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8 de jun. de 2011

Se eu fosse bom o suficiente

Bom o suficiente, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 08/06/2011.
Bom o suficiente, criado em 08/06/2011.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza,
para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta,
para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar,
se perde de si mesma.
(Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti)

É verdade que a rotina diária inclui desafios que, em graus diferentes, vão criando pequenas sementes de irritação, de cansaço ou dor.

Dia após dia, ouço de amigos ou de estranhos muitas expressões do cotidiano que denotam o sentimento de gente cansada da jornada estressante que percorrem em determinada etapa de sua vida.

Expressões, essas, sempre seguidas de uma certa resignação e de uma membrana de tristeza em seus olhos, que gruda como se fosse uma lente de contato.

Tempo atrás, tive contato com um texto que me encantou. Sua autora (Marina Colasanti) fazia uma reflexão sobre a capacidade do ser humano de se adaptar e provocava o pensar com relação ao seu uso para desistir de tentar mudanças ou para aceitar fatos tão inconcebíveis como a injustiça, a intolerância, o desamor.

Intitula seu texto com Eu sei, mas não devia*.

As reflexões que fez e que me atingiram em cheio, já naquela época, retornam para mim nesta noite em que a crise de rinite alérgica não me permite dormir.

Por que? Porque não aceito a paralisia diante das adversidades. Prefiro encarar as coisas e acontecimentos como pequenos ou grandes desafios que preciso enfrentar.

O texto original tinha uma base (A gente se acostuma a) que se repetia e que podia ser completada de diversas maneiras. Crio aqui algo semelhante: Eu sei que [abro e fecho as chaves para que você possa executar um pequeno exercício e fazer as suas próprias inclusões]. Coloquei rapidamente um ponto para não dar margem ao MAS. Não quero incorrer neste erro, pelo menos não neste momento.

Você sabe, tanto quanto eu, que há um certo costume de acreditar mais no negativo e que, diariamente, apostamos mais na derrota do que na conquista, de lembrar mais os tropeços do que das pequenas conquistas que certamente são vitórias parciais - uma das batalhas que foram vencidas e que nos levarão a vencer também a guerra.

Deve concordar também que ouvimos demais as vozes que nos desqualificam, não acreditamos em nosso potencial, na força da fé.

E por mais incrível que seja, o que é pior ainda, em vários momentos de nosso dia nos imobilizamos antes mesmo de fazer qualquer tentativa de superação, nos permitimos pensar 'se eu fosse bom o suficiente…'

Meu corpo está muito cansado, a respiração é bastante ofegante e difícil, os olhos embaçam e aquela dorzinha na cabeça, a todo momento, se apresenta como impecilho.

Penso então, fui bom o suficiente para encarar as adversidades, e com uma materia prima que eu diria ser dolorosa, literalmente, consegui criar um texto, produzir uma imagem para ilustrá-lo. É por isso eu estou feliz: sei que se eu aplicar esse conceito nos meus atos e atitudes diários posso ser mais do que bom o suficiente, posso ser um vencedor.

Wellington de Oliveira Teixeira, madrugada de 08 de junho de 2011.

* O texto, do ano de 1972, foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

Um comentário:

Kel Lestat disse...

Todos podem ser vencedores, acontece que muitos não acreditam nisso e acabam por desperdiçar seus talentos. bjos well
suadades sua!