Pesquisar este blog

22 de mai. de 2013

Tempo de comemorar (todo dia é!)

Memória, criado por Wellington de Oliveira Teixeira, em 01-05-2013.
Memória, criado em 01-05-2013. (clique para ampliar)


O fato real é quando o corpo entende que pode ver.
Só então ele é capaz de saber que o mundo para o qual olhamos todo dia é apenas uma descrição.

E assim, dançará a sua morte aqui, em cima desse morro, no fim-do-dia.
E, em sua última dança, você contará sua luta, as batalhas que venceu e as que perdeu;
contará suas alegrias e perplexidades ao encontrar o poder pessoal.
Sua dança contará os segredos e maravilhas que você armazenou. E sua morte ficará aqui sentada, assistindo.
O sol poente brilhará sobre você sem queimá-lo, como fez hoje.
O vento será suave e o topo do morro tremerá.
Quando você chegar ao fim de sua dança, olhará para o sol, pois nunca mais o verá, desperto ou sonhando
e, então, sua morte apontará para o sul. Para a vastidão.
(Viagem à Ixtlan - Carlos Castañeda)

Avalio que transformações se estabelecem em nossos relacionamentos, com o passar do tempo. Manutenção também. Por isso, mesmo que não seja a mesma coisa do início - aquilo que chamamos de amor -, algo que se manteve não permitiu que ele fosse descaracterizado.

Em meio às tentativas, os considerados erros e os acertos reprogramam a nossa mente.

A descoberta da capacidade de efetivar algo proporciona segurança, mesmo quando a realidade não garante que obteremos resultados semelhantes na tentativa posterior.

Então, troféus e comemorações são a forma de colocarmos nossa estaca no topo da montanha e nos deslumbrarmos com um novo horizonte - o fruto da nossa vitória.

No entanto, coisas se perdem na viagem e nenhum poder da terra pode fazê-las retornar, ou mesmo recuperá-las do modo que desejaríamos. Ficaram para trás. Marcas daquilo que denominamos morte, as mesmas que vão produzindo, em tudo e a cada momento, milésimos de transformações que possibilitam a sua renovação em outra forma, outro modo ou patamar.

Mesmo não mais acreditando em nossa permanência (mudamos com o passar do tempo), apostamos numa certa imanência que permite que não nos desconheçamos, mesmo quando olhamos para o espelho e ele não reflete mais aquela imagem de tempos atrás. Nossas pequenas e acumuladas descaracterizações, realizadas pela ação da temporalidade, não pode tirar aquilo que em nós se manteve. Isso vale para os relacionamentos mantidos.

Eu considero isso uma conquista que deve ser bem apreciada. Por isso erguerei minha taça para um brinde a essa forma de experiência que inclui as transformações e as manutenções, às pequenas conquistas diárias, mensais, anuais e de vida, porque entendo que todo dia é, sim, tempo de comemorar.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 22 de maio de 2013.


Não sei bem porque, mas esses seis meses, após catorze anos, produziram uma tatuagem no meu coração.

Nenhum comentário: