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29 de out. de 2017

Sustentável, renovável e includente

Sustentável, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 28-10-2017.
Sustentável *, criado em 28-10-2017.

A esquizoanálise tem um único objetivo, que
a máquina revolucionária, a máquina artística, a máquina analítica
se tornem peças e engrenagens umas das outras.

(Deleuze — Conversações)


O corpo, a alma e o universo se estruturam em uma intricada trama, como a teia de uma aranha. Bastam pequenas falhas para promover a perda do equilíbrio e paralisia parcial ou global, em qualquer dos sistemas, levando ao colapso da estrutura maior. Ou exatamente o oposto: a geração de um novo equilíbrio.

Nem percebemos, mas é necessária uma imensa rede para permitir qualquer tipo de movimento a um corpo – sentar-se, ficar ereto e de pé ou deitar-se. Um eixo central necessita efetuar troca fidedigna de informações, numa comunicação em frações de segundos, com todo os outros elementos participantes.

Um sistema precisa atuar autonomamente e, simultaneamente, integrado completamente aos outros: sistemas que cuidam da energia e de sua distribuição, das informações externas e internas e das decisões decorrentes delas, visando sobrevivência, reprodução e satisfação de um corpo.

Há uma infinidade de sistemas galáticos que se sustentam pelo equilíbrio entre as forças integradoras de suas estrelas; as órbitas são efetivadas com precisão e, no processo, a manutenção, absorção e o surgimento de novos astros estruturam o Ser Universal.

O mundo psíquico é habitado por uma espécie de usina que produz desejo e exige a sua satisfação: sentidos captam e geram um mapeamento do mundo e este se torna a nossa percepção, o nosso referencial de existência – definem o que é necessário e, mais do que estimulam, determinam a sua obtenção. Fluxos de desejos, integrados em um nível superior no corpo humano, o impulsionam a estar vivo.

Somos seres movidos por desejos e, sem eles, não há sustentação da vida, não há constituição de sociedade, não há preservação como espécie, nem a produção do novo. Seres humanos aprenderam a conter sua bestialidade em prol da vida comunitária, só que, mesmo habitando o calabouço da alma, ela está lá, aguardando a brecha para se expressar. Há fluxo de desejo que, quando reconhecido, precisa ser contingenciado a determinados contextos; outros, contidos; mas é preciso dar espaço para os impulsos criativos e reordenadores.

Eu fundo a minha defesa da inclusão social aqui: cada elemento, mesmo os considerados de funções inferiores, são essenciais para a precisão dos sistemas. A sustentabilidade é o equilíbrio não apenas associado ao corpo individual e suas necessidades particulares, mas expande-se às de um conjunto de seres — a rede social, ou planetária, como no universo. Exclusões promovem desequilíbrios que, uma hora ou outra, irão decompor e desestruturar a rede de sustentação e preservação.

A renovação é outro ponto a ser esclarecido: é improdutivo apoiar-se em fundamentalismos. A defesa da reprodução do que já existe geralmente é embasada no seu valor passado. Não leva em consideração a caducidade e decrepitude contínua de um sistema. Os equilíbrios são dinâmicos, baseados na substituição dos elementos antigos e gastos por novos. O enrijecimento gera problemas em nível sistêmico. A história comprova a fatalidade de impedir o novo, com inúmeros fatos de momentos e locais diferentes. Como diz um ditado: errar é humano, a repetição do erro (pode ser por desinformação, mas quando não o é, não tenho medo de afirmar) é burrice.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 28 de outubro de 2017.

* Insistir em vias que se tornaram inócuas não produz efetividade. Sua substituição, criteriosa, é fundamental. Todo e qualquer sistema só se mantém a partir de sua renovação constante. No processo, se perde algo, mas o que ocupa o seu lugar tem potência para fazer valer a sua presença. O medo da mudança e da transformação é o que gera os piores inimigos da vida, de acordo com a história humana.

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