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21 de nov. de 2014

Um adulto que a criança se orgulharia

Life goes on criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 20-11-2014.
Life goes on*, criado em 20-11-2014.

Um Deus infinito pode se dar inteiro a cada um dos seus filhos.
Ele não se distribui de modo que cada um tenha uma parte,
mas a cada um ele se dá inteiro, tão integralmente
como se não houvesse outros

(Aiden Wilson Tozer, citado por William P. Young em A Cabana, p.203)


Vi uma imagem com a legenda: A criança que você era teria orgulho de quem você é? E essa é realmente uma questão que gostaria de encarar com esse texto queonde me permiti ser bem intimista.

Com certeza, o que me tornei não foi apenas fruto dos meus desejos, uma vez que houve uma imensa carga de desafios para os quais não estava preparado e sucumbi. Bem, não é com orgulho que alguém se recorda dos seus erros, no entanto, fico feliz por ter conseguido encarar as minhas derrotas. Cada guerreiro sabe o peso dos enfrentamentos que escolhe assumir, e é isso que me faz olhar o passado com bons olhos: eu me superei.

Claro que houve várias concessões: pedaços de mim que ficaram para trás, como tributo, no altar da vida plena, mas, das dores no corpo e na alma surgiu um ser humano coletivista.

Falta de modéstia? É! Com muito orgulho que vejo aonde cheguei, apesar da imensidão do que me afirmavam ser impossibilidades, por conta do contexto social e suas enormes dificuldades, por conta do modelo cultural, por conta da falta de referências no caminho que optei por trilhar.

De certa forma, a trilha que abri incentivou aqueles que vieram depois e, hoje, tenho a alegria de ver as novas gerações da família seguindo por um caminho consolidado. Isso reafirma que tudo valeu a pena.

Mas não pense que os créditos são todos meus, claro que não! Sem o precioso e amoroso suporte e incentivo que recebi, o caminho teria sido muito, mas muito mais difícil e, muito provavelmente, mais acidentado. Então, um componente fundamental da minha alegria é saber que na solidão de cada caminho há a possibilidade de se criar conexões e alianças que nos fortalecem, nos esclarecem, impedem a perda gradual da essência da vida que permite nossa plenitude como ser. Meus verdadeiros amigos - isto inclui, especialmente, os familiares - estiveram e estão ao meu lado.

Realização é uma palavra forte demais, ainda, para esse momento — há tanto percurso pela frente. Reconheço que estou mais cansado, porém muito mais esperançoso e esforçado: eu sei o quanto já enfrentei e o quanto já superei. De tudo o que desisti, apenas uma coisa me incomoda, até hoje. E isso é algo muito bom para se dizer, pois há ainda um vislumbre de um pequeno horizonte onde seja possível realizar: nossas utopias pessoais são o incentivo que nos fazem prosseguir tentando.

Não tenho arrependimentos, algumas tristezas, certamente. A vida, em vários momentos, rasgou um pedaço do meu coração e levou. Restou marcas e recordações que reintegro sempre que necessário, sempre que a saudade é forte demais. Não com dor. Agradecido pela partilha solidária do Caminho.

Das esperanças que me acalentam os sonhos, a de ver uma sociedade mais justa é a que me impele mais adiante. Dos prazeres, aqueles especiais e indizíveis momentos quando alguém perdeu a noção de si, comigo. Dos projetos, sempre estudar e possuir um lugarzinho pra chamar de meu, onde possa receber amigos e ver — olha a pretensão! — meus bisnetos correndo ao meu redor. Dos questionamentos, só o caminho onde se sinta pleno vale a pena percorrer. Das certezas, só o amor.

Wellington de Oliveira Teixeira, entre 20 e 21 de novembro de 2014.

* A vida continua

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