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8 de jul. de 2017

Misturas mais feéricas e intensas

Misturas feéricas, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em  08-07-2017.
Misturas feéricas *, criado em 08-07-2017.

PeloamordeDeus, faça o possível para tirar esse chavão da cabeça. Nunca é demais repetir aqui a formulação correta da teoria, da maneira como a compreendemos hoje: seleção natural não é a sobrevivência dos mais fortes, nem mesmo dos 'mais aptos', mas sim — e se prepare para alguns palavrões técnicos agora — do 'sucesso reprodutivo diferencial'.
(Reinaldo José Lopes — Os 11 maiores mistérios do universo, p.197)


São raros os momentos em que alguém se desvencilha da rede estruturante de formatação. Comando poderoso, capaz de apagar individualidades, expressividades, novidades, mas, como todo comando, tem origem, deixa traços, e é exatamente aqui onde podemos encontrar a brecha e deixar vazar os fluxos que iluminam a mente e o coração.

Há uma certa dose de ingenuidade e de idealismo nessa proposição, reconheço. Mas a experiência tem demonstrado que não há qualquer tipo de fluxo que não receba interferências, que não tenha, em si, a semente de sua própria desestruturação: a vida se propõe as sucessivas migrações, não no padrão virótico ou aniquilador (arrasa com um terreno e segue para outro), mas no expansivo anexador.

Se o for, certamente não carrega um conceito do tipo moral: este modo vale para todas as formas e expressões da vida. Tem momentos que imagino isso como um liquidificador, onde os extremos são triturados e entram na composição de formas mais equilibradas, mais condensadas.

Aí, talvez, está a raiz dessas contradições que todos os seres carregam e manifestam — que, simultaneamente, permite identificações inesperadas e encontros inusitados.

Este processo é pouco niilista se comparado ao acumulativo e progressivo do yin-yang, que configura um equilíbrio constituído pelos opostos. Pessoalmente, considero as imagens que o expressam de grande poder esclarecedor; porém, para níveis de pensamento crítico mais trabalhados, um pouco rudimentar. A natureza parece ter elaborado e desenvolvido suas artimanhas e artefatos com a evolução: as misturas estão mais feéricas e intensas — os DNA mais díspares estão se associando.

Pode parecer ficção, mas é apenas constatação: a tabela periódica cresce, há novas descobertas de seres, estão sendo criadas em laboratório toda forma de combinação visando uma determinada ação. Tenho um entendimento de que, em breve, as antigas Leis da natureza estarão ultrapassadas. Novas formas se estabelecerão, novos seres se estruturarão nessa massa amorfa, nesse magma instável, nessa fluidez imprevisível que as potências naturais estão expressando.

Por outra via de pensamento, no meio do caminho de soluções importantes para problemas da humanidade sempre haverá o uso inadequado, indevido ou inapropriado, por pessoas ou grupos interessados no controle, na riqueza ou no poder. Visto sem moralismos, estão efetuando sua forma de potência: exclusivista, dominadora e usurpadora, por meio da apropriação da vitalidade de outros — como os antigos contos de vampiros ou demônios.

Como quando iniciei, reafirmo que toda forma de potência gera brechas nos enclausuramentos, por onde encontrarão um meio de se manifestar. Então, o que se propõe não é produzir mais exclusão, em si, para qualquer forma de manifestação. Se a ignorância expande a dominação, o esclarecimento, a amplificação de vozes diferenciadas (geralmente, caladas) torna-se foco principal dos que acreditam nas composições que fortalecem o todo e, por consequência, o fortalecimento dos meios de manutenção individual: esta, sim, uma proteção contra todas as formas de escravização.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 08 de julho de 2017.

* A reprodução das ideias, práticas e dos processos colaborativos são a melhor arma contra os aprisionamentos e dominações de diferentes matizes. Somente na potencialização de todos é possível assimilar os diferentes atributos que existem: mesmo a raiva ou o ódio podem ser propulsores de boas ações.
Sim, é complicado! Tudo depende de dosagens. A higienização, a pasteurização, a homogeneização social carregam mais riscos que benefícios. Isolar uma criança não é a solução. Tentar escamotear as práticas existentes, idem. Isso faz desaprender os processos de defesa corporal ou mental contra os possíveis 'venenos' que habitam a vida.
Impedir alguém de tentar, de descobrir, de se diferenciar e de se encontrar na vida é a pior prática educativa que posso imaginar. Questionamentos permitem muito melhor o desenvolvimento do que a eliminação da questão (ou dos perigos), por isso, capacitar qualquer indivíduo a avaliar criticamente é a melhor ferramenta que se pode oferecer para que ele construa sua individualidade e se expresse de forma plena.

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