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14 de jul. de 2011

Vazio, suspiros e saudades

Vazio suspiros e saudades criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 05/07/2011Vazio, suspiros e saudades, criado em 05/07/2011

Se um dia você for embora
Não pense em mim, que eu não te quero meu
Eu te quero seu

Se um dia você for embora
Vá lentamente como a noite que amanhece
sem que a gente saiba exatamente como aconteceu

Se um dia você for embora
Ria se teu coração pedir, Chore se teu coração manda,
Mas não esconda nada que nada se esconde.

Se por acaso um dia você for embora
Leve o menino que você é

(Meu Menino - Nana Caymmi*)

E, num instante, você partiu.

Não sei dizer o quanto isso me partiu, naquela época.

Eu era um daqueles que apostam nos sonhos, dos que acreditam que o amor completa todas as coisas, assim como nos completa.

Me vi diante dos pedaços de mim, sem ter como alterar os fatos.

Era tudo parte do inexorável poder do necessário da ordem dos acontecimentos.

Mas quem disse que adolescentes acreditam em consequências? Perigo? Jamais!

Tudo estava dentro daqueles desejos, por mais absurdos que fossem, por mais desesperantes nos momentos em que apareciam, por mais febril que nos deixassem durante as noites insones entrecortadas de vazio, suspiros e saudades.

Fazer loucura era normal. Expor-se além do necessário, trivial. Tudo valeria a pena para aproximar-se. Encontrar era muito.

Gato e rato. A fuga era um brinquedo perverso e a adrenalina subia tanto que não havia como fugir de tentar novamente.

Hoje, após tantos anos, um que de saudosismo bate à porta. E, apesar do que poderia imaginar, não quero abri-la: todas as feridas saram, os ossos calcificam, o coração volta a bater com outra cadência, por outro alento e por novas questões.

Ainda assim, não creio que devo abandonar as memórias, impedir os sentimentos de me inundarem por alguns momentos e transbordarem por meus olhos ausentes da vida cotidiana. Isso faz parte dessa coisa chamada amor.

E todo amor é pra sempre.

Até poderia ter dito "isto é, o amor verdadeiro", mas não acredito em nenhum outro tipo.

E daqueles que se foram para sempre - não importa para qual distância ou a quanto tempo - me permito que a alma me inunde. Revivo a força do encontro e dos muitos momentos partilhados.

É que um pouquinho de paz é necessário para vivermos uma vida plena e todos os que nos tornaram um pouquinho melhores merecem ser recordados com aquela tranquilidade linda que só os que respeitam a vida podem se permitir. E também ofertar.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 14 de julho de 2011.

* Obrigado a você, Dê, por ter me ensinado a apreciar a Nana e a preferir o amor que cuida.

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