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29 de jul. de 2011

Eu te amo


Eu te amo, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 28/07/2011.Eu te amo, criado em 28/07/2011.


As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento, na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte, e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)



Pensar amor é algo de uma complexidade incrível. Pensar amor gera elucubrações, emoções, conflitos relativos às suas formulações e manifestações.

Houve alguém que me fez criar um modo de expressar esse sentimento de uma forma inusitada para mim.

Antes de prosseguir, é preciso esclarecer que foi em um período complexo, fortemente tradicionalista e conservador, onde as formas de expressão eram restringidas e palavras podiam gerar mundos dolorosos. Mais ainda, olhares canhestros se faziam presentes e quem quisesse ultrapassá-los deveria pagar um preço altíssimo.

Então, surge um grupo de loucos que passa a pregar Paz e Amor como solução para a frieza da guerra entre potências e como um modo de vida a ser adotado por todos que quisessem ir além das grades da prisão das ideologias dominantes.

Não propunham estruturação, mas liberdade de expressão. Criticavam as estruturas sociais que impunham a internalização dos sentimentos e das emoções em prol de um modo social de externalização padronizada.

Claro, foram rotulados imediatamente de subversivos. Furiosos discursos e práticas passaram a invadir o cotidiano de pessoas simples incitando gestos contra o novo movimento, produzidos pela poderosa voz da mídia televisiva e radiofônica. A voz dos poderosos.

Levou um bom tempo, mas o movimento frutificou e modificou a forma das pessoas expressarem seus sentimentos, as suas emoções. E conseguiu se enraizar na vida do povo, que agora já conseguia ver com bons olhos algumas das formas de expressão da nova geração.

Com relação a mim, só após muitos anos eu pude deixar de expressar meus sentimentos por siglas, mas nunca mais esquecerei de como eu dizia 'eu te amo'. ETA!

Wellington de Oliveira Teixeira, em 29 de julho de 2011.

* Um bom exemplo desse período de transformações pode ser visto em Sociedade dos poetas mortos, de 1989, dirigido por Peter Weir e ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original, além de indicação nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator (Robin Williams).

2 comentários:

Tiago A. disse...

me lembrou como em Ghost o rapaz dizia: idem

não dizia, eu te amo pra namorada, só respondia assim quando ela dizia.

Wellington O Teixeira disse...

É verdade, Tiago. Algumas das vezes, um bom código tem tanto poder de expressão quanto a fala mais direta.