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16 de set. de 2015

A ira pira e inspira


A ira inspira, criado em 13-09-2015.

ira
cólera, raiva, indignação, desejo de vingança. A ira é um impulso momentâneo positivamente utilizado quando a motivação é uma injustiça. Quando reprimida, torna-se raiva (ou ódio), emoção destrutiva para quem a sente e para quem é objeto dela.
A imaturidade no lidar com esse sentimento gera o desejo descontrolado de vingança, sentimento de desonra e indignação; por fim, dominada por pensamentos negativos, a pessoa comporta-se de maneira feroz, animal, destrutiva.

Não permita que a ira domine depressa o seu espírito, pois a ira se aloja no íntimo dos tolos.
(Biblia — Eclesiastes 7:9)

inspirações… Inspirações… inspirações…

Precisei refletir sobre os discursos e práticas incentivadores do ódio que se ampliam no país e no mundo. Do que percebi, discursos falseados de razão, preconceitos e boatos espalhados por robôs da internet (programas automatizados ou perfis falsos) tornando-se inspirações para o mal.

A primeira coisa que chama a atenção é a ira que carregam, expressam e disseminam. Um projeto de descarregar frustrações sem se dar o trabalho de elaborar a questão. Não à toa, irmãos gêmeos, pai e filho, estrangeiro e crianças pobres — para citar apenas exemplos bem recentes — acabam sofrendo, geralmente por grupos covardes que dão vazão ao seu ódio.

A segunda, está relacionada aos problemas de ordem psicológica* que demonstram ter — alguns em grau elevado — quando se expressam. Suas desordens mentais são aparentemente ignoradas por quem eles atraem para, juntos, executarem ataques sem motivo aparente.

São fluxos de ar retidos que incham a pessoa, alteram o semblante e endurecem a expressão facial, atiçam o sangue nos olhos e obscurecem a razão. São textos desconexos que pretendem apenas o ataque e não melhorar algo. São imagens escolhidas ou trabalhadas para trazer o pior à tona.

Continuo tentando, após reunir os dados disponíveis, entender a fonte da inspiração, a força motriz desses eventos tão atuais, dessa sombra obscurecedora que paira na mente de tantos, esse retorno à Idade das Trevas. Confesso que, por mais desenvolvida que seja a lógica utilizada ou a qualidade dos textos que os analisam, não vislumbro como dar conta do que está aí e isso me atemoriza.

Inércia ou inação não contribuem para a mudança para melhor. Criei, então, uma imagem para competir com essa onda, afirmando outra inspiração. É como aquela história dos dois lobos, lembra? Qual você alimenta?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 16 de setembro de 2015.

* A dificuldade relativa ao controle do impulso agressivo, manifesto por reações explosivas não planejadas e desproporcionais ao fator desencadeador, está relacionada ao Transtorno explosivo intermitente (TEI) que alia causas biológicas às psicossociais em sua origem.
Portadores do transtorno perdem a sua razão numa espécie de apagão do cérebro que é seguido de um descontrole. A percepção da iminência do que está para acontecer existe, mas isso não impede — como acontece em pessoas mais saudáveis — de usar de gestos obscenos, ameaçar, xingar ou gritar por conta da demora em um atendimento no caixa; de expressar uma crise de fúria que leva a jogar fora ou quebrar algo; em alguns casos, algo pior, uma vez que relatam, de forma figurada ou não, o desejo de matar alguém, a necessidade de ferir ou atacar.
Popularmente conhecidos como sujeitos de “pavio curto” (termo que ilustra o fato de serem explosivos), eles relatam que esses sintomas são precedidos de pensamentos raivosos e níveis crescentes de tensão, excitação, palpitações e aperto no peito. Por fim, encaram seus atos e as consequências com vergonha, culpa e arrependimento.

4 comentários:

Anônimo disse...

Dar conta dessa doideira que está aí é trabalho de formiguinha: um pouco a cada dia. Mas, e quando o incômodo aumenta?
Se algo me incomoda, é por que não o compreendo. Na incompreensão, quero ir à tentativa de superá-la. Mas às vezes vencem a adaptação imbecilizante ao que está aí e o alheamento doentio. Eis que surge a frustração. Essa se transforma em ira. Não sublimada, transforma-se em ódio. No ódio impera o medo. No medo tudo é ameaça. Para o ódio e o medo não há solução imediata. Só tempo e refúgio: abrigo, acolhimento e meditação.
A felicidade é um fenômeno individual. Dela não se partilha. Quando mais de um são felizes, é por que não verdade não há mais de um. A alteridade fenece ante à felicidade.
Continue escrevendo.

Wellington O Teixeira disse...

Fico apenas com uma questão em sua análise: 'a alteridade fenece ante à felicidade'. Certamente, é individual o processo de elaboração dos fatos da vida, mas a produção de momentos felizes, o compartilhamento ou coletivização de questões, potencialmente, permitem, no mínimo, a redução da angústia e do sofrimento.
Apresento a questão como uma dúvida, por crer não ter alcançado o sentido mais profundo dela.

Anônimo disse...

Na linguagem de Dom Juan: Quando, através de um sutil furo na casca do ovo no qual se aloja o meu ponto de aglutinação, surge entre mim e ti, por mais efêmera que seja, uma fibra energético significando amizade, eu e você nos confundimos e passamos a ser um.
No limite, quando a casca do ovo se rompe totalmente, deixa de haver qualquer separação e mim e o resto do universo. E conceitos como amizade não mais se aplicam.

Anônimo disse...

Aliás, a ira pira (queima) e pira (enlouquece).