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7 de mai. de 2014

A ampulheta do fim

ampulheta do fim, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 07-05-2014
Ampulheta do fim, criado em 07-05-2014.

Recentemente, gastamos milhões de dólares mandando médicos para a África
com a missão de distribuir preservativos gratuitos e instruir as pessoas sobre métodos anticoncepcionais.
E um exército maior ainda de missionários católicos foi para lá em seguida dizer aos africanos que,
se eles usassem os tais preservativos, iriam todos para o inferno.
A África tem agora um novo problema ambiental: lixões transbordando de preservativos não utilizados.

(Dan Brown - Inferno, p.102)

Cerca de 42 milhões de pessoas são portadoras do vírus HIV no mundo todo.
Mais de dois terços delas vive na África, ao sul do Saara.
Nos países mais atingidos, um em cada três adultos tem o vírus.

(BBC Brasil)*


A ampulheta do mundo continua a liberar seus grãos e nós a trilhar a estrada da destruição em massa. Mas, não somos semelhantes aos que nos antecederam. Ao contrário daqueles poucos que viveram antes de nós, nossa contribuição é enormemente maior: somos bilhões que se reproduzem em escala geométrica.

É evidente que um dia, a terra irá sacudir, eliminar esses seres tão incômodos — isso se não a destruirmos junto. Em qualquer dos livros considerados sagrados ou tradições espirituais isso é o ponto final, ou para a civilização cristã-ocidental, o apocalipse.

Hoje, é a ciência que produzimos ao custo de tantas mortes de seres pensantes quem nos alerta, sinalizando já há algum tempo, a tolice que é esse procedimento.

Mas, definitivamente, somos seres individualistas, egoístas. Argumenta-se que por conta de uma evolução em que mais fortes, os que se alimentam melhor, os que matam mais sobrevivem. Não sei. Para mim, há um mal produzido historicamente: a necessidade de se obter mais e mais, a despeito de outros — tantos outros — que ficarão sem nada. Resumindo, consumismo. O fruto não apenas de um sistema econômico (capitalismos, socialismos, comunismos), uma vez que o erro é sistemático: ganância.

Algumas pessoas até esqueceram, após a queda do muro de Berlim, que o arsenal que a terra possui tem a capacidade de destruí-la várias vezes. O desejo de controlar outros povos, de dominar populações não usa mais arco e flexa, ou rifles automáticos. É a famosa escalada do mal: se alguém tem um canhão eu construo uma bomba, crio vírus geneticamente manipulado, utilizo a nanotecnologia da morte. Insanidade.

Mas, como acontece com indivíduos, tomara que o destino da Terra possa ser trocado. Mesmo não havendo mais como corrigir, pelo menos minimizar o estrago.

Não há como isso acontecer por decisão de alguns, assim como não se produz comportamentos apenas baixando leis (elas são subornáveis em benefício de poderosos e abastados). Tem que ser um processo de coletivização da questão. Tem que ser uma decisão interna de contribuir para a melhoria, uma metanoia — a mudança na mente que altera o rumo e as práticas de vida — propagada.

Os movimentos coletivizadores como o Greenpeace, dentre outros, tentam nos sensibilizar. Mas parece que fazemo-nos de surdos, queremos aquele famoso cada um no seu quadrado (uma das maiores imbecilidades já inventadas!) que ignora o fato de que ventos, mares, forças da natureza não são privativas de ninguém. Elas se manifestarão em qualquer lugar, mesmo que geradas há milhas e milhas distantes: alterações climáticas com desertificação ou inundações, destruição da calota polar e falta d'água, poluição e envenenamento das terras cultiváveis, propagação global de novas doenças de um modo incontrolável.

Dan Brown em seu livro Inferno traz um tema à tona: a superpopulação. Propagação do pessimismo? Não. Um tentar até o fim facilitar a conscientização.

Será que conseguiremos em tempo?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 07 de maio de 2014.

* O problema não é exclusividade africana. Com 14 mil novos casos globais por dia, cresce o risco de a doença também ganhar força na Ásia.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1341_aids_no_mundo/

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