Na antiguidade, alguns judeus rotulavam como alguém 'sem a benção' ou 'sem a graça de Deus' os muito pobres ou miseráveis. A palavra desgraçado, atualmente, ainda carrega esse sentido.
Conceito original do cristianismo, a Graça consiste em uma dádiva ou um presente imerecido. Pelo pecado original, todos mereciam a morte, mas, ao invés do castigo, a manifestação do amor suplantou a Lei e determinou o perdão e proporcionou a plenitude da vida. Ato divino, impossível de ser obtido de outra forma, resta-nos aceitá-lo com gratidão e reproduzir em nossa vida esta manifestação do amor.
Interessante é a diferenciação que pode ser feita entre a Graça e a Misericórdia: se em uma se recebe o imerecido; noutra, não se recebe o merecido. Num ato de amor, elas são complementares.
(Wellington de Oliveira Teixeira — Ser Pensante by Well)
Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo cura em suas asas.
(Bíblia — Malaquias 4:2)
(Bíblia — Malaquias 4:2)
Um dia eu adotei a palavra Ordem* para evitar usar Deus — palavra que se tornou sinônimo dessa coisa horrível que manda matar, agredir, discriminar, isolar —, esse verdadeiro pistoleiro à espreita e apontando seu projétil matador para ínfimas criaturas do universo. Exatamente o mesmo que é capaz de mandar matar, em nome da fé, famílias. Ideia tão absorvida e aceita que justifica o ódio em nome do amor, contra os inimigos da sua verdade verdadeira — qualquer outra interpretação é diabólica — é preciso entrar em guerra. Só que esse Nós contra Eles é a total reversão do evangelho.
Não, não estou raivoso, creia-me! Estou tomado por compaixão e amor. Por isso, indiquei os passos que me levaram a uma das melhores decisões da minha vida: distanciar-me da estrutura religiosa.
Desde então, vi ampliar-se a multidão de pregadores pronunciando maldições mais que bençãos; dos que querem convencer a população a construir seus castelos financeiros, citando maldições e propondo milagres. Há muito que já nem ocultam seus escusos motivos pessoais, nem a prioridade dos seus interesses corporativos: hora de eleger mais um líder da fé, o escolhido de Deus — que agora também é miliciano e apoia o armamentismo.
Se funciona, não se mexe. Hora de reutilizar discursos da KKK e do nazismo:
Não sinto ódio, mas uma extrema tristeza e asco ao ver a música que abre os recônditos de uma alma à Ordem, conecta-nos de forma ímpar por acender a centelha divina em cada um, ser usada por seres abomináveis para instrumentar um discurso de enriquecimento acima de tudo. O culto ao dinheiro, de bençãos barganhadas com trocas de favores com o tal Deus: dê para a igreja e receba em troca prosperidade. A riqueza destronou o amor e transformou-se em o maior sinal da graça.
Minha esperança é que possamos acordar desse pesadelo. Do fundo da alma desejo que, sobre esse mundo cinzento — fruto dessa tal ira santa consumidora de vidas — seja estendido o manto multicolorido da Graça, da mudança que ocorre por um único e exclusivo meio escolhido pela Ordem: o amor. Não à toa, nas origens dessa forma de crer, amor e deus eram sinônimos e sua manifestação, por quem quer que fosse, comprovava de forma inequívoca a semelhança ou filiação. Afinal, uma das mais impressionantes analogias feitas sobre deus é a de quem ama é uno com Ele, porque Ele é o próprio amor.
Não, não estou raivoso, creia-me! Estou tomado por compaixão e amor. Por isso, indiquei os passos que me levaram a uma das melhores decisões da minha vida: distanciar-me da estrutura religiosa.
Desde então, vi ampliar-se a multidão de pregadores pronunciando maldições mais que bençãos; dos que querem convencer a população a construir seus castelos financeiros, citando maldições e propondo milagres. Há muito que já nem ocultam seus escusos motivos pessoais, nem a prioridade dos seus interesses corporativos: hora de eleger mais um líder da fé, o escolhido de Deus — que agora também é miliciano e apoia o armamentismo.
Se funciona, não se mexe. Hora de reutilizar discursos da KKK e do nazismo:
- anuncia-se o fim do mundo, dos bons costumes, da moral e da família;
- define-se o alvo dos preconceitos (judeus já deram a sua cota) — negros pobres periféricos e homossexuais são os novos desgraçados!
- vozes possantes e inflamadas, fazem do medo o melhor método de conversão;
- propaga-se incessantemente interpretações visando controlar comportamentos e vidas.
Não sinto ódio, mas uma extrema tristeza e asco ao ver a música que abre os recônditos de uma alma à Ordem, conecta-nos de forma ímpar por acender a centelha divina em cada um, ser usada por seres abomináveis para instrumentar um discurso de enriquecimento acima de tudo. O culto ao dinheiro, de bençãos barganhadas com trocas de favores com o tal Deus: dê para a igreja e receba em troca prosperidade. A riqueza destronou o amor e transformou-se em o maior sinal da graça.
Minha esperança é que possamos acordar desse pesadelo. Do fundo da alma desejo que, sobre esse mundo cinzento — fruto dessa tal ira santa consumidora de vidas — seja estendido o manto multicolorido da Graça, da mudança que ocorre por um único e exclusivo meio escolhido pela Ordem: o amor. Não à toa, nas origens dessa forma de crer, amor e deus eram sinônimos e sua manifestação, por quem quer que fosse, comprovava de forma inequívoca a semelhança ou filiação. Afinal, uma das mais impressionantes analogias feitas sobre deus é a de quem ama é uno com Ele, porque Ele é o próprio amor.
Wellington de Oliveira Teixeira, em 21 de março de 2015.
* A expressão Ordem, que uso, se refere à potência geradora de toda a vida, que na narrativa bíblica se manifesta a partir de comandos, como o 'Haja Luz!'.
Nenhum comentário:
Postar um comentário