Pesquisar este blog

6 de ago. de 2014

All faces

faces ocultas, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 05-08-2014.
faces ocultas, criado em 05-08-2014.

O cérebro é abastecido pelos olhos, ouvidos e outros sentidos, e o inconsciente traduz tudo em imagens e palavras.
(Ran Hassin - The new unconscious)


A ocultação é uma arte que pende igualmente para bons e maus usos. Na prática, geralmente, para os mais escusos.

Do processo defensivo e válido de não apresentar-se por completo de imediato nos encontros, aos ardilosos usos de máscaras que desfiguram, o dia a dia nos brinda com muitas camadas sobrepostas de faces. Desvendá-las é uma arte que poucos se preocupam em se aprimorar, quando o contrário — a arte da ocultação — há um grande número de exímios e cada vez mais experimentados.

Os jogos de interesses, articulados em estratégias cada vez mais eficazes de distorção das realidades, é a face atual e marcante dos meios de comunicação. Da mídia ao marketing, tudo brilha e é mais belo do que a realidade permitiria afirmar. Esbarramos com edições sofisticadas e apresentações parciais de dados que em nada se aproximam da imparcialidade. Na defesa de alguns interesses, não importa a vertente defendida, ela ocorre.

O problema maior não é quando grupos de interesses tentam tornar atraente ou maximizar suas propostas. A cota de espectadores é uma pequena minoria, seu alcance diminuto. É alarmante diante da atual hegemonia na comunicação, que, sob o poder do financiamento e de tecnologias quase que ilimitados, tenta infundir padrões, costumes, certo e errado, melhor e pior à população. A constituição do modo de agir e pensar determinados.

Seus rostos são sempre disfarçados por personagens de tramas novelísticas ou de sérios e competentes jornalistas sempre fortalecidos por imagens e som impecáveis, sedutores e convincentes. E segundos depois, lá se vai o poder de crítica, a credibilidade de alguém, e vem a implantação de uma nova doutrinação, que você e eu iremos assistir muitas e muitas vezes repercutir, cotidianamente, em outras mídias. Todo apresentarão bordões fáceis de gravar, opiniões facilmente assimiláveis.

A história confirma que a mentira repetida torna-se verdade. Não deveríamos, então, perceber que quem controla os meios de comunicação são os piores terroristas, quando os usam para domesticação dos anseios de uma população?

Não é paranoia. Perceba, que de repente, é necessário esticar cabelos, usar determinadas cores, combinar de determinado modo alguns utensílios e todos participam da mesmificação e da desindividualização da existência. E os mais influenciáveis, como os menos escolarizados e todas as crianças, passam a usar o penteado do jogador de futebol (por mais ridículo que ele seja!): despersonalizados. Se isso acontece com a aparência, tente imaginar o alcance do processo de manipulação de corações e mentes.

Aqueles que comandam o espetáculo escondem seus rostos como aquelas hortaliças, as alfaces, camada por camada retirada, você jamais consegue achar a face verdadeira, por mais que cada uma seja descartada.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 06 de agosto de 2014.

* Cientistas ingleses fizeram um experimento com um homem africano que em função de um acidente teve seu córtex visual completamente destruído. Em um laptop apresentaram imagens com círculos e quadrados. Houve 50% de acertos, o equivalente à sorte. Porém, a seguir apresentaram rostos amigáveis ou hostis. O resultado foi de dois terços de acertos, mesmo com o teste repetido.
O processo, inconsciente, recebe o termo científico blindsight, visão cega. É o uso da região cerebral (área fusiforme) especializada desde a época das cavernas para julgar rostos e evitar ameaças e morte.
Leia a respeito em http://super.abril.com.br/ciencia/mundo-secreto-inconsciente-741950.shtml
Os estudos de pesquisadores dessa área tem influenciado as novas formas de propaganda e marketing. A nova abordagem neurológica do inconsciente já produz resultados. Seu uso nem sempre ético.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cito as dez estratégias de manipulação mediatica apontadas por Noan Chonsky (como mais uma vez não estou com o livro na mão, vai de memória mesmo).
1- DISTRAÇÃO: Desviar a atenção do público com informação insignificante (ruído), evitando que o público se concentre nos temas relevantes (informação);
2- CRIAÇÃO DE PROBLEMAS: Criar pseudoproblemas e simular propostas de soluções;
3- PROCRASTINAÇÃO: Convencer o público de que ele não é responsável pela prática de medidas urgentes (a responsabilidade é sempre de um outro - do governo, do vizinho etc.). No mesmo sentido, convencer o público de que o que é de sua responsabilidade pode ser deixado para depois, ou ser feito por alguém mais habilitado para pensar a respeito (um técnico, um político, uma empresa etc.);
4- GRADUALIDADE: Impor uma medida absurda e inaceitável de maneira progressiva para evitar revoltas nas massas;
5- PUERILIZAÇÃO: Tratar o público com se ele tivesse 8 anos de idade, mediante distrações imbecis, despojando-os de pensamento crítico;
6- ACRITIZAÇÃO: Induzi na população medos, desejo e comportamentos sem fundamentos. Relacionado fortemente com a puerilização;
7- BAIXA AUTO-ESTIMA: Convencer o público de que existem classes superiores e inferiores, e de que isso é normal e desejável, impossibilitando que os indivíduos desenvolvam o desejo de ter desejos que não sejam aqueles de interesse das ditas classes dominantes;
8- VALORIZAR O QUE NÃO TEM VALOR: Estimular na população o reconhecimento de valor em coisas estúpidas, vulgares, grosseiras, medíocres;
9- AUTOCULPIBILIZAÇÃO: Reforçar na população o sentimento de culpa, fazendo os indivíduos entrarem em estados depressivos e auto repressivos. Negar o sentimento de individual e coletivo de responsabilidade pelo destino. Estimular a autovitimização;
10- CONHECIMENTO: Conhecer a audiência melhor do que eles se conhecem.

O texto original está no site http://www.syti.net/Manipulations.html e o Google apresenta vários resultados abordando-o. Sugestão de leitura: qualquer livro do Chonsky, para começar, sugiro o "Para entender o poder", da Ed. Bertrand Brasil.

Wellington O Teixeira disse...

Fiquei um período enrolado e, apesar de ter lido o comentário, acabei por esquecer de respondê-lo.
A indicação é excelente e concordo com os termos do Noam. Ele tem apontado questões para o novo ocidente onde a dita democracia está se tornando apenas o efeito de um controle midiático das maiorias. Rupert Murdoch e seus representantes tentam homogeneizar as linguagens e interpretações por controle dos meios de comunicação, que incentivam a competição individualista a qualquer custo em detrimento da solidariedade intra e entre os povos.