam, mesmo contra a minha vontade. Já viu onda no mar que sobe muitíssimo e depois se lança ao fundo carregando tudo em seu caminho? Bem, para quem está dentro é um processo bastante assustador.

Identifico esse como um dos fortíssimos motivos para incessantemente me aproximar de elementos diversificados, os que me oferecem a chance de entender quão mesquinhas são essas propostas de imobilização, reprodução e monocromia. Tudo parado e igual: monotonia. Tem até samba de uma nota só, mas tem que fazer malabarismos para produzir algo bom com isso.

Me propus — algo que indico — retomar algumas leituras. Simultâneos, livros clássicos e pops — nas playlists é uma constante essa conjunção. Para mim, é permitir pincel grosso e aquarela coabitarem o mesmo espaço, marcando com tons pesados e muitos leves a mesma tela.

Ser eu mesmo, o que quer que isso signifique neste momento, impõe a expressividade sendo utilizada criteriosamente. Não à toa. Minha nudez é uma intimidade e tem aspectos reservados, não minha razão. Ainda assim, ao escrever, tento desenvolver pensamentos e não, apenas, raciocínios. Há lógica, mas permeada pelo desejo de aflorar sensibilidades e outras capacidades que cada um possui.

Esse texto é uma tentativa disso, conduz a uma espécie de crítica ao enrijecimento, valoriza o cuidado de si, expressa movimentos pessoais, no entanto, insufla um egoísmo crítico: como no amar ao próximo como a si mesmo, expressividade deve começar em si para conseguir ir adiante sem se tornar um rolo compressor esmagando, massificando outros.

Nenhuma verdade pode tornar-se verdadeira omitindo ou eclipsando outras verdades.

Somos múltiplos. Há multiplicidade em tudo que nos rodeia e nos permeia. Cada um expressa não unicamente um modo de ser. Variamos. Carregamos por assimilação ou por um difícil processo de produção tudo o que nos torna únicos. E é essa unicidade estruturada na multiplicidade que me encanta. A ela dedico, entendendo que são como as intensas e imprevisíveis ondulações que caracterizam o mar, esse esforço para seduzir seu pensamento. É que unir forças é fundamental para expandirmos nossas potencialidades*.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 11 de julho de 2015.

* Nagil Teixeira completa 90 anos. Na certidão de nascimento do meu tio e pai de criação consta:
Certifico que à fl 003V do livro n° 15-A sob o número de ordem 81, foi lavrado o assentamento de NAGIL TEIXEIRA, nascido aos 12 dias do mês de julho do ano de 1925, às 02:00 horas, no(a) lugar denominado Serro Frio, neste Distrito…
** Para quem tem dúvidas, a expressão 'que nem' é válida e correta, carregando o sentido de comparativo de igualdade, substitui o termo 'como'.

Nenhum comentário: