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25 de set. de 2015

Um mundo de gradações

Extrapolando, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 25-09-2015.
Extrapolando*, criado em 25-09-2015.

Extrapolar
Ultrapassar os limites conhecidos (ou polos); ir ou situar-se além de; exceder.
Ampliar o domínio, estender a validade ou generalizar buscando validar ou comprovar novas inferências ou hipóteses.

Mesmo sendo necessário em várias situações posicionar-se por um lado ou outro, confirmar ou negar, excluir ou adicionar, nossas decisões não dão conta completamente de uma simples questão: há camadas ou tons.

Socialmente, tentamos criar conceitos plenos, verdades, base sólida para lidar com acontecimentos e para direcionar nossa decisão ou prática. Dentro do possível, um caminho válido para não estacionar diante do que se atrai para si ou do que vem ao nosso encontro.

Mas não devemos ignorar que entre um ponto e seu oposto há gradações que reúnem quantidades diferenciadas dos extremos. O tal do mundo cinzento entre o preto e o branco, a intensidade entre a ausência ou a presença da luz, apenas para citar exemplos visuais e mais fáceis para gerar associações.

No período de desenvolvimento de uma criança, é preciso aos poucos ir retirando as proibições em prol do aprimoramento da sua capacidade de decisão. Crianças geneticamente são estruturadas para ultrapassar os limites, do contrário, não haveria aprendizado ou desenvolvimento como espécie.

Na prática, em vez de um 'Você vai cair', seria bem melhor um 'Cuidado, é perigoso'. Demanda um pouco mais de tempo e atenção e, é claro, dar explicações**.

É que todos precisam da transição entre o desconhecido e o conhecido, entre o medo e a segurança, entre a irresponsabilidade e a responsabilidade por suas decisões. E isso não ocorre por que fez 12, 18 ou 21 anos, é algo que flui aos poucos dependendo dos estímulos recebidos e das respostas obtidas.

Pessoas bem resolvidas são as que, experimentando, descobriram seu modo certo de fazer (cada um tem o seu!) e foram extrapolando a estrutura para outras situações, reduzindo a necessidade de supervisão. Jamais estaremos livres dos riscos, por isso, aprender a gerenciá-los é tão fundamental. Isso tem que ser estimulado desde a mais tenra idade.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 25 de setembro de 2015.

* Tomo como base o conceito de que o ser humano essencialmente deseja a superação, essa vontade de potência definida por Espinosa como fundadora do ser (Ética, IP34). Isso só ocorre e se desenvolve por meio de suas interações (ou encontros) e elaborações.

Eu reafirmaria que, tal como os argumentos de Nietzsche contra a causalidade deveriam ser lidos como argumentos contra a causalidade externa em favor da causa interna, o ataque à essência é o ataque a uma forma externa de essência. A vontade de potência é a essência do ser. […] É verdade que cada um confia em uma noção de essência, em ambos os casos é uma essência histórica, material e viva, uma essência superficial que nada tem a ver com as estruturas ideais e transcendentais que são usualmente o centro dos argumentos 'essencialistas'.[…]
A fundação do ser, portanto, reside tanto em um plano corpóreo quanto mental, na dinâmica complexa do comportamento, nas interações superficiais dos corpos.
(Michael Hardt — Gilles Deleuze - Um aprendizado em filosofia, nota de rodapé 9, p.84-85)

** Há no sítio português Companhia de STJ vários estilos de perguntas — esclarecendo os porquês — que podem ser utilizados por professores ou mesmo pelos pais, visando um aprendizado mais amplo para as vivências.

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