Pesquisar este blog

28 de set. de 2017

Adoro a dúvida

Dúvida, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 28-09-2017.
Dúvida *, criado em 28-09-2017.

A produção de valores precisa de condições favoráveis, do contrário, resulta em seres replicantes. Cópias sociais, como clones genéticos. Há os que louvam essa forma de ser: o Ser tornou impeditivo o ser autêntico.
(Wellington de Oliveira Teixeira — Quando a abstração tornou-se abominável)


Toda certeza é imprescindível e, ao mesmo tempo, instantânea – gera uma ruptura com o entendimento anterior e constitui uma nova compreensão. O problema em se adotar padrões imutáveis é que o imobilismo, a paralisia, a repetição terminam por deteriorar qualquer sistema.

Camuflado nos fundamentalismos, há controle, verdades e subjugo absolutos que beneficiam exclusivamente os seus incitadores. Períodos da história em que isso se verificou, houve mazelas e degradação nos seres humanos. Mas as pessoas o acataram e, como hoje, o admitiram pelo gosto do empoderamento.

Capitães do mato nada mais eram que escravos despersonalizados, que cauterizaram suas almas em função de obter algum poder sobre seus semelhantes: à época do período áureo da escravatura, já existiam sádicos e sociopatas, dentre outros (destaque para os cidadãos de bem, ditos sãos) que incentivaram a situação para dar vazão ao caldeirão de ódios ou desejos inconfessos e reprimidos.

O paralelo com a atualidade é fácil de fazer. Mas, ao se identificar o uso de um novo mecanismo estimulador mental como a midiotização, a situação torna-se muito mais crítica: ódios aflorando, práticas nefastas se estabelecendo, polarização indiscriminada e acrítica, todos os ingredientes necessários para obscurecer a razão. Não à toa, sugere a um observador atento um retorno à Idade das trevas.

A mente controlada esquece que, assim que se estabelecer o jugo, este recairá não apenas naqueles que foram designados como objetos do repúdio. As liberdades de todos ficam incontornavelmente restringidas. E, quando todos estão dominados, o corpo e a alma coletiva padecem, a sociedade adoece. Muitas das vezes, um arrependimento inócuo surge, mas o silenciamento envergonhado em nada altera a realidade, é puro ressentimento.

Só dando voz às dúvidas, permitindo que se efetuem socialmente, um novo processo tem a chance de se iniciar: o de ultrapassamento. É um movimento que afirma que algo que foi considerado essencial e agora se tornou um empecilho para o desenvolvimento — hora de descartá-lo ou substituí-lo, construir e constituir algo diferente.

A dúvida é o motriz da existência plena: não admite estagnação, anseia o próximo desafio e sua superação. Ela se estabelece e, de repente, neste 'foi de um jeito, agora está assim, mas pode mudar e, possivelmente, para melhor' um novo patamar e uma nova verdade surgem. Eu adoro a dúvida! Tem seus perigos (a vida é perigosa, em si), mas qualquer dúvida é melhor que uma certeza enrijecida.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de setembro de 2017.

* A trilogia Retorno à caverna, Primórdios atualizados e Adoro a dúvida (texto e imagens) apresenta uma avaliação crítica ao momento em que vive o Brasil, a partir do Golpe que reuniu Poder financeiro, Legislativo, Executivo e Judiciário (comprovado com áudios e vídeos) sob a batuta do poderio hegemônico na comunicação da Rede Esgoto de TV.
Como item central e essencial à condução processo, a midiotização (a produção de fundamentalismo acrítico) é a maior e melhor arma já utilizada no país para estabelecimento de controle de comportamentos.
Esses textos não pretendem o academicismo, ao contrário, desejam a provocação, a náusea, a indisposição contra a displicente paralisia que se estabeleceu. Um incentivo à iconoclastia em função dos absolutismos e dos preconceitos de qualquer espécie que estabelecem sorrateira ou descaradamente discriminações e exclusões sociais.

Nenhum comentário: