Divi
Assomam pensamentos, escorrem em emoções,
acham entrecortadas incontáveis projeções;
fantasmas esquecidos, trancados em porões
de alma e calabouço contido em corações.
Dido
Jatos expelidos, quais palavras de vulcão,
magmas efervescentes brotam na ebulição,
silêncios engolidos resvalam na pressão,
querem voz e força e menos solidão.
DiviDidos
Querem voz e força e menos solidão de alma e calabouço. Contido em corações, magmas efervescentes brotam na ebulição. Acham entrecortadas incontáveis projeções: jatos expelidos. Quais palavras de vulcão, assomam pensamentos, escorrem em emoções. Fantasmas esquecidos, silêncios engolidos, trancados em porões resvalam na pressão.
(Wellington de Oliveira Teixeira — Divi & Dido)
Ser alguém inteiro é lidar com incansáveis desejos e afetos, inextrincáveis interrogações e descobertas e, quase sempre, esbarrar em incontáveis desencontros, desencaixes e decomposições que frustram.
A constituição de si é algo instantâneo mas, por mais breve que seja, permite um vislumbre de continuidade, de permanência. Mas atente para esse fato: cada vislumbre precisa ser demarcado, afirmado e registrado como uma conquista.
A Ordem se expressa quase sempre como um emaranhado de forças antagônicas que atravessam e interferem neste processo. A vida se constitui por meio de campos de força, como os imãs potencializados, que promovem ininterrupta divisão nos seres e elementos, impondo novas recomposições.
Mesmo com força de vontade e usar de muito entendimento para efetuar um encontro, a doação de partes de si acontece sem qualquer controle sobre o que acontecerá. Esse vai e vem ou doação-troca, é como ficar sustentado apenas em um fio sobre o abismo.
Quando as circunstâncias impedem a boa combinação dos elementos, pode ocorrer quebras interiores, divisões que em seu extremo provoca a perda da noção do porquê, da motivação ulterior, do desejo do vir-a-ser e da plenitude. Racham a sensibilidade. Implodem o interior. Explodem a razão. Faz passear na linha que beira a vida, sem inserir-se nela: inconformado, sem encaixe no mundo, dissociado.
Relações mal estabelecidas produzem emoções em frangalhos – talvez a razão para tantas canções 'românticas' – e é o que faz ampliar a imensa categoria dos alienados: o 'tudo bem, tanto faz' que se constitui como mote de vida.
Em momentos assim, é preciso gerar os pontos de fuga da pressão, é fundamental dar espaço a essas questões, inquietudes, sofrimentos ou o que mais incomodar. Há incontáveis e inomináveis formas de se fazer um voo e de expressar o que está arraigado e intrínseco, aquilo que fica guardado mas que quer ter voz e expressão própria: escreva, desenhe, se exercite, assista, converse, costure, cozinhe, viaje. É só um jato que alivia a pressão do vulcão, um brilho momentâneo, sim; mas faz toda a diferença.
A constituição de si é algo instantâneo mas, por mais breve que seja, permite um vislumbre de continuidade, de permanência. Mas atente para esse fato: cada vislumbre precisa ser demarcado, afirmado e registrado como uma conquista.
A Ordem se expressa quase sempre como um emaranhado de forças antagônicas que atravessam e interferem neste processo. A vida se constitui por meio de campos de força, como os imãs potencializados, que promovem ininterrupta divisão nos seres e elementos, impondo novas recomposições.
Mesmo com força de vontade e usar de muito entendimento para efetuar um encontro, a doação de partes de si acontece sem qualquer controle sobre o que acontecerá. Esse vai e vem ou doação-troca, é como ficar sustentado apenas em um fio sobre o abismo.
Quando as circunstâncias impedem a boa combinação dos elementos, pode ocorrer quebras interiores, divisões que em seu extremo provoca a perda da noção do porquê, da motivação ulterior, do desejo do vir-a-ser e da plenitude. Racham a sensibilidade. Implodem o interior. Explodem a razão. Faz passear na linha que beira a vida, sem inserir-se nela: inconformado, sem encaixe no mundo, dissociado.
Relações mal estabelecidas produzem emoções em frangalhos – talvez a razão para tantas canções 'românticas' – e é o que faz ampliar a imensa categoria dos alienados: o 'tudo bem, tanto faz' que se constitui como mote de vida.
Em momentos assim, é preciso gerar os pontos de fuga da pressão, é fundamental dar espaço a essas questões, inquietudes, sofrimentos ou o que mais incomodar. Há incontáveis e inomináveis formas de se fazer um voo e de expressar o que está arraigado e intrínseco, aquilo que fica guardado mas que quer ter voz e expressão própria: escreva, desenhe, se exercite, assista, converse, costure, cozinhe, viaje. É só um jato que alivia a pressão do vulcão, um brilho momentâneo, sim; mas faz toda a diferença.
Wellington de Oliveira Teixeira, em 19 de agosto de 2017.
* O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) ou transtorno de múltiplas personalidades é um fenômeno que ocorre quando um único indivíduo apresenta características de personalidades ou identidades diferentes, que se alternam no controle em momentos distintos, alterando sua forma de perceber e interagir com o meio.
Difere da esquizofrenia ('mente dividida') por ser mais uma fratura no funcionamento normal do cérebro do que da personalidade. Intriga profissionais da Saúde, é controverso, e novas pesquisas buscam mais evidências empíricas.
Pense um pouco e veja se você consegue correlacionar a personagem com o diagnóstico:
- David Banner (Incrível Hulk);
- Stanley Ipkiss (O Máscara);
- Saint Seiya gêmeos (Cavaleiros do Zodíaco);
- Dr Jekyll and Mr Hyde;
- Sméagol (O Senhor dos Anéis);
- Kevin Wendell Crumb (Fragmentado, 2017).
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