Os psicólogos reconhecem que os custos irrecuperáveis (*) podem afetar as decisões devido à aversão à perda. O preço pago no passado acaba sendo visto como uma referência para o valor presente e futuro, embora o preço pago seja e deva ser irrelevante. Desse modo, esse seria um comportamento não racional. As pessoas ficam presas ao passado, tentando compensar decisões ruins e recuperar as perdas.
Estudo clássico avaliou apostadores e patrocinadores de cavalos, antes e depois da aposta realizada. A hipótese dos pesquisadores se confirmou: depois de comprometer $US2, as pessoas ficavam mais confiantes de que a aposta se pagaria.
(Adrian Furnham — Quando você já investiu demais para desistir, p. 126, OBS: o último parágrafo foi resumido)
Muitas pessoas com relacionamento estável desconfiam de novas configurações na vida. Evitam tentar o diferenciado, o inusitado. Quem sabe, por trás disso, uma crença no encaixe perfeito, no quadro acabado, um quebra-cabeça completado, metades complementares.
Atritos à parte — necessários porque sem eles as arestas insignificantes machucam profundamente —, desencontros são a sinalização de que os participantes do encontro se reconfiguraram, pois assimilaram das experiências o aprendizado necessário para seu desenvolvimento pessoal.
Ensinados a temer as incompletudes, nos incomodamos ao ver os espaços vazios. Ilógico, pois é algo que deveríamos buscar, já que permitem a mobilidade e a transformação: ventilação que impede a asfixia. O espaço dos encontros que estabelecemos espelham nosso desenvolvimento pessoal e permitem um vislumbre de quem o outro está se tornando.
A proposta (não uma regra!) é a compatibilização dos pontos de conexão ativos e fugir à adaptação.
Entenda a variação dos pontos ativados como alterações provocadas pela aleatoriedade da vida: o tipo de humor diário, o nível de energização, a capacidade de lidar com os elementos mais distanciados do ponto de encontro, mas capazes de gerar uma influência na composição.
Alguns encontros, inicialmente potencializadores, podem tornar-se tóxicos quando as dosagens de presença das partes se altera em níveis muito dessincronizados. Momento de refletir, avaliar o potencial e o modo de inclusão ou permanência nele — amizades eternas se formam de paixões, especialmente na velhice.
Somos indivíduos que devem absolutamente iniciar em si os construtos para seu aperfeiçoamento, de modo a poder refleti-lo nos encontros. Se isso não é feito, o encontro não mais tem efetividade, é apenas decorativo (da ordem das aparências) e intoxicante. Não tenha dúvida: isso cobra um preço muito caro.
Atritos à parte — necessários porque sem eles as arestas insignificantes machucam profundamente —, desencontros são a sinalização de que os participantes do encontro se reconfiguraram, pois assimilaram das experiências o aprendizado necessário para seu desenvolvimento pessoal.
Ensinados a temer as incompletudes, nos incomodamos ao ver os espaços vazios. Ilógico, pois é algo que deveríamos buscar, já que permitem a mobilidade e a transformação: ventilação que impede a asfixia. O espaço dos encontros que estabelecemos espelham nosso desenvolvimento pessoal e permitem um vislumbre de quem o outro está se tornando.
A proposta (não uma regra!) é a compatibilização dos pontos de conexão ativos e fugir à adaptação.
Entenda a variação dos pontos ativados como alterações provocadas pela aleatoriedade da vida: o tipo de humor diário, o nível de energização, a capacidade de lidar com os elementos mais distanciados do ponto de encontro, mas capazes de gerar uma influência na composição.
Alguns encontros, inicialmente potencializadores, podem tornar-se tóxicos quando as dosagens de presença das partes se altera em níveis muito dessincronizados. Momento de refletir, avaliar o potencial e o modo de inclusão ou permanência nele — amizades eternas se formam de paixões, especialmente na velhice.
Somos indivíduos que devem absolutamente iniciar em si os construtos para seu aperfeiçoamento, de modo a poder refleti-lo nos encontros. Se isso não é feito, o encontro não mais tem efetividade, é apenas decorativo (da ordem das aparências) e intoxicante. Não tenha dúvida: isso cobra um preço muito caro.
Wellington de Oliveira Teixeira, em 12 de fevereiro de 2016.
* O desenvolvimento do avião supersônico Concorde, entre 1950 e 1960, demonstrou em determinado momento sua insustentabilidade econômica. O projeto da francesa Aerospatiale e da britânica BAC colocou em operação apenas 14 unidades, mas o 'boom sônico' (rompimento da barreira do som) levou à proibição mundial de voos supersônicos sobre continentes.
Apesar do fracasso, o erro nunca foi admitido pelo governo britânico, que sustentou um desastre econômico visando manter a realidade política. Uma péssima decisão baseada no poder das aparências: o Efeito Concorde.
2 comentários:
O problema é que muitas vezes a convivência vai se tornando toxica lentamente, sem disparar alarmes. Vale a velha metáfora do sapo, que pula quando colocado diretamente em água quente, mas fica inerte quando posto na água fria que lentamente tem sua temperatura elevada.
Essa percepção de lentidão, pode definir que houve ações efetivas de equilíbrio, mas que não conseguiram resolver o fator principal.
Assim, reconhecer que não se foi eficiente no relacionamento é algo de mão dupla.
Mas, não se deve deixar de entender que interesse e as forças que o mantém não são tão eternos quanto se quer fazer acreditar com os contos de fadas...
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