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5 de mai. de 2008

É nele que eu reconheço…

Inocência, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 24/11/2007. Inocência, criado em 24 de novembro de 2007

Eu conheço um planeta onda há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia inteiro repete como tu: 'Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!' Mas ele não é um homem; é um cogumelo!
O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry


Hoje sol e chuva abriram um caminho juntos, e o vento não quis ficar de fora. As nuvens, elas resolveram nublar o céu mas o sol, teimoso, manteve suas forças e enviou seus raios por entre elas.

Havia árvores balançando, algumas até mesmo se inclinando ante a força do ser invisível que as movia, tentando arrastá-las junto consigo.

E eu vi os embates se sucederem. A natureza mostrava seu lado guerreiro, sem que eu pudesse perceber uma sombra sequer do que chamamos de dominação ou uma força subjugando as outras.

Havia paz. Paz em mim. Não do tipo de paz expresso na tranquilidade e sossêgo total. Essa não.

Havia paz. Mas aquela do pequeno pássaro dormindo em seu ninho, instalado no tronco de uma árvore cujos galhos de debatiam fortemente.

De repente ele abre os olhos, vê o que acontece ao seu redor, ajeita-se no ninho, de forma a ficar mais protegido do vento. E é com esforço que consegue uma posição melhor. Quando conseguiu, olhou ao seu redor novamente e tranquilamente adormeceu.

E eu viajei…

Onde, antes, eu havia encontrado um olhar daquele? Onde houvera encontrado tal força e magnetismo?

Filhote, como outros que já conheci, parecendo indefeso num corpo pequeno mas com uma força interior que se expandia na hora dos desafios apenas para voltar a repousar…

Criança, que sozinha tem de encontrar caminhos, soluções para as questões que o mundo lhe propõe…

Ser eterno, cujo conhecimento além da forma e além das fôrmas sobrepõe-se, manifestando-se com um poder além dos limites…

Brilho de alma, toque de anjo, força do olhar. Sim, uma força que atravessa meu coração. Escrutina a minha alma, revela-me por inteiro.

Isso mesmo! Não é só acontecimento ao acaso, pois toca meu corpo e cria simultaneamente uma ponte entre as eternidades de nossas almas; pronuncia palavras que meu ouvido interior capta, propagando-se como um eco em direção aos conhecimentos mais profundos que me sustentam.

Há tempos que procurava uma espécie de brilho que ia iluminar meu ser, meu caminho. Olhei para estrelas, percebi seus brilhos e aprendi muito com elas. Mas não era o brilho que eu procurava.

Até que um dia os caminhos da amizade e do amor se uniram para fazer a sua parte nos rumos do universo e nos encontramos.

E aí… bem, quando você me olhou, Leonardo, o mundo se transformou. Se tornou mais infinito, mais profundo, mais perfeito. E brilhou no seu olhar.

Um brilho invulgar que até hoje é nele que eu reconheço.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de setembro de 1992.

* Para Leonardo Perrier de Faria Valentim, nos seus onze anos - primeiro da segunda década.)

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