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5 de ago. de 2015

Dissipando tensões

 criado por Wellington de Oliveira Teixeira entre 30-07 e 01-08-2015.
Dissipação, criado entre 30-07 e 01-08-2015.

[Trecho do diário de Maria…]
Outras pessoas pensam exatamente o contrário: entregam-se sem pensar, esperando encontrar na paixão as soluções para todos os seus problemas. Colocam na outra pessoa toda a responsabilidade por sua felicidade, e toda culpa por sua possível infelicidade. Estão sempre eufóricas porque algo de maravilhoso aconteceu, ou deprimidas porque algo que não esperavam terminou destruindo tudo.
Afastar-se da paixão, ou entrar-se cegamente a ela — qual dessas duas atitudes é a menos destruidora?
Não sei.
(Paulo Coelho — Onze minutos, p.100)


É preciso reconhecer que, apesar da importância dos momentos pessoais de solidão, como tudo que ultrapassa o equilíbrio, a dose exagerada costuma gerar modos doentios de pensar e agir. Os reclusos e isolados involuntariamente por muito tempo podem, inclusive, adotar seu opressor como um benfeitor, apenas por sua presença, mesmo quando esta ocorra somente no momento da agressão*.

Quando sentem um nível extremo de medo de serem sozinhas, algumas pessoas são capazes de aceitar barbaridades de qualquer um que aceite estar ao seu lado. Geralmente, são pessoas que perderam toda a autoestima.

É preciso entender que muitos processos de desenvolvimento durante a infância e adolescência são realizados sob supervisão de pessoas com sérios distúrbios psíquicos e emocionais. Acaba por se tornar um círculo vicioso que propaga a prática: a agressão passa a ser vista como uma forma de manifestar o amor.

Ações agressivas podem ocorrer em muitas outras áreas da vida pessoal: as sobrecargas acumuladas são passadas adiante nos gestos obscenos, na aspereza do tom de voz, no xingamento, nas brigas que podem provocar traumatismos ou mortes — não é exceção a prática atual de postagens com discursos de ódio. Por isso, é fundamental denunciar os abusos para que os agressores possam ser tratados, já que estão descontrolados ou doentes.

Para manter a saúde psíquica, é preciso encontrar uma via de escape para dissipar as tensões. Evitar o contato com os outros visando se dar a chance de controlar a raiva é um caminho importante. Buscar uma diversão ou lazer com amigos, outra. Há quem se exercite, faça yoga ou luta marcial. Não tanto quanto um bom sexo, jogar um futebolzinho nos finais de semana também tem esse poder de acalmar ou diminuir a tensão.

Serve para todos, mas especialmente para quem vivenciou situações semelhantes, o aprender a desenvolver sua autoestima e a força interior que o permita superar os desafios da vida. É essencial descobrir e aprender novas formas de se relacionar e se expressar, também.

Há o entendimento entre os especialistas em comportamento de que, se há níveis exagerados de tensão, há também boas energias dentro da gente que podem nos equilibrar. É preciso potencializá-las para que alcancem prioridade em nossas ações e reações. A máxima que pode guiar nossos pensamentos, sentimentos e atos é manifestar o amor, a si mesmo e ao próximo. Essa máxima precisa deixar de ser apenas uma teoria ou expressão religiosa e tornar-se definitivamente uma pratica cotidiana.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 01 de agosto de 2015.

* Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico particular onde uma pessoa, submetida prolongadamente à intimidação, adota sentimentos de simpatia, amor ou amizade em relação ao seu agressor. É um termo ainda leigo, uma vez que não consta das patologias psiquiátricas listadas no DSM-5. Com poucas publicações, até mesmo pela dificuldade de se fazer pesquisas sobre o tema, alguns especialistas ainda afirmam não haver informação científica suficiente para classificá-la como um distúrbio da mente.
** A base desse texto foi estruturada num bate-papo com o amigo Marcos Diego Araújo Lima.

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