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25 de jun. de 2015

Vamos divagar devagar?

Divagar, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 25-06-2015.
Divagar*, criado em 25-06-2015.

Comunhão
Harmonia no modo de sentir, pensar, agir;
ato de realizar ou desenvolver alguma coisa em conjunto;
união ou ligação;
compartilhamento, identificação.
Ação ou efeito de comungar.
Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus…

(Bíblia, Filipenses 2:4-5)


Eu gosto de promover um vinho, uma cerveja, um café, um filme ou um outro qualquer que reúna os amigos, companheiros na partilha dessa jornada incrível que é ser e manifestar o Ser.

Talvez porque eu vivencio um monte de coisas ao mesmo tempo por conta das necessidades tão constantes como a de ler, de escrever, de desenhar, de assistir seriados e filmes. E da que menos tenho construído oportunidades: conversar à toa.

Não lhe deve ser estranha a ideia de que divagar sobre qualquer assunto com alguém enriquece. Pena que alguns encontros são fugidios, duram muito pouco, e os assuntos ficam entrecortados por outros que se promovem 'o da vez' bem no meio do papo. Há um fluxo incontínuo nos contatos que conseguimos estabelecer para dialogar.

Reconheço que jogar conversa fora deve ser uma opção, mas não é a minha. Então o divagar que proponho é pensar colaborativamente para ter um vislumbre dos mundos que um outro conseguiu estruturar, suas vivências em função deles. Transversalizar sem nenhuma necessidade de universalizar as ideias.

Dificilmente na atualidade alguém dirá que vive em um único mundo, a não ser no da alienação. Os intercâmbios que fazemos no cotidiano dão uma mostra dessas facetas que se constituem e nos tornam diversos: simultaneamente estudantes, trabalhadores, pais, irmãos e milhões de outras configurações a que nossa personalidade esteja sendo submetida e precisa construir facetas para dar conta.

Sou um admirador dessa capacidade em contínuo desenvolvimento no ser humano. Tento ser um estudioso, melhor, um observador criterioso dela. Identifico que amplia-se o leque dessas facetas quanto mais alguém se envolva em fazer conexões sem concessões, sem querer fazer apropriações indébitas do outro e assim desconfigurá-lo.

Por conta da imensidão em cada um, meus encontros exigem lentidão do tempo exterior, o deixar rolar sem se preocupar. Me esforço para torná-lo incomum, a fim de que, ao passar, possa vagar e não correr, de modo a permitir que os pontos de convergência se (re)estabeleçam.

Nesse momento, para mim, reside o sentido e a potência do contato: o que flui de carona nas palavras e gestos promove acréscimos, mesmo quando não simultâneos; torna os instantes em comum preciosos e desejáveis; promove certo nível de irmandade que não é predefinido, que respeita o processo do outro e que se permite um grau de identificação.

Nossas singularidades se assemelham nas possibilidades inerentes a todos e na capacidade de se produzir, por vontade própria, estímulos visando a integralidade e a realização de cada um individual e coletivamente. Só isso basta para afirmar que comunhão é algo incrível**.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 25 de junho de 2015.

* Daniel Levinson afirma que "ficar vagando não é de ‘graça’ – exige recursos. Você tem que escolher como vai usá-los”. Por isso, deixar a mente vagar ao mesmo tempo em que não se esquece das obrigações futuras lhe dá tempo para explorar outros aspectos do mundo – e ficar mais inteligente. Ele está estudando agora a conexão entre os dois, e como as pessoas podem controlar isso.

** É preciso restabelecer a noção e a construção do modo solidário de viver aonde as interferências são efeito de um desejo pessoal e fruto de um contato potencializador — sempre ao encontro das necessidades individuais. De forma alguma deve ser entendido como dependência, mas fortalecimento e incentivo recíprocos. Individuação é a base do processo de coletivização que pode alcançar seu auge quando ocorre sinergia e comunhão.

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