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14 de abr. de 2014

Quando a vida se desbota

Desbotando, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 14-04-2014.
Desbotando *, criado em 14-04-2014.

Mas quando a noite chega e eu não tenho mais pra quem fingir, só eu sei o que isso dói.
Eu te vejo sorrir demais e esse olhar que pode tudo.
E eu nem sei se acho graça ou não, porque eu sei, eu sei que lá no fundo,
sempre que a noite chega e você não tem pra quem fingir
Sempre que a noite chega, você queria tanto alguém igual a mim.
E a gente acaba a noite sempre assim:
bebendo orgulho e solidão, chorando em frente a televisão, mantendo silêncio pra ninguém ouvir.
Pra ninguém ouvir. Shh…

(Silêncio - Heróis da Resistência)


Quantas vezes você já viu fotografias do amanhecer? Geralmente, apresentadas com frases que realizam uma ode ao dia ensolarado que se inicia, definido como um espetáculo da natureza. Evidente que a luz tem um poder incrível de avivar as cores e suas tonalidades, destaca inclusive as áreas sombreadas. Em muitos, produz, também, o mesmo efeito nas emoções.

Quem já apreciou um aquário de peixes ornamentais provavelmente vai lembrar de como as cores de um peixe embelezam determinado local. Os que são iluminados, mais ainda.

Não sou biólogo, mas já aprendi que, no mar, quanto mais profundo se vai mais escassa é a iluminação, assim, deve ser extremamente difícil avaliar a coloração dos peixes - se é que ela existe.

Carl Jung também considerava esse fato com relação à psique e questionava: de quais instrumentos dispomos para alcançar determinadas áreas dentro de nós mesmos nesta busca da compreensão de quem somos e o que desejamos? O quanto eles podem colaborar para destacar os elementos encobertos até mesmo de nossa consciência?

É preciso ter clareza de que há diversos níveis de situações. Em algumas delas devemos ser bastante cuidadosos, inclusive buscar ajuda profissional para encará-las. Uma delas é quando ocorre níveis crescentes de depressão.

Se eu tivesse que explicar depressão, sem usar os termos mais específicos, diria que é um processo que ocorre e reduz, em nós, os sentimentos positivos em relação à vida; desbota o colorido que embelezava as coisas ao nosso redor. E, mesmo que esteja tudo maravilhoso, não conseguimos compartilhar dos sentimentos de todos. Nos tornamos um peixe sem cor no aquário.

Nas várias vezes em que me dispus a participar de um processo colaborativo ou psicoterápico, me deparei com a mesma questão: é importante não complicá-lo, mas é preciso facilitá-lo sem banalizar.

Se encontro questões mais superficiais - no sentido de apreendidas com mais facilidade - no dia-a-dia, evito utilizar de instrumentos padrões. Para que 'psicologizar' nesses casos? Todos podemos fazer um exame das situações que vivemos; compartilhar questões que nos afligem; evitar enfrentamentos desnecessários; cuidar melhor de nossa saúde física e mental por meio de atividades físicas e recreativas. Estes são instrumentos que podem ser considerados terapêuticos numa forma ampla.

É porque eu gosto quando as pessoas encaram suas dificuldades e tentam por si mesmas ultrapassá-las que incentivo esse posicionamento perante a vida. Tenho consciência do poder que cada um possui de se construir e reconstruir e sou coerente com esse raciocínio. Colaboro na avaliação da situação e deixo o barco seguir seu rumo: em um mar tão grande, é quase impossível não haver peixes para pescar.

Sou muito fã das relações de amizade, mas avalio que sejam um suporte maravilhoso, desde que por alguns momentos. Processos de dependência nunca devem ser encarados como benéficos. Divida as suas questões mas não aceite ficar na situação de 'coitadinho'. Pena pode ser o pior sentimento que alguém lhe dedique.

Crie coragem, pegue seus pincéis e vá colorir a sua vida!
Wellington de Oliveira Teixeira, em 14 de abril de 2014.

* Para ver detalhes do peixinho, clique na imagem.

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