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23 de ago. de 2014

Como a mim mesmo

Rodopios, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 23-08-2014
Rodopios*, criado em 23-08-2014.

ah, tem que ser (tem que ser!) hoje que eu vim
eu vim com tudo que tem haver com você
você nem sabe que sim, que simplesmente é assim:
assim que vejo você, você de frente pra mim,
eu me arrepio, grito, pulo, assobio, gesticulo, rodopio,
vou girando, vou girando, até cair no meio-fio

(Rodopio - Luiz Tatit)


Não há como pedir a quem quer que seja que entenda o que produzo.

Tudo que faço é apenas um reflexo das elaborações dos sentimentos que são provados por fornalhas de pensamentos, moldados a partir de uma ética do fortalecimento mútuo: recebo diariamente, de fontes diversas, os estímulos necessários para tal. Nenhum deles igual.

O que resiste e consegue vir à tona é digno de se manifestar.

Assim, acesse ao que escrevo e ao que desenho como o melhor de mim oferecido a quem quiser e puder utilizá-lo em benefício próprio.

Puro ato de antropofagia, o como a mim mesmo é o meu mais puro egoísmo em favor do seu. Só assim, expondo a minha verdade nua e crua posso contribuir com alguém. Vez por outra, agrido. Algumas, sensibilizo. Melhor quando apenas provoco e com isso desloco a passividade.

Não tento ensinar nada. Sequer pretendo ocupar o lugar da verdade, apenas sonho vivenciar as minhas.

As de muitos afetaram a minha, especialmente daqueles das artes. Escritores, filósofos, músicos, dançarinos, atores, médicos, amantes e amados são os artistas pensadores que conseguiram incendiar minhas inquietações.

E, certamente mais que todos os outros, os rodopios que o amor promove dos fundamentos à cama.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 23 de agosto de 2014.

* Série de giros ou voltas executados, em torno do próprio eixo, rapidamente; girar como um pião. Isso descreve muito bem as idas e vindas destes pensamentos e sentimentos que me tomam, mas que não possuem a graciosidade dos movimentos dos bailarinos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Já olhou para as nuvens e identificou figuras reconhecíveis (borboletas, bonecas etc.)? Pois é, minha mente é assim. Já olhou para o mesmo céu de nuvens (nunca é o mesmo) e não reconheceu nada? Pois é, minha mente também é assim. Quando ocorre a primeira situação é divertimento. Quando rola a segunda é... sei lá! No fundo, acho que a necessidade de identificar sentido nas coisas não é mais do que a tirania do ego se manifestando. Falei em outra oportunidade (em comentários à “Cabo de guerra ou conflitos de uma vida a dois”) que há momentos em que seus textos e gravuras me são obscuros. São como o céu em que não reconheço nada. E daí? Daí que continuo olhando para o céu. E, as vezes, depois de ignorar o ego, consigo voar.

Wellington O Teixeira disse...

A complexidade que há no provocar de formas diferentes as pessoas - cada uma vivendo em seus instantâneos - sempre foi algo que me atraiu.
As configurações que aponto buscam criar uma clima de cumplicidade junto a quem lê ou vê as imagens e o texto.
E aqui uma espécie de abrir o coração e deixar a mostra meus motivos e aquilo que literalmente me incendeia o pensamento, desfazendo-o e refazendo-o, sempre em busca de um instantâneo em minha vida que me permita ser pleno.
Vou torcer para que minhas provocações permitam voos em céu límpido, para que você curta bastante o processo e a vista do horizonte.
E entendo perfeitamente seu comentário, pois acontece comigo quando acesso as provocações de outros que tentam, como eu, aditivar o pensamento e fortalecer a afirmação do ser.