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19 de mar. de 2016

Uma democracia iniciante irá cometer erros

Polarizando, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 19-03-2016.
Polarizando, criado em 19-03-2016.

polarização
1. ação de polarizar ou estado daí resultante.
2. concentração em extremos opostos do que antes estava alinhado, inclusive a divisão entre as opiniões.


A polarização é algo incrível: algo confirmado por torcidas de futebol. Na época em que os jornalistas opinavam em tabloides sobre a rodada semanal, havia o conceito de 'amor à camisa é fundamental' e o torcedor atento se apropriava de tudo a respeito do seu time (e de adversários), usando-o para fazer comentários, argumentar e realizar apostas.

De repente, empresas passaram a deter o controle sobre os jogadores, ao oferecer salários mirabolantes. Estes deixaram de jogar pelo time e o cenário esportivo mudou. A mídia hegemônica passou a deter o controle das grandes competições por meio de seus representantes nas confederações. Houve críticas, é claro. Mas elas se encarregaram de abafá-las. A corrupção se alastrou, todos sabiam, mas o que fazer?

Bem, espero ter captado a sua atenção com essa analogia ou ilustração. Vale mais a dança das polarizações que a apatia, seja no futebol ou na política. Quem viveu os tempos do silêncio (a Ditadura Civil e Militar no Brasil) conheceu a necessidade das palavras cuidadosamente ditas para o monstro não vir pegar, torturar e matar.

Mas, aos poucos, iniciou uma mudança de rumo no país. A liberdade de falar evoluiu, o mesmo não aconteceu — ainda — em relação ao domínio das artimanhas político-midiáticas. Comum, na época dos governos do PSDB e PFL (atual DEM), toda corrupção era ocultada, engavetada até a prescrição ou arquivada. Não havia procuradores desenvolvendo processos bem sucedidos de levar políticos ou empresários julgados à cadeia. Daí um desconhecimento geral sobre as manipulações do jogo político.

Acontecimentos atuais promoveram uma discussão ímpar no país: de donas de casa aos doutores e especialistas, todos podem ser protagonistas nas opiniões — inclusive quem foi pego de surpresa, tem a chance de se posicionar a favor ou contra vendo as argumentações expostas.

De mais importante, a ampliação das informações abala o poderoso discurso produzido pela mídia hegemônica, usando como meio a internet e as novas tecnologias: notícias falaciosas são desmentidas por fotografia ou filmagens, instantaneamente enviadas do local; questionadas por qualquer um. Mesmo assim, a preponderância ainda é das análises emitidas pelos jornais de canais abertos de emissoras de TV.

Nem tudo são flores, é verdade. Deslizando no vai e vem do 'contra' ou 'à favor', o uso político dos boatos e o discurso do 'supostamente' se infiltra, domina e acirra os ânimos. Quem pode financia postagens em redes sociais para induzir determinado ponto de vista. O bom é que elas quase sempre encaram o contraditório, o questionamento, a crítica. Enquanto puder ser assim o esclarecimento pode ocorrer.

Mantenho um ponto de vista — até quando eu puder — uma democracia iniciante irá cometer erros, mas há um novo elemento no cenário que pode fazer a diferença: a indiferença está sendo colocada de lado e a corrente ('pra frente' ou 'pra trás', eu não sei!) percorre a população.

No mínimo, o retorno dos estudantes às ruas, exigindo seus direitos constitucionais na luta por Educação de qualidade — enfrentando corajosamente políticos poderosos e suas artimanhas deletérias — e se tornam, para mim, a Voz de um povo que começa a ser escolarizado. Uma voz difícil de ser calada, mesmo com interesses financeiros escusos tentando.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 19 de março de 2016.

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