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28 de mar. de 2015

Recordações esquecidas

Recordações esquecidas criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 28-03-2015
Recordações esquecidas, criado em 28-03-2015.

É digno de nota que, por pouco que os homens sejam capazes de existir isoladamente, sintam, não obstante, como um pesado fardo os sacrifícios que a civilização deles espera, a fim de tornar possível a vida comunitária. A civilização, portanto, tem de ser defendida contra o indivíduo, e seus regulamentos, instituições e ordens dirigem-se a essa tarefa. Visam não apenas a efetuar uma certa distribuição da riqueza, mas também a manter essa distribuição; na verdade, têm de proteger contra os impulsos hostis dos homens tudo o que contribui para a conquista da natureza e a produção de riqueza. As criações humanas são facilmente destruídas, e a ciência e a tecnologia, que as construíram, também podem ser utilizadas para sua aniquilação.
(Sigmund Freud — O futuro de uma ilusão, p.4)
Permitir-se ter os sonhos mais lindos, sem depois acordar e se entristecer diante da realidade que os contradiz é, certamente, um desafio para cada ser humano. Exige equilibrar o desejável diante do possível quando, muitas das vezes, suas expectativas estão desfeitas ou vivências prazerosas frustradas no dia a dia.

Perante o sofrimento, algumas teorias psicológicas* propõem que vivenciamos, da raiva até a aceitação, estágios como a negação, negociação, depressão. Não irei desenvolver o conceito, uso essa informação apenas para mostrar que não é tão simples quanto parece. Embora, para alguns, ocorram de forma sutil, ocultados pelas necessidades diárias; em outros, os estágios ficam visíveis por meio de explosões de fala, lágrimas e inércia. De fora, desqualificar a turbulência vivenciada por outros é fácil. Afinal, a melhor dor é aquela que não sentimos.

Se encaminhar da autodestruição para a superação é o aprendizado principal do 'cair para aprender a se erguer': um processo eminentemente pessoal.

Como tudo na vida, o primeiro passo é entender o Isso passa! presente em cada acontecimento, dos mais tristes aos mais felizes. O segundo, é o Já ultrapassei algo semelhante! — cada queda nos ensina os pontos de desequilíbrio e, além disso, novas formas de reequilibrar. Por fim, perceber o A vida continua! e o tempo que gasto me prendendo ao que passou me impede de vivenciar o presente e de avançar para alcançar outras metas.

Nada que não a cessação da vida finaliza o processo de ser e estar nesse mundo incrível. Mesmo com tão bizarros fatos e acontecimentos que temos que encarar. Por isso, o Segue adiante! é um lema tão importante, não apenas retórica nas falas dos que incentivam.

Uma boa dica é refletir sobre o que foi vivenciado, sempre contextualizando a influência da experiência em seu presente ou futuro. Se não for para aprender a ir adiante, os ensinamentos do passado são inúteis: uma fotografia guardada em um álbum de recordações que já não é aberto há muito tempo.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de março de 2015.

* Em 1969, Elisabeth Kübler-Ross lançou o livro On Death and Dying (Sobre a morte e o morrer, no Brasil) onde apresenta um modelo de cinco estágios vivenciados por quem sente a dor pela perspectiva da morte iminente. Sua pesquisa com pacientes terminais foi avaliada e, em boa parte, validada para diversas outras formas de perda ou sofrimento.

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