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2 de abr. de 2014

Pontos & Perspectivas

Pontos e perspectivas, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 31-03-2014
Pontos e perspectivas, criado em 31-03-2014.

Pense em Adão e Eva como um número imaginário, como a raiz quadrada de menos um:
a gente nunca vê uma prova concreta de que ele existe,
mas quando incluímos esse número nas nossas equações,
podemos calcular todo tipo de coisa que seria impossível imaginar sem ele.

(Philip Pullman - A bússola de ouro p.341 *)


Preciso encontrar um ponto de equilíbrio, aquele que aprendi e construí como conhecimento. O problema é que, quando penso que me aproximei, ele se distancia e tenho que recomeçar do zero a busca. Fico distante.

Pois bem, eu gosto de caminhar à beira-mar e não sei bem o porque de não estar me proporcionado isso, atualmente. Sendo um pouco mais honesto, há muito tempo. Fico olhando apenas as luzes distantes, tanto que são apenas pontos na escuridão. É que as pessoas ligam as suas lâmpadas em casa durante as noites. Esse exercício está tão constante nesses últimos dias que até as distinguo das que são de postes. E olha que eu estou muito, muito longe. De mim.

Acho que estou procurando, também, uma bússola. Não a de ouro do Philip Pullman. Se bem que eu gostaria de ter um Dimom (daemon) - a personalidade de alguém que assume formas de animal - que compartilhasse pensamentos e sentimentos e me acompanhasse por aí. Quem sabe, assim, a loucura de conversar comigo mesmo incansavelmente me parecesse menos grave. Insano.

É que ao se chamar alguém assim cria-se um paradoxo: um sujeito (de)mente não seria o mais sóbrio e racional, em sanidade? Julgo que as áreas 'psi' ainda não chegaram a um acordo sobre o que é e o que não é, estão meio borderline, limítrofes ou fronteiriças. Não conseguem ultrapassar a questão e entrar para valer no novo território. Será que é por que quem foi não quis voltar ou fica como um iô-iô, num vai e volta constante? Retorno.

Talvez, apenas aprendendo a caminhar circundando a realidade, sempre retornando ao mesmo ponto, consigamos maiores esclarecimentos sobre o que se vivencia. Mas isso soa tanto repetição que me incomoda. Não gosto do andar circular. A expressão circular por aí me incomoda, prefiro um andar por aí, não é direcionado previamente. É que eu me esqueço algumas vezes de que não preciso apenas andar num círculo, posso fazer uma espiral ascendente. Com isso, mesmo que percorrendo o mesmo ponto posso estar num outro nível e avaliar sob uma nova perspectiva. Prospecção.

Ter um olhar dito mais profundo, que examina mais cuidadosa ou atenciosamente os fatos é o que me proponho todas as vezes que virtualizo meus pensamentos e sentimentos. Será que a natureza humana aprende com o universo que tudo é compartilhado equilibradamente? Bem, talvez eu esteja apenas esquecendo dos problemas que ocorrem quando um item da equação (talvez a sinalização de igual) se perde na formulação. Igual ao que me fez começar a escrever depois de desenhar. Projetar.

Um projetor é sempre alguém que tem uma proposta de iluminar algo ou dar conta de alguma questão. O exercício de projeção auxilia quando é preciso dar um tempo a si mesmo, colocar para fora algo e, ao vê-lo projetado, visualizar com mais clareza a situação em seu todo. Nem sempre dá certo, por conta do aprisionamento a ela ou do sofrimento que produz. Aí não tem jeito. É preciso retornar ao início porque é

[Preciso encontrar um ponto de equilíbrio…].

Wellington de Oliveira Teixeira, em 02 de abril de 2014.

* A Bússola de Ouro é o primeiro livro da trilogia de ficção Fronteiras do Universo (os outros são A Faca Sutil e A Luneta Âmbar), escrita por Philip Pullman. Publicado em 1995 no Reino Unido, traduzido em 2007 aqui no Brasil. Um ponto importante é a crítica à dominação por meio da religião, representada pelo Magisterium.
** É importante notar que o título original da trilogia His Dark Materials remete à matéria obscura (matéria escura ou matéria negra) que só pode ser inferida a partir de efeitos gravitacionais sobre a matéria visível, como estrelas e galáxias. Pullman epigrafa seu livro com um trecho do Paraíso Perdido de John Milton, Livro II: "[…] A não ser que o poderoso criador lhes ordene Seus materiais obscuros para criar mais mundos,[…]"

(http://pt.wikipedia.org/wiki/His_Dark_Materials)
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Mat%C3%A9ria_escura)

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